District 9: The Escape

Experimento 006: Lee Felix

Há dez anos, no dia treze de abril de 4090, os cientistas do laboratório J.Y.P.E Corporation fizeram uma pesquisa e desenvolveram uma nova fórmula capaz de mudar a genética humana. Crianças de diferentes orfanatos foram selecionadas para serem cobaias dos testes. A primeira experiência deu certo e foi seguida por várias outras.

As crianças, antes normais, passaram a ter habilidades especiais. Poderes, dizia a mulher responsável pela nova combinação genética. Não poderiam se livrar deles, não eram temporários. Seriam treinados para aperfeiçoar cada individualidade e saber como se controlar para evitar problemas no futuro, pois o mundo exterior teria que ser preparado para saber da existência dos novos indivíduos. Ninguém, de fato, estava pronto para receber a notícia de que super-humanos, parecidos com os dos filmes e gibis, tornaram-se reais graças à obsessão por evolução de um cientista renomado.

A sociedade ainda tinha uma pequena organização, apesar da nítida corrupção e negligência com a população. Anunciar a existência dessas crianças poderia levar os experimentos a serem eliminados e o laboratório seria fechado com risco de todos os colaboradores dos testes terminarem na prisão.

Entretanto, JYP sabia que ocultar a verdade por muito tempo não garantiria a segurança de ninguém. Uma hora ou outra o governo desconfiaria e o laboratório receberia uma visita surpresa de alguns militares. Por esse motivo ele planejou levar as crianças ao District 9, uma instalação subterrânea secreta em outro laboratório, afastado da cidade de Miroh.

Jinyoung não poderia estar mais feliz; um de seus maiores sonhos foi realizado. Contudo, seu plano de manter segredo quase falhou por culpa de uma explosão causada por um garotinho. Foi um descuido dos funcionários, esqueceram de averiguar todos os quartos e uma criança conseguiu se esconder em uma sala privada, enganando os adultos.

A criança fazia parte do grupo um, conhecida como Lee Yongbok. O experimento 006 explodiu as portas e conseguiu fugir. Grande parte dos anos de pesquisa foram destruídos. Não houve mortes, mas todas que tentaram impedir a fuga do garotinho ficaram gravemente feridas.

Yongbok tinha apenas dez anos quando enfrentou vários adultos e usou sua habilidade para derrubá-los. Não aguentava mais ser submetido a testes desumanos, nem sequer tinha liberdade para falar ou se expressar, precisava agir como um robô. Lee queria conhecer o mundo fora das grades de aço e também libertar seu hyung, que lhe deu suporte para fugir. Se ele pudesse, teria tirado todas as crianças daquele lugar imundo.

Na noite de sua fuga, vinte de outubro, Yongbok correu por sua vida. Sua estrutura física sobre-humana lhe permitiu correr sem medo de ser alcançado. Ele passou três semanas escondido, pensando em algo que pudesse fazer para que os homens de JYP parassem de procurá-lo, e foi então que teve a ideia de forjar a própria morte.

Bastou atrair seus perseguidores para uma ponte velha e, com sua boa atuação junto de uma explosão estrondosa, eles decretaram que o experimento 006 estava exterminado.

Lee Yongbok precisou morrer para Felix viver.

Livre do cientista maluco e de seus capangas, o garotinho enfrentou outra cruel realidade: sobreviver nas ruas. Mas, inesperadamente, uma senhora solitária e bondosa ofereceu um lar a Felix em troca de companhia. Nayeon morava em um sítio longe da urbanização, uma vez ao mês ela ia à cidade fazer compras e resolver alguns compromissos. Não tinha filhos nem parentes vivos, era uma mulher misteriosa que cativou Lee.

Nos últimos dez anos, ele esteve com ela. Iam para todos os lugares juntos, viajaram para inúmeros países e aproveitaram cada pequeno momento juntos. Felix via Nayeon como uma figura materna; uma mãe que lhe forneceu todo o amor, carinho e atenção possíveis. Mesmo com a descoberta que deixou Lee chocado, ele não parou de acreditar na mulher.