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12 de fevereiro, 6:02 p.m

Meu pé batia freneticamente no chão, enquanto meus olhos corriam ao meu redor. Eu não estava preparada para perder Vinnie, não agora, só queria que aquilo acabasse.

5 de fevereiro, 3:31 p.m
(uma semana antes)

Ouvi a porta abrir e Vinnie entrar. Corri para abraçá-lo e senti suas mãos trêmulas em minha cintura, então o encarei tentando decifrar sua expressão.

― Como foram os exames? ― Perguntei tão baixo que pensei que ele poderia não ter escutado.

― Está tudo bem amor, só preciso tomar alguns remédios e ficarei bem. ― Ele forçou um sorriso e me abraçou novamente.

Conheci Vinnie na escola, na terceira série, ele era calouro e estava sentado em um banco de cabeça baixa. Ele estava nervoso com o primeiro dia, e eu fui a primeira pessoa a falar com ele. A partir desse dia, nada mais nos separou, começamos a namorar no ensino médio. Ele sempre foi doce e alegre, o namorado perfeito.

Viemos a mesma faculdade e alugamos um apartamento para morarmos juntos, até Vinnie descobrir a leucemia. As coisas mudaram rapidamente, ele ficou mais fechado e quieto, passava noites chorando e não tinha disposição. As pilhas de exames deixavam-o nervoso.

― Não vou te prender a isso, Luna, você não pode passar a vida se iludindo na minha cura e aguentando essa merda. Não posso ser egoísta ao ponto de continuar deixando você nessa situação. ― Ele disse. Tivemos essa conversa algumas semanas depois da descoberta da leucemia.

― Você não está me obrigando ou me prendendo a nada, estou aqui por vontade própria. Não vou abandonar você, Vinnie. ― Ele fitava o chão enquanto eu falava, outra coisa que perdi depois da descoberta da leucemia, foi o seu olhar. Vinnie não conseguia olhar para mim e seus olhos estavam sempre escuros e tristes. Ele fechou a cara e caminhou para o quarto.

Ele nunca mais tentou me afastar depois dessa conversa.

― Está com fome? ― Perguntei e ele negou com a cabeça. Não demorou muito para irmos dormir.

O relógio marcava 2 horas da manhã, quando senti falta de Vinnie na cama. Sentei na cama, olhando o quarto para encontrá-lo, mas nada. Levantei devagar até ouvir fungados. Cheguei mais perto e vinha do banheiro, consegui escutar o choro baixo do meu namorado. Abri a porta devagar e encontrei a pior imagem que já vi.

Vinnie estava em pé com as mãos sobre o mármore da pia, encarando fios de cabelo que estavam na pia. Ele virou pra mim e encontrei seu rosto inchado por causa do choro, abracei-o forte e ele pousou a cabeça em meu ombro, suas lágrimas molhavam minha blusa, mas aquilo nem importava. Após essa noite, seu cabelo começou a cair.

Os dias passaram, e Vinnie começou a ficar mais apegado a mim. Ele não se importaria de ficar o dia deitado em meus braços no sofá ou ficar beijando meu rosto de 15 em 15 segundos. Quando tinha alguma prova importante e eu precisava estudar, eu sentava em minha escrivaninha enquanto ele deitava na cama e passava do primeiro ao último segundo, em que eu estudava, me observando.

Era difícil ver seu sorriso, então eu fazia o possível e o impossível para arrancar um sorriso dele.

Nunca esquecerei o dia em que Vinnie teve de ir ao hospital depois de ter um mal estar.

Passei pela porta de entrada de casa, esperando ver Vinnie ou Mick, nosso cachorro, mas a casa estava silenciosa. Fechei a porta atrás de mim e chequei a sala, percebendo que nenhum dos dois estavam lá, até que ouvi o latido de Mick ecoando na casa. Segui o latido até achar, Vinnie desacordado no chão, sendo abraçado por Mick que latia. Soltei minhas coisas no chão e me agachei para sacudir Vinnie, peguei meu telefone e disquei o número do hospital. Em 10 minutos, a ambulância chegou, no caminho, liguei para Maria, mãe de Vinnie, avisando que estávamos indo ao hospital e pedi que dirigisse com cuidado. Estava na sala de espera quando Maria chegou.

4ever ― Vinnie Hacker.Onde histórias criam vida. Descubra agora