A luz do amanhecer penetrava pela janelinha do sótão, às vezes ouvia-se o ronco das empregadas.
— Pai...
Maybell não conseguiu dormir nem um pouco a noite toda. Cada vez que rolava naquela velha cama, suas memórias voltavam, provocando um gemido de dor.
— Sou uma princesa! A rainha é uma bruxa! Por favor, chamem o papai!
Desde então, cinco dias se passaram desde que ela foi chicoteada pela rainha, cada vez que ela tentava dizer a verdade as chicotadas eram mais fortes e constantes.
Para Maybell, que nunca recebeu um único golpe foi um choque tremendo, mas o que mais a magoou é que a donzela que estava com ela há muito tempo foi quem desferiu os golpes por parte da rainha.
Lembrando-se daquele momento, suas lágrimas brotaram de suas maçãs do rosto rosadas. Não houve um único dia em que Maybell não chorou, seus olhos estavam muito inchados e doloridos.
Suas bochechas ainda estavam inchadas e seus olhos estavam tão cheios de lágrimas que, com um único toque, seu lacrimal escorreu por seu rosto sardento.
— Papai, sinto tanto a sua falta...
Tudo o que ela pensava era em escapar daquele sótão e se esconder no quarto de seu pai, mas isso foi apenas um sonho, já que seus tornozelos estavam presos por algemas e correntes.
Quando Maybell disse que continuaria a insistir em ver o pai, a empregada disse que ela não suportaria mais ficar com um escravo acorrentado. A princípio, pensou que não iria acreditar nela, devido à sua mudança de aparência, mas não foi assim.
— Eliza, por que não vendemos? Apesar de sua aparência, ela ainda é uma mulher, tenho certeza de que conseguiríamos uma boa quantia.
Anna, que foi ver a empregada maluca, gritou com ela. Maybell, que só havia pedido a sua empregada para confiar nela, estremeceu com o fato de que ela descobriu que eles iriam vendê-la.
— Oh não. Anna, Eliza por favor não me vendam.
— Com quem mais falaste sobre a suja empregada cortadora de cebolas?
*PUCK*
Maybell engasgou de dor ao sentir o chute forte de Anna em suas costelas.
— Por favor, não me venda ao conde, não faça isso. Eu prometo ouvir você e ser gentil. Tenha misericórdia, não me venda para fora do castelo.
Ela se pendurou na perna da donzela e implorou a ela entre soluços.
— Ser boa? Não seja graciosa.
— Dói... Por favor... Estou com fome.
Não importava o que Maybell dissesse, ninguém estava ouvindo.
— Grite o quanto quiser, ninguém vai acreditar em você.
— Isso é uma maldição... Tenho que achar um jeito de contar pro papai.
Maybell não parava de pensar nas coisas horríveis que a bruxa malvada poderia fazer com seu pai.
No momento em que ela tentou puxar as correntes novamente, algo voou no rosto de Maybell. A empregada que dormia do outro lado atirou-lhe um travesseiro.
— Idiota, vá dormir agora.
A luz do amanhecer ficou cada vez mais forte. As empregadas acordaram uma a uma bocejando.
— Estou farto dessa vadia chorando todas as noites.
— A partir de amanhã ela vai dormir no armário.
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Papai é Meu!
Roman d'amourA princesa de um reino distante, Maybell. Amaldiçoada por sua madrasta malvada se tornou Zbybel, uma mentirosa, a serva que corta cebolas. Um dia, em uma noite de lua cheia, meu pai, se transformou em um lobisomem por causa de uma maldição. Trancada...