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No sábado pela manhã eu me demorei um pouco mais de tempo na cama, havia dormido tarde por ter jogado online com uns amigos de longe, algo comum que fazia as sextas a noite.

Quando me levantei me espreguicei antes de partir ao banheiro e lavar meu rosto. Apoiei minhas mãos nas bordas da pia encarando minha expressão no espelho, conseguia ouvir Yachi dizendo "você está uma merda" mas ignorei as olheiras e alinhei meus fios de cabelo antes de prendê-lo em um rabo de cavalo.

Fiz minhas higienes antes de colocar uma roupa atlética, organizei meu quarto e abri as cortinas e em seguida a janela deixando a brisa fresca daquela manhã linda de primavera dominar meu quarto.

Parti ao andar de baixo depois de aproveitar brevemente aquela brisa e os raios de sol no meu rosto, pela sua altura no céu já passava das 10h. Quando cheguei ao andar debaixo as portas da cozinha para a sala estavam abertas, e as da sala para o jardim também dando visão total ao jardim onde as crianças estavam brincando.

Minha mãe apareceu no cômodo um segundo depois, depositou um selar em minha bochecha e uma carícia em meu braço.

- Vai sair? - ela questionou caminhando até a máquina de café.

- Vou correr. - respondi pegando uma maçã na fruteira e a levando até a pia para lavar e em seguida morder. - Volto em duas horas.

Ela assentiu me pedindo para tomar cuidado e eu assenti saindo de casa após pegar meu celular e fones de ouvido e terminar a maçã, depositei selares nas bochechas de meus irmãos antes de iniciar minha descida as escadas.

Enquanto eu corria sentia meus músculos tensionados, meu ritmo não era rápido nem lento e sim constante me dando tempo para respirar, me dando tempo de exalar os fatos recentes que mudaram minha vida e eu não estou sabendo lidar.

Não me incomodo com Daichi estar longe, sempre estarei feliz e orgulhosa dele. Me incomodo com o afastamento, ele foi quem me deu abrigo e amparo em muitas noites mal dormidas ele perdeu noites de sono cuidando de mim doente ou triste o suficiente para precisar de alguém para desabafar. Ele é o meu porto seguro, e agora está longe.

Takashi é uma criança super gentil e quieto como o irmão, mesmo assim ele tem o dom de se meter em encrencas, nada por mal, acho que ele quase sempre está no lugar errado e na hora errada. Ele é o irmão mais novo de Tobio, tem dez anos e estuda com Daisuke. No início da semana a família Kageyama teve um imprevisto não conseguindo buscá-lo na escola então o liberaram sozinho para voltar para casa.

Não sei o que deu na cabeça dele de atravessar na faixa de pedestres enquanto o sinal estava aberto, aparentemente ele estava seguindo o fluxo de pessoas mas ficou para trás por ter as pernas mais curtas e menos ágeis. Eu estava no restaurante da minha mãe, havia saído para tomar um ar e observei aquela cena em câmera lenta antes de jogar meu avental para qualquer canto e correr na direção do garoto nos tirando da direção no ônibus que freiou após passar.

Takashi se machucou mais por eu tê-lo empurrado com força para longe da rua já eu soube cair quando me joguei também pra longe, mesmo assim arrastei minha bochecha e meus braços pelo chão. Ele está no hospital desde então pois havia batido a cabeça e claramente me senti super culpada por não tê-lo salvado da forma correta, bater a cabeça é algo tão grave quando ser atropelado. Entretanto me certifiquei de que não foi algo grave e que ele enfim levaria alta nesse fim de semana.

Já com Atsumu as coisas não são complicadas, na verdade ele deixou tudo extremamente claro para mim quando quis terminar. Ele não me deu um motivo claro, apenas disse que não queria me magoar por fazer algo de má índole. Também deixou óbvio que não me amava mais, mas que se importava. Porra não foram dois dias, foram dois anos! Se ele ou eu não se importasse é claro que tudo teria sido falso.

𝐔𝐧𝐥𝐢𝐤𝐞𝐥𝐲 - Tobio KageyamaOnde histórias criam vida. Descubra agora