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Me digam se estão gostando ok?

Boa Leitura!!

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- Imagino que queira ficar sozinha... - fiz menção de responder mas ele continuou. - Me deixe pelo menos cuidar das suas mãos.

Ele ergueu uma pequena maleta branca que estava segurando atrás de seu corpo junto a uma sacola que não me dei o trabalho de investigar do que era, meus olhos recairam sobre minhas mãos, sujas de sangue e com leves hematomas nas juntas. Flexionei os dedos sentindo pontadas de dor e agora que a adrenalina estava mais baixa a ardência era bem maior.

Meus olhos voltaram a ele ainda parado na porta e assenti permitindo que entrasse no terraço. O garoto andou em passos largos mas lentos na minha direção puxou a outra espreguiçadeira para a minha frente e se sentou de joelhos colados nos meus. Sem palavras, apenas gestos e ações.

Ele pegou minhas mãos e as deixou sobre seus joelhos, estavam quentes sob a calça jeans preta, também notei sua camisa de manga comprida preta de gola alta cobrindo o seu corpo deixando transparecer que ele estava se disfarçando na multidão no andar debaixo, o boné cinza e o óculos escuro por cima da aba do primeiro o delatavam.

Com um algodão e soro fisiológico ele limpou o sangue das minhas mãos, evidentemente não era meu esse sangue mas não importava. Ele fez isso de maneira gentil e calma para que os hematomas não pulsasem em uma dor desagradável. Enfim ele passou remédio em alguns arranhões antes de cobrir com uns curativos.

- Você se lembra de quando eu e o Hinata brigamos pela primeira vez? - ele iniciou, sua voz estava baixa e seu olhar ainda permanecia em minhas mãos. - Brigamos porque a jogada não estava dando certo e você nos separou, eu gritei com você e mesmo assim você fez questão de me levar em casa e cuidar dos meus machucados.

Senti meus olhos se iluminarem com a lembrança clara de mim sentada na cama a sua frente limpando os machucados do seu rosto e colocando os curativos, fiz o mesmo com os de suas mãos. Engoli em seco quando as palavras me faltaram e eu não consegui respondê-lo.

- Eu te pedi para que falasse alguma coisa, na verdade eu gostaria muito que você gritasse comigo, que jogasse o quão idiota eu fui na minha cara. - ele terminou os curativos e fechou a caixa a deixando do seu lado. Da sacola que também havia trazido ele retirou uma bolsa de gelos e colocou sobre minhas mãos com gentileza.

Fiz um grunido baixo de reprovação por estar gelado e seus olhos vieram aos meus e ele acariciou meu pulso para que ficasse quieta sabendo que aguentaria a anestesia que o gelo deixaria nos hematomas.

- Quando eu insisti, você apenas disse "eu não quero brigar com você também" mesmo que eu estivesse agindo como um idiota. - tombei a cabeça levemente para o lado em desentendimento.

- Onde quer chegar com isso Tobio? - minhas palavras saíram falhas, baixas mas não foi difícil dele compreender já que estávamos próximos.

- Quero chegar no fato de que está tudo bem surtar e gritar de vez em quando. - ele acariciou meu pulso mais uma vez. - Você guardou e aguentou situações tantas vezes calada, que a primeira vez que você extrapolou esse limite você se sentiu culpada no instante seguinte.

Seus olhos desviaram dos meus para as minhas mãos onde ele ficou breves segundos analizando-as. A música do andar debaixo já não estava tão alta e eu quase não ouvia mais as conversas das pessoas. A noite estava linda, o céu completamente limpo e estrelado, além da Lua em seu esplendor iluminando o céu com o formato de um sorriso.

- Eu gritava com as pessoas porque era cômodo. Você se cala porque é cômodo. - ele continuou ainda analisando minhas mãos. - Sinceramente, eu cansei do comodismo. Você não? - o olhar dele se ergueu ao meu, estrelas brilhavam nele e um sorriso ladino instigante dançava em seus lábios.

𝐔𝐧𝐥𝐢𝐤𝐞𝐥𝐲 - Tobio KageyamaOnde histórias criam vida. Descubra agora