Capítulo 1

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Nico Torp

Eu respirei fundo pela... Não sei mais qual era a vez daquele dia. Tudo me levava ao nível máximo de stress. Eu estava exausto, descabelado, desarrumado e até as cadeiras vazias em volta da mesa que estavam fora do lugar já não me incomodavam mais naquele momento. Logo comigo, o conhecido por ser neurótico por organização.

- Como pudemos chegar a isso? Qual a razão? As coisas não foram revisadas? – Perguntei apoiando os braços na mesa com força, fazendo barulho com o atrito. Haviam cinco pares de olhos  direcionados para mim e nenhum barulho. Basicamente estátuas vivas e isso só me deixava ainda mais puto. – Eu estou falando sozinho, por acaso?

- Eu sei que foi equivocado de nossa parte... – Uma das estátuas vivas começou a falar e eu travei a mandíbula.

- Equivocado, sério? Você está me dizendo que sabe que foram equivocados e mesmo assim continuou? – Sei que minha voz estava alterada, ou melhor, que eu estava basicamente berrando. Tenho certeza que nem as portas anti-ruídos da sala de reunião estavam realmente barrando o som da minha voz. – Nós aceitamos algo que nem temos histórico para ser entregue em três dias. – Peguei uma caneta de cima da mesa e joguei em direção a uma parede. Respirei fundo e voltei a olhar para os cinco seres irritantemente silenciosos. - Vou repetir porque acho que vocês não estão entendendo, são três dias... Hoje, amanhã e sexta, três – Enfatizei novamente a data levantando os dedos. – dias para que esteja perfeito sem curva de erros.

- Nico, por favor. Mantenha a calma. -  Alguém falou em tom tão baixo que não fui capaz de reconhecer quem teria sido o audacioso.

- Vocês se lembram que decidimos ir com calma, certo? Todos nós. – Olhei diretamente para meu irmão, que estava em pé próximo a mim. – Já tínhamos nossa fama, nossa estabilidade e nosso segmento, mas vocês decidiram pisar no freio, ir com calma e eu topei. Agora eu me pergunto: pra que? – Bati as mãos na mesa. – Pra que?

- Calma, cara! Você está ficando vermelho. – Um dos diretores se manifestou. – Precisamos manter a calma.

- Não! Porra, não! Nós precisamos de tecidos, flores, catering, uma agência de publicidade, um fotógrafo, uma pessoa que cuide da mídia e sei lá mais o que. Nós só temos uma designer, um relações públicas, um arquiteto, um engenheiro, um advogado e uma secretária. Alguém aqui sabe fazer as outras coisas? – Fiz uma pausa de segundos e voltei a falar. - Ah, sim! Claro que não sabem.

- Mas, se nos dermos bem, vamos entrar no ramo e ser um sucesso. – Pinar, uma das diretoras audaciosas, falou. Quis expulsá-la naquele exato momento.

- Eu já sou um sucesso. A diferença é que agora eu tenho paz e com essa bagunça que vocês estão criando, tudo isso vai acabar.  – Respirei fundo, cansado daquela conversa que apenas me fazia ver o quão inútil era minha equipe medrosa de diretores. Ativei meu modo empreendedor e chefe, e decidi agir. – Separem a lista por tópicos, espalhem-se em equipes e hoje mesmo quero todos os nomes conectados a algo e acordos fechados para que amanhã possamos dar início logo cedo. Reunião encerrada. – Virei de costas e apoiei na parede contrária à mesa de reuniões.

Ouvi barulhos de pessoas levantando, a porta se abrindo e o som do escritório quebrando o silêncio da sala de reunião. Nenhuma voz, eu não ouvi nem as respirações.

Após alguns minutos senti alguém se aproximar e por as mãos em meus ombros.

- Cara, nós vamos fazer tudo dar certo. – Era Peter. Meu irmão. – Infelizmente é o que nos sobrou.

- Eu só não entendo como chegamos a esse ponto. – Desabafo saindo da minha pose de chefe e recebo um aperto nos meus ombros. – Por que aceitaram esse trabalho quando não estávamos aqui? Isso foi loucura demais. – Peter me olhou e nos guiou até a mesa para nos sentarmos. – Aceitar criar uma casa para um artista cantar uma música e ir embora. – Continuo indignado e pousando minha cabeça em minhas mãos de maneira derrotada. – Nós fazemos prédios, casas, escritórios e até projeto de escola já tentamos. Criamos e arquitetamos a estrutura disso e não uma espécie de camarim e muito menos nessa proporção toda.

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