9:15AM - Seattle
Eu comia calmamente meu café da manhã enquanto lia alguns papéis de negócios. Comandar um empresa de grande porte como a minha não era uma tarefa fácil, mas também não a considerava difícil. O trabalho era minha forma de fugir das sombras do meu passado. Em breve, a GoldemanAgency abriria uma nova filial e eu queria ter certeza de que havíamos feito as parcerias certas para esse negócio.
- Senhora, é novamente aquele número de sua antiga casa.-- Uma das empregadas chega com o telefone da casa em suas mãos. Quantas mais vezes esse hipócritas vão me ligar? Talvez eles queiram um pouco do meu dinheiro, não foi o suficiente destruirem minha alma.
- Eu já disse que não é pra entender nem repassar, eu não quero nenhum tipo de contato com aquela gente. Entendido?.-- Repito um pouco rude por ter novamente que me estressar com isso. Eu não era assim, a vida me tornou assim. Uma mulher decidida e firme, principalmente no meio dos negócios. Não é fácil ser levada a sério quando se é uma mulher que construiu todo um império milionário sozinha.
Desde que consegui subir na vida sozinha, tenho recebido ligações da minha antiga casa. Provavelmente meu pai arrependido em troca de migalhas do meu dinheiro.
- Sim, senhora...-- A mesma se retira. Largando o talher e limpando a boca com o guardanapo, eu guardo meus papéis em minha bolsa e saio em disparada ao carro. O dia estava escuro como se um temporal estivesse preste a cair, sempre adorei a chuva, o som dos raios se partindo no céu acalmavam meu interior.
- Direto para a empresa, senhora?.-- Meu motorista e braço esquerdo, Smith, me pergunta como o habitual. Ele é um bom homem, leal e profissional.
- Sim Smith, por favor.-- Eu entro nos bancos de trás e Smith dá a volta no carro logo dando partida.
A cidade estava chuvosa, parecia que o céu cairia em nossas cabeças á qualquer instante e o mundo desabaria. Quanto mais andávamos mais o carro parecia ir devagar pela rua pavimentada de Seattle, parecia que já estavamos á horas na rua e nada de chegarmos ao destino.
- Desculpe o atraso Senhora, a chuva está realmente forte.-- Smith comentava enquanto eu mechia em meu celular.
- Tudo bem, apenas se concentre na estrada.
Largando um pouco o celular eu olho á janela á fora. A chuva caía fortemente e apenas alguns carros passavam e pessoas correndo com seus guarda-chuvas. Porque essa sensação de algo inevitável? Essa sensação de algo que não estou prevendo?
Olhando mais um pouco e passando em frente á um beco, eu avisto uma menina. A mesma estava toda molhada e quase caida, fechava seus olhos fortemente e parecia realmente estar á passar mal.
- Smith, pare o carro!.-- Falo pro mesmo que com um "Sim, Senhora" para o carro um pouco depois do beco. Pego um guarda-chuva preto reserva que mantinha no carro e saio em disparada ao lugar que vi ela, não era tão difícil reconhece-la no meio de tantos rosto. Afinal, o cabelo avermelhado era um bom sinalizador.
Chegando no mesmo vejo a menina derrubar sua mochila no chão. Rapidamente coloco meu guarda-chuva sobre a mesma e a seguro.
- Está tudo bem, garota?.-- Pergunto um pouco firme. Então a mesma me olha com seus olhos castanhos amêndoas profundos, sua pele branquinha era mais colorida pelas pequenas sardas de seu rosto e seu cabelo ruivo estava completamente molhado.
E naquele momento eu podia jurar que aquela garota via minha alma, com seus olhos brilhosos e intensos que mais pareciam guarda uma galáxia dentro deles.
- E-eu...-- Sem tempo de completar a frase a mesma apaga em meus braços. Logo em seguida Smith aparece e eu lhe dou as instruções de levá-la até meu carro e voltarmos para casa.
O caminho foi o mais rápido possível, ela se manteu tremendo e com a respiração fraca, mesmo coberta com meu blaser ela ainda parecia tão gelada e tão sozinha.
Ao chegarmos a mesma é colocada em minha cama com minhas ordens e mesmo toda molhada. O meu médico particular é chamado para examinar á garota, enquanto isso eu teria que tirar sua roupa.
Levantando um pouco sua cabeça e a escorando em um travesseiro, eu desabotoou sua camisa e presto bastante atenção em pequenas manchas roxas meio azuladas em sua barriga. Não pareciam recentes e nem um acidente qualquer, estava mais pra um espancamento e que estava se curando aos poucos. Afinal, de onde veio essa garota?
Retirando o resto de sua roupa á deixando apenas com a íntima eu a visto com uma camisola cinza minha, que era longa o suficiente e as amarras atravessavam suas costas e prendiam em sua barriga. Ela parecia encantadora mais de perto, sua pele extremamente branca e frágil e seus cabelos esparramados no meu travesseiro.
O médico não demorou muito pra chegar, e eu deixei os dois á sos para que ele pudesse fazer seu trabalho.
- Parece que foi uma crise de asma, e o desmaio foi causado por um possível nível de estresse. Saberemos mais quando ela acordar, mas como eu tenho que ir eu vou deixar uma receita de um novo pasmo de ar pra bombinha.-- O mesmo depois de examina-la me deu todo o diagnóstico e eu mandei Smith ir comprar oque havia nessa receita e tratei de deixar claro o quanto esse assunto seria privado aos demais empregados.
Eu não precisava de mais xeretas na minha vida, apesar da casa grande eu fazia questão de mante-la com um número mínimos de empregados. A Solidão é viciante em certo ponto.
Entrando no quarto novamente eu retiro meus saltos que usava juntamente com minha camisa preta de gola alta e retiro o relógio que me incomodava um pouco no pulso o deixando no criado-mudo e os saltos jogados ao canto.
Eu olhava atentamente a chuva cair pela janela de vidro que ia do teto ao chão, passando a mão vagorosamente pelo meu cabelo. Nunca trouxe ninguém a minha casa, nem um amigo nem familiar ou amante. Era apenas eu. Chegava a ser estranho ver a imagem de outra pessoa deitada em minha cama. A chuva não parecia que ia dar uma trégua, estava em êxtase vendo as gotas baterem forte contra o vidro até ouvir um pequeno gemido de resmungo seguido de uma voz doce e assustada.
- O-onde eu estou?
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O Paraíso em seu Olhar
RomanceMelissa, uma menina doce que vê o mundo com a sua pureza no olhar. A mesma tem 17 anos e mora juntamente com seu irmão, no qual ela sofre abusos psicológicos e é agredida várias vezes. Julie, mesmo sofrendo ainda acredita no amor que transforma as p...