O jantar

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Após falar com Marco, Eren decidiu fazer o que Levi ordenou e saiu do hotel  para comprar roupas novas.
Ao passar pelo saguão percebeu que mais uma vez os outros  hóspedes ficaram lhe observando. O que não era de se surpreender, afinal ele estava usando suas roupas de trabalho e desta vez não tinha o sobretudo de Levi para lhe cobrir e além disse era dia. Sua vestimenta nada convencional nem para o lugar nem para o horário. 

Dane-se. Eu que pago minhas contas. Foi seu pensamento enquanto andava até a recepção. Ele tinha combinado algo com Marco e precisava se certificar que sua encomenda chegasse até o amigo. 

– Bom dia moça, vou deixar esse envelope para Março Bolt. – falou o moreno, entregando o envelope com  dinheiro que recebeu de Levi para a recepcionista do hotel. Seu amigo viria buscar e pagaria algumas contas atrasadas. 
– Eu entregarei, senhor. – afirmou a moça sorridente. 
– Obrigado. – respondeu já se virando para seguir seu caminho. Quanto menos tempo passasse ali exposto melhor agora ele. 

Assim que Jaeger passou pela elegante porta giratória notou um homem mais velho a lhe observar com certa atenção, porém ignorou e seguiu em direção a rua. Pensou que provavelmente era apenas mais um preconceituoso a lhe julgar.

Durante sua caminhada  por Beverly Hills, o jovem passou por diversas lojas de grife. Era notório que apenas a "nata" de Los Angeles consumia os produtos vendidos ali. De posse de um cartão sem limites ele ficou completamente perdido sobre em qual loja comprar. Não que o jovem não soubesse o que vestir, mas as opções eram muitas e escolher roupas sozinho não era tão divertido.

Passou um longo tempo caminhando e sua caminhada  só cessou quando   passou por uma determinada loja e encontrou um terno que julgou belo o suficiente para acompanhar Ackerman no jantar. 

Respirando fundo para tomar coragem, Eren entrou. Assim que passou pela porta de vidro uma campainha sutil anunciou sua chegada ao estabelecimento. Diversos vendedores e clientes  o observaram com desdém e até mesmo nojo analisando sua figura com interesse cruel. 

Acostumado com esse tipo de olhar, o rapaz apenas continuou a avaliar  os modelos nos manequins e araras espalhados pela loja. Ao se dar conta de que ninguém o iria ajudar, Eren decidiu buscar ajuda com um dos vendedores que se encontrava mais perto. 

– Bom dia.  Eu gostaria de experimentar este aqui. – afirmou apontando para um terno que, na sua opinião, cairia bem para seu tom de pele. 
– Lamento, mas não está disponível. – afirmou o vendedor. Observando Eren de cima a baixo, como se o jovem fosse uma sujeira a ser eliminada.
– Então poderia ser este? – tentou mais uma vez, apontando para outro terno de tom e modelos diferentes, mais ainda tão elegantes quanto anterior.
– Também não está disponível. 
–  Poderia me mostrar algum que esteja disponível. Afinal não acredito que todas as peças das lojas estejam vendidas? – Eren já estava perdendo a paciência com aquela pessoa.
– Receio que para "gente como você" não tenhamos nada disponível. Por favor saia, está assustando nossos clientes com essas roupas ridículas e de péssimo gosto. Não atendemos prostitutas aqui! 

Eren sentiu os olhos arder. Principalmente ao notar que toda a loja agora o estava observando. Sem saber o que fazer ele apenas saiu. Um gosto amargo de humilhação preso em sua garganta, mas preferiu não revidar. Isso só tornaria tudo pior. 

– Onde eu estava com a cabeça? Como pensei que poderia entrar em um lugar daqueles? Merda, sou tão idiota. Você não aprende, Eren.  – seus passos de volta ao hotel eram muito mais rápidos enquanto ele chorava e enxugava as lágrimas teimosas com seu braço.  

Ao passar pela entrada do hotel o mesmo homem que o havia observado ao sair pela manhã passou a segui-lo.

– Bom dia, senhor! Está hospedado no hotel? – Perguntou com um sorriso gentil.
– Sim estou, no último andar, com...com...Levi. Isso, Levi. 
– Entendo, eu gostaria de conversar com o senhor por um momento. Poderia me acompanhar?

Era uma vezOnde histórias criam vida. Descubra agora