Capítulo 06

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"O ódio tem melhor memória do que o amor."

Honoré de Balzac


Jungkook


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Olhei brevemente para a grama verde e fria pela chuva recente embaixo dos meus sapatos, sem coragem para encarar a lápide à minha frente.

Um ano.

Um ano desde que ele partiu.

Um ano sentindo sua falta.

Com um suspiro fundo eu decido encarar o mármore frio coberto por uma fina camada de poeira e chuva, engolindo seco ao ler as letras gravadas na pedra cinza:


Jeon Jun-seo.

Pai amado.


Jun-seo. Meu pai. Um ano.

Essas palavras se repetiam em looping na minha mente.

Encarar aquela sepultura era um atestado de quanto a minha vida era uma merda.

Minha mãe nos deixou quando eu ainda era uma criança.

Lembro muito pouco, devido às memórias confusas de uma infância nada fácil, mas me recordo com clareza da forma como o câncer definhou o corpo saudável de Jeon Myung em poucos meses.

Eu era novo e não entendi o porquê um dia minha mãe foi ao hospital e nunca mais voltou.

Apesar disso, meu pai esteve lá por mim.

Todos os dias, incansavelmente, fazendo de tudo para que eu não sentisse falta dela.

E ele conseguia na maior parte do tempo.

Mas agora, olhando sua lápide, eu pergunto: quem me ajudaria a não sentir falta de você, pai?

Ninguém.

Havia Jin e Namjoon, claro, meus bons amigos que vinham me suportando nos últimos anos, sem reclamar acerca das minhas mudanças de humor ou fases de rebeldia, mas nada a que se comparar com o afeto paterno.

Principalmente com o afeto de um pai que sempre fez tudo por mim, mas que foi embora tão rapidamente, quanto minha mãe, mas ao contrário dela, sua doença estava na mente.

Depressão.

Meu pai sempre me sustentou, mas quando chegou a minha vez de retribuir ao favor, eu fracassei.

Tudo por culpa daquele homem.

Sabendo que não conseguiria ficar mais ali eu me despeço do meu pai e saio do cemitério em direção a minha moto que estacionei de qualquer jeito na calçada.

Dou partida em direção ao restaurante do Seokjin, já que ele me pediu para ir vistá-lo, e deixo minha mente vagar por todos os últimos acontecimentos.

Eu constato que se o caminho dos dois jamais tivessem se cruzado, eu ainda estaria recebendo amor e carinho do meu pai, mas não, eu sabia exatamente o porquê e quem havia deixado meu pai naquela situação e eu não conseguia controlar o meu ódio por ele.

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