Capítulo 4

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HÁ SEIS ANOS

Stiles vaga boquiaberto pela sala extensa e elegante que o cerca. Os móveis são de alta qualidade, escuros e imponentes, um tanto rústicos talvez, o piso é amadeirado, alguns tons escuros demais, e há uma lareira no canto, convidativa para os tempos frios que se aproximam.

— O que achou?

Questiona Derek com um ar superior, quase orgulhoso demais em seu tom. Stiles acredita que apresentar sua fortuna e bens para o mais novo visitante seja o suficiente para agarrá-lo, por sorte Stiles não está tão quebrado quanto Derek gostaria.

— Bem... você é rico, mas acho que já sabia, aliás você tem um belo carro, Rolls Royce, certo? — O jovem dá de ombros e isso provoca uma sobrancelha erguida de Derek — Eu tinha um jipe, era da minha mãe, ela amava a velharia tanto quanto eu, mas você não tem permissão para chamá-la assim.

Ele avisa rapidamente, seu jipe podia ser um monte de lata velha mas era seu monte de lata velha, e ninguém tem o direito de menosprezar além dele.

— E onde está o tão famoso jipe agora?

Questiona Derek curioso e a sensação de pesar volta a dominar o peito de Stiles.

— Eu... eu tive que vender... para quitar algumas dívidas antigas, não valia muito mas me ajudou eventualmente — Ele responde, a melancolia evidente em sua voz antes que ele volte a disfarçar tudo com sarcasmo — Então, o que vai ser? Você tem um ar de Christian Grey, sabe, todo rico e gostoso, aliás você tem um quarto vermelho? Não sei se seria uma boa Anastasia Steele.

Derek parece estranhamente divertido com as divagações estúpidas de Stiles, mas não é exatamente sua culpa. Seu Adderall acabou há algum tempo e seu TDAH está começando a ficar incontrolável novamente, tornando-o hiperativo e falante além do normal.

Ele sabe que terá que resolver isso logo antes que as coisas fujam de seu controle. E ele odeia não ter controle de si mesmo.

— Não sei do que está falando mas admito que adoro o som da sua voz, e algo me diz que vou ouvi-la bastante — Derek não parece descontente ou frustrado com esta afirmação, se possível ele parece excitado com a ideia. Stiles se pergunta o que há de errado com um cara que aceita deliberadamente enfiar um Stiles hiperativo na sua vida.

— Sorte sua, eu acho... ou não.

Stiles enruga o rosto, suas costelas machucadas antes esquecidas agora voltando a machuca- lo.

— O que exatamente você quer de mim? Não acho que costume pegar pessoas aleatórias na rua e trás para a sua casa com a bondade de seu coração — Questiona Stiles finalmente chegando ao ponto crucial que esperava.

— Está certo, não sou o bom samaritano que fiz parecer, mas há algo em você que me impulsionou a agir — Derek parece pensativo enquanto se aproxima, mantendo uma distância respeitosa entre eles — Você definitivamente não é uma prostituta, estava vagando nas ruas, cansado e ferido, sozinho, mas você relutou em aceitar minha ajuda. Em aceitar meu dinheiro.

— Acho que sou orgulhoso demais para me entregar facilmente a minha própria estupidez. Derek franze a testa.

— O que isso deveria significar?

— É minha culpa que eu esteja nas ruas, fiquei desesperado quando perdi meu pai e fiz escolhas erradas para concertar tudo. No fim eu apenas perdi o que restava e isso me levou onde estou hoje, na sarjeta, literalmente — Stiles envolve os braços em seu estômago e respira calmamente para não machucar suas costelas — Eu não deveria estar dizendo isso mas, eu estou parado na sua sala de estar.

𝐌𝐄𝐔 𝐃𝐎𝐂𝐄 𝐀𝐋𝐈𝐁𝐈 - 𝐒𝐓𝐄𝐑𝐄𝐊Onde histórias criam vida. Descubra agora