- Mamãe, sabia que meu sonho é ser policial? - Miguel diz enquanto andamos pelo shopping, eu olho para o loirinho. - Eu acho MUITO legal que eles podem andar de moto por aí, sempre que podem. - Ele acena para a loja de brinquedos.
Estávamos ali para comprar um presente para o meu afilhado, era aniversário dele no dia seguinte e eu trouxe o Miguelzinho para escolher porque nada melhor do que uma criança da mesma idade para escolher presentes para outras crianças. Eu tive o Miguel aos 25 e era importante lembrar que ele não foi uma gravidez planejada, é óbvio que quando transamos sem camisinha a gente arca com as consequências disso, e as consequências de uma irresponsabilidade são ruins e o Miguel era a consequência de eu ter ido para a cama com o meu ex, o maldito do meu ex, ele não era uma consequência ruim, pelo contrário, era o homem da minha vida mas... A situação toda foi péssima.
Eu e o pai dele nós encontramos na balada, ficamos, saímos por meses, e eu engravidei... Ele fugiu para os Estados Unidos que era onde ele morava, mas eu consegui fazer com que ele pagasse pensão, obviamente depois de vários exames de DNA, idas ao tribunal e mais um monte de merda que me deixou muito mal na época, foi realmente a pior época da minha vida, ter que lidar com tudo isso sem uma rede de apoio e com um neném recém nascido foi o auge da minha vida e o Miguel nasceu a cara do pai para fazer com que o pai dele pagasse a maldita língua. Ele era empresário de alguma merda estranha daquele país fudido, então ele nunca via o Miguel, ele já tinha três anos e o maldito nunca tinha visto uma só vez, o Miguel nem ao menos o chama de pai.
O dinheiro da pensão é depositado todos os meses sem falta, então eu fiz um cartão somente para comprar as necessidades do Miguel já que a pensão não era lá essas coisas apesar de ser em dólar e eu tinha que tirar boa parte do meu salário para pagar aluguel, pagar escolinha, alimentação, plano de saúde, plano dentário e era tudo uma grande bola de neve, o dinheiro do pai ajudava mas não o suficiente, e vamos ser sinceros ter uma criança nos dias de hoje era extremamente CARO.
Por exemplo, hoje eu tinha vindo com o dinheiro contado para comprar o brinquedo do meu afilhado, Miguel era uma criança super educada e sabia bem disso então eu não ia ter problemas com ele, bom... Nao ia ter problemas desde que ele não visse nada de policial, já que ele era obcecado pela profissão. Entramos na loja e ele foi correndo olhar os brinquedos enquanto eu procurava o presente do meu afilhado, uma mulher loira muito bonita vestida de preto da cabeça aos pés passou por mim com um celular caríssimo no ouvido, pude perceber pela raiz do seu cabelo que ela era naturalmente loira igual o meu Miguel.
Ela olhou rapidamente alguns brinquedos e pegou dois dinossauros gigantes e saiu andando enquanto ainda falava no telefone, eu rapidamente escolhi o que tinha para escolher também, e fiz careta quando vi o Miguel vir correndo com uma enorme caixa na mão enquanto eu ia pra fila, parei nela e a loira parou atrás de mim segurando dois dinossauros e um boneco do homem de ferro daqueles caríssimos. Meu filho me mostrou animadamente o kit policial de brinquedo e enumerou todos os benefícios que vinham/tinham se eu comprasse para ele, dei risada mas neguei.
- Não posso, filho, viemos comprar o presente do seu primo. - Eu digo mostrando a ele e ele faz beicinho, e confirma.
- Mas... Depois podemos comprar? - Eu confirmo. - Eu gosto de policiais. - Ele diz e sorri para a moça atrás de mim. - Bom dia, moça. - Ela finalmente estava sem o telefone na orelha, e sorri para ele.
- Bom dia, moço. - Ela se abaixa para conversar com ele. - Você gosta de policiais? De zero a dez, quanto você gosta. - Percebo um leve sotaque e deduzo que ela é gringa e meu deus, eu tenho chama pra gringos. - Eu compro para você se sua mamãe deixar, presente de natal adiantado, o que você acha? - Ele sorri feliz e me olha.
- Pode, mamãe? - Ela se levantou e eu olhei para ela.
- Tem certeza? - Ela confirma na mesma hora.
- Amanhã eu tenho um aniversário para ir e não faz mal fazer mais uma criança feliz. - Ela sorri e eu sorrio também. - Então me dê aqui e eu passo pra você, aí você me paga um sorvete. - Eu gargalho e o Miguel ri, vindo para perto de mim. - Qual seu nome? - Ele diz e ela confirma.
- Meu nome é S/n, e o seu? - Olha para mim.
- Anitta. - Eu respondo e ela sorri.
Passo minhas compras e ela também passa as delas, saímos carregando várias sacolas e um Miguel super energético querendo ir tomar sorvete com a nova amiga, observo ele falar com ela sem parar e ela responder, ele fazia inglês desde que aprendeu a falar por causa da vó paterna, então eles começaram a falar inglês e eu só acompanhava os dois conversando com o olhar. Miguel não era tímido, na verdade, ele era uma criança extremamente fechada por causa do abandono paterno mas mesmo assim tentava ser extrovertido o suficiente com pessoas desconhecidas, com a S/n ele estava tão confortável que até sentado do lado dela, ele estava.
- Então... - Miguel estava distraído. - Ouvi a conversa, também tem um aniversário amanhã? - Eu confirmo.
- Meu afilhado, minha melhor amiga casou com uma gringa e estão comemorando que o bebê fez 5 anos. - Digo naturalmente, tomando minha água, dou risada quando vejo sua careta. - Não gosta do termo gringa?
- Eu nasci aqui, mas cresci nos Estados Unidos. - Ela fala. - Não acostumei a falar português então tenho sotaque... - Parece procurar as palavras.. - Well, I do not know... - Da risada. - Não sei se o termo me agrada muito mas estou acostumando. - Ela sorri. - Minha irmã fala melhor, ela mora aqui a alguns anos.
- E porque você mora lá? - Ela sorri, passando a mão no cabelo liso.
- Segui os passos do meu pai. - Presta atenção no que o Miguel diz e ele toma seu milk shake. - Mas vou vir morar aqui, já está decidido, não tinha nada me prendendo lá igual não tinha nada me prendendo aqui. - Pensa de novo. - Agora eu tenho meu sobrinho, minha cunhada, minha irmã. - Ela inúmera. - E o meu novo melhor amigo, não é Miguel? - Ele balança a cabeça
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E acontece! - Short Fic - Anitta /you
FanfictionCom problemas demais com a família a advogada S/n S/a resolve passar um tempo com uma parte da sua família que mora no Brasil, com pensamentos otimista, ela só não esperava ter que limpar a merda que seu primo mais novo fez... Óbvio que parte disso...