Capitulo 11

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Sina

Os raios de sol naquela manhã não me cegaram tanto quanto no dia anterior. Levantei da cama e abri a janela, como fazia todos os dias antes da gravidez.

Imaginei que fosse pelo fato de o bebê estar devidamente nutrido dentro de mim. Havia comprado um pequeno refrigerador com bateria, como esses que podem se levar para acampamentos, e estava mantendo as bolsas de sangue dentro dele, escondido debaixo da minha cama. Esperava que a minha mãe não se aventurasse a procurar por algo ali, pois eu ainda não possuía uma resposta para dar a ela e suspeitava que acabaria me levando para a polícia ou ao manicômio. Ela me amava, mas não tanto assim para compactuar com a minha inexplicável sede de sangue. Se não fosse essa, que já estava me lembrando de que existia, ainda ia achar que tivera o pesadelo mais sem pé nem cabeça da história.

Transei com um vampiro e estou grávida dele. Era tão improvável que, só de pensar, me dava vontade de rir.

Fui até o guarda-roupa e troquei o meu baby doll por uma blusa fresca e uma bermuda, e percebi que tive um pouco de dificuldade para fechá-la.

Estava engordando também, era só o que me faltava.

— Sina, desce! A tia Gigi chegou.

— Merda! — praguejei baixinho. Com todas as coisas que haviam acontecido e virado a minha vida de pernas para o ar, eu havia me esquecido completamente da chegada da tia sem filtro da minha mãe.

— Sina?

— Já estou indo!

Fui até o banheiro e peguei um prendedor de cabelo, fazendo um rabo de cavalo. A minha feição estava melhor do que no dia anterior, mas a minha sede estava aumentando. Imaginava que, se ficasse muito mais tempo sem beber sangue, acabaria com os olhos fundos e uma bela olheira outra vez.

Puxei o resfriador de debaixo da cama e peguei uma das bolsas de sangue de lá. Não iria ter como esquentar, então teria que ser gelada mesmo.

Peguei um tubinho lateral e coloquei na boca, sugando como se fosse um canudinho. Era melhor quente, pois era menos pastoso e mais agradável a minha garganta sensível, porém, frio não era a pior coisa do mundo. Como só tinha duas, me contive para não beber tudo de uma vez, provavelmente Noah só me traria mais à noite.

Ouvi um som no corredor e vi a minha maçaneta girar, apressadamente, guardei a bolsa de sangue e empurrei tudo para debaixo da minha cama o mais rápido que consegui.

— Sina, por que você fechou a porta?

Corri para abri-la e encarei a minha mãe com um sorriso.

— Devo ter fechado sem querer.

— Esses jovens, sempre querendo privacidade. — Ouvi a tia Gigi balbuciar e me contive para não revirar os olhos.

— Sina, vem cumprimentar a sua tia. — Ela fez um gesto para que eu me aproximasse e deu um passo para o lado, para que eu pudesse ver a mulher que estava atrás dela.

— Oi! — Balancei a mão levemente, tentando não parecer indelicada.

Meu pai sempre dizia que era melhor não desagradar a mamãe, pois, quando o assunto era a tia Gigi, ela ficava bem descontente quando não via o mínimo do nosso esforço.

— Ah, querida, venha aqui! Me dê um abraço. Quero ver como você está.

Dei alguns passos receosos até parar na frente dela. Eu não era uma mulher muito alta, mas Guinevere conseguia ser menor ainda, além de usar vestidos rendados que não lhe favoreciam em nada, intensificando o seu peso e sua falta de altura.

O Bebê Proibido - Adaptation NoartOnde histórias criam vida. Descubra agora