02. Confraternizando com o inimigo

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Gostaria muito de poder gritar de frustração, mas não queria passar o seu primeiro dia em casa na cadeia por perturbação do sossego. Seu irmão tinha se mudado há mais de um ano, não estava interessado em seu novo endereço, nunca tiveram uma relação que superasse o laço fraterno obrigatório que tinham por serem irmãos. Porém, se arrependia de não ter perguntado quando teve a oportunidade, sua cunhada, Francesca, era uma entusiasta de sua presença. Às vezes pensava que ela apenas queria ter um amigo gay e dispensava esse título.

Tenta ligar novamente para a sua mãe, mas cai na caixa de mensagem, continua tentando com todos os outros membros de sua família, mas ninguém atende. Manda algumas mensagens dizendo que ficou trancado do lado de fora, sua bateria não iria durar muito, então bloqueia o celular e o guarda em seu bolso.

Pensa durante alguns segundos antes de arrastar as suas malas pela grama bem aparada de seu quintal, seu pai o xingaria muito quando visse, mas a culpa era totalmente dele. Resmunga quando a rodinha da mala fica presa em um pedaço de terra, puxa com força fazendo e alguns pedaços da grama se enroscam na roda.

O quintal permanecia exatamente como se lembrava, com uma mesa de madeira escura e quatro cadeiras, alguns vasos de plantas que sua mãe dizia cuidar, mas deixava morrer e depois os substituía por novos. Deixou as malas perto da mesa e sentiu seu estômago roncar, alimentou suas esperanças durante todo o voo de que chegaria em casa na hora do jantar e sua mãe teria feito seus pratos favoritos. Deveria saber que nunca foi o preferido. Perguntaria aos seus pais mais tarde quando os encontrasse se alguma vez esqueceram que Jasper estava vindo para casa.

Coloca a sua mala de mão em cima da mesa e pega a sua carteira, iria encontrar algum lugar onde pudesse comer enquanto esperava a boa vontade de seus pais. Caminha pela rua pensando que sente saudades de casa, de quando ainda estava na escola e passava os dias jogando conversa fora com seus amigos e assistindo há programas de qualidade duvidosa.

Seus amigos em NY devem estar festejando na casa de alguém ou em alguma fraternidade enquanto está com fome e sem teto. O mercado ainda está aberto, talvez consiga comprar algum sanduíche ou batatas chips, o lanche dos vencedores. Percebe que ao lado do mercado, onde antes era uma loja de roupas de grife, agora é um bar chamado Cowboy, passa pela entrada do mercado e observa a fachada. Não parecia nada com um bar country, aperta um poucos os olhos tentando enxergar dentro do estabelecimento.

Um tapa em suas costas o assusta e lhe faz se virar com os olhos arregalados, seu coração bate forte em seu peito. Um assalto era tudo o que precisava para o seu dia ficar completo. Seus dedos já estavam em sua carteira quando reconheceu o ladrão, sabia que não deveria julgar as situações antecipadamente antes de ter todos os fatos, mas aquele tapa do nada o assustou. Reconheceu o rosto sardento de Brian Smith, logo foi tomado por um grande abraço de urso.

- É tão bom te ver, Jessy! - Disse Brian, apertando o corpo do outro em seus braços - Você desapareceu.

- Também é bom te ver - Tentou dizer com seu rosto colado no peitoral do outro, parecia estar falando de boca cheia - Você está me sufocando um pouco.

- Ah - Falou se afastando - Me desculpe!

- Sem problemas - Informou Jesse ajeitando as suas roupas - Como você está?

- Estou bem, estava indo tomar um drinque no Cowboy - Contou Brian alegremente - Me acompanha?

- Eles servem alguma coisa para comer? Não quero costelas.

- Venha - Disse passando seu braço pelo ombro do outro e o forçando a andar até a entrada do bar.

Brian estava sempre com eles quando estavam na escola, ele também tinha crescido bastante, mas sempre fora alto e magro. Agora estava forte, Jesse observou que os braços dele eram do tamanho do seu pescoço. Se fosse realmente um ladrão teria mijado na roupa. Ele era seu conselheiro sobre seus problemas com Allen, antes de começarem a namorar, mas sempre dava péssimos conselhos e fazia Jesse passar vergonha na frente de seu amado.

Somebody That I Used To Know - Romance GayOnde histórias criam vida. Descubra agora