Without U

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Han Jisung encarava o túmulo repleto de flores através do vidro do carro, tinha um olhar perdido enquanto via os Lee agachados em frente àquele lugar, chorosos, quebrados, assim como ele se sentia. 

Dois anos, faziam dois anos que Lee Minho havia os deixado, e Jisung nunca tivera coragem de ir visitar seu túmulo, mesmo agora, depois de um ano em uma terapia intensiva, com sua vida voltando lentamente aos eixos, ele não tinha coragem de ultrapassar a entrada do cemitério e colocar-se de frente ao local onde seu amado estaria enterrado, não podia.

Suspirou, observando os pais do garoto se recomporem e virem em direção ao carro onde estava. Lentamente os dois entraram, a senhora Lee tentou sorrir, afagando a mão do Han, que ainda encarava a janela, e este a olhou com os olhos marejados, sorrindo minimamente.

- Não quer ir lá, querido? - A mulher perguntou cautelosa, percebendo que o garoto voltava a olhar para o lado de fora, Jisung a encarou por um tempo

- Talvez outro dia, ainda não é a hora de eu encontrá-lo - A voz de Jisung saiu rouca, sentia o ar lhe faltar apenas em mencionar algo em relação à Minho

- Tudo bem, Jisung, está certo, vá no seu tempo - O senhor Lee, já afetado por problemas de saúde e pela tristeza daquele lugar, falava com lentidão, afagando o ombro do garoto

Jisung sorriu fraco, assentindo, e imaginou como o Lee ficaria feliz em ver a forma carinhosa que os pais o tratavam,  mordeu o lábio contendo o choro e colocou os fones em uma música qualquer para se distrair, olhando uma última vez para o túmulo antes do carro dar partida para longe daquele lugar fúnebre.

¨¨¨

Três anos, naquele dia faziam três anos desde o fatídico dia, Jisung continuou o curso de fotografia, descobrindo gostar mais do que imaginava, arrumara um emprego como fotógrafo de um restaurante, e voltara a morar com os pais, além de sair todos os fins de semana com os amigos.

Jisung havia combinado com os ex-sogros de pela primeira vez acompanhá-los até o túmulo do seu amado, no período da tarde, acreditava que a hora de reencontrar o Lee havia chegado, algo o dizia isso.

Levantou-se cedo e fez o café de seus pais, aproveitando para arrumar a casa, e por instinto, escreveu-lhes um bilhete dizendo que os amava muito. Arrumou-se e pegou a câmera, que dera o nome de Lino, sua fiel companheira. 

Tomou o café com os pais, rindo todo o período das histórias antigas dos pais, e despediu-se com um abraço apertado e um "até logo", quando viu que era hora de ir. 

Adentrou o carro, deixando a câmera no banco e enviou uma mensagem aos amigos, que já lhe enviavam mensagens positivas de apoio à visita ao cemitério, sentiu-se emocionado, mas tratou de afastar o choro, ligando o carro e colocando na rádio, onde uma música animada soava. O trânsito estava tranquilo naquele dia, o que o Han estranhou por se tratar de Seul, mas ainda assim agradeceu.

Em uma das paradas de semáforo, o Han se concentrou na rádio, que parecia noticiar algo interessante.

"Na manhã de hoje, fiéis se reuniram e fizeram uma caminhada pela ponte do rio Han, deixando flores pelo caminho em homenagem ao dia de hoje, 10 de dezembro, o qual completa 3 anos desde o suicídio do estudante de fotografia Lee Minho"

Jisung sentiu seu corpo gelar e o coração falhar, piscou lentamente olhando em volta, sentiu sua garganta chegar ao identificar algumas flores, estava na ponte do rio Han, estava ali sozinho.

O garoto desligou o rádio, pegando a câmera no banco do passageiro, e analisou-a. Seu celular tocava, mas não se importou, enquanto isso tateava o porta-luvas em busca do cartão de memória esquecido, o maldito cartão de memória que nunca teve coragem de olhar.

Take Me Home - Minsung TwoShotOnde histórias criam vida. Descubra agora