Onde foi que eu errei?

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“O que você...?” O rosto de Titi se distorceu na mesma hora, ganhando um aspecto sinistro e sombrio.

Nunca o tinha visto assim, tão possesso. Fala sério, o cara era um otário, você podia provocar o quanto quisesse que ele só iria rir e deixar pra lá.

“O que você estava fazendo lá naquele horário heim?? Acha que consegue me enganar e dizer que não foi por que você é um maldito de um hipó-“
Toni o agarrou, selando seus lábios e forçando um beijo.

Titi o afasta.

“Você tá maluco??”

“Ah, para de se fazer de difícil.” O loirinho sorriu sacana mas ainda se podia ver uma veia pulsando em sua testa de pura irritação.

“PARA VOCÊ!!” Titi gritou possesso o empurrando com brutalidade “SERÁ QUE NÃO CANSA NÃO BANCAR O BABACA??”

“HAHAHAHAHA” O loirinho gargalhou tal qual um vilão de novela mexicana o faria. “Fala sério, você realmente consegue dizer isso sem um pingo de vergonha na cara? Por acaso nunca se olhou no espelho ou seus dentões abridores de lata não deixam??”

“U-A-U! Recorreu a ofensas da quinta série, realmente... Uma vez bully para sempre bully né? Tonhão da rua de baixo?”

O loirinho ficou sem palavras
Titi era a última pessoa da terra de quem ele esperava ouvir tais palavras. Até abriu a boca uma ou duas vezes, mas nada saiu e o dentuço não ficou ali esperando por uma resposta.

Nessa hora ele se lembrou do que Teveluisão o disse quando lhe devolveu seu celular naquele dia:

“Não tenho nada contra você parceiro, mas Titi? Ninguém suporta mais.”

“Vamos, admita... Você também tá cansado de ver aquele escroto se dando bem.”

“Ele é um canalha de marca maior e todo mundo finge não ver, não acha que tá na hora de acabar com isso? Imagina o escândalo, o cara que tanto paga de machão no final usa calcinha, hilário! ..., mas não hilário o suficiente.”

“E se você me desse uma ajudinha... quem sabe eu não esquecesse de um certo perfil no Grind instalado nesse celular”

“Ou de todos os nudes”

A imagem clara em sua cabeça, do rapaz sorrindo pra si cinicamente e dando meia volta, o deixando com o que havia sobrado do seu pobre celular cuja as parcelas ainda não havia terminado de pagar... O causava arrepios, e por mais errado que aquilo fosse, no final ele estava certo, não estava? Titi precisava colher o que plantou.

E ele iria colher.

Iria fazê-lo arrepender-se para sempre de dizer o que disse.

Tirou do bolso de dentro das suas calças as fotografias impressas que um certo alguém o havia dado.

“E pensar que tentei te dar uma chance...”

No fim não tinha jeito, ele teria que fazer aquilo, teria que obriga-lo a se olhar no espelho.

***

“Tim-dom!” Tocou a campainha logo após deixar um envelope com uma pedra amarrada em frente aquela porta.

O homem rabugento saiu, mas não o viu escondido atrás dos arbustos.
Pegou aquele conteúdo duvidoso aparentemente endereçado ao próprio e jogou a pedra pra longe, o atingindo sem querer.

“Ai!” tapou a boca com as duas mãos

“Mas o que...” Disse olhando em volta enquanto abria aquela cartinha. “Mas que PORRA é essa??”

Na sua frente tinha fotos do filho beijando outro homem descaradamente, flertando, não podia acreditar no que via. Por acaso não o criou corretamente? Não lhe ensinou o que é ser homem de verdade?? Aonde ele havia errado deus???

Amassou aquelas fotos com raiva e em seguida a picotou em milhões de pedacinhos, completamente furioso.
Deixando a sujeira jogada no chão e pisando duro até o quarto de Titi, a arrombando e gritando.

“Seu viadinho de merda!” o homem dá um tapa com uma força descomunal no rosto do rapaz, deixando cada uma das suas digitais impressas em sua bochecha “Tá achando que não apanhou o suficiente, é isso??”

“O que foi que eu fiz??” Disse com uma expressão distorcid em seu rosto, mistura de raiva e medo.

“O que você vai fazer moleque!” o pegou pela orelha e saiu o arrastando pelo bairro todo daquele jeito enquanto resmungava alto.

“vê se pode filho meu dar pra marmanjo?”

“o que você pensou o que tava fazendo indo pra uma boate cheia de viadinho heim??”

“Eu posso explicar, eu-“

“CALA A BOCA E ME OBEDECE!”

Finalmente chegaram ao seu destino; uma casa noturna de aparência duvidosa, com mulheres seminuas paradas na sua porta conversando entre si ou com uma expressão  de tédio; o jogou lá dentro e o ordenou que esperasse. Enquanto isso, uma delas observava atenta.

Podendo ouvir tudo que aquele senhor falava para o homem de terno e óculos escuros.

“Reúna suas melhores putas, aquele moleque vai se corrigir e é agora”

O homem assentiu e logo a mulher o seguiu, estando particularmente fora de vista...

“Ele disse as melhores, não disse? Acho que isso me incluí.”

O homem suspira

“Você sabe como aquele velho é esclerosado, não sabe?”

Ela não diz nada e só o olha desafiadora, elevando uma sobrancelha.

“Tá, espera ele sair...”

***

“Toma, é tudo que eu tenho”

“Nunca te vi tão generoso”

“Eu quero que esse menino só saia daqui NO DIA QUE ELE APRENDER A VIRAR HOMEM!! VOCÊ ME ESCUTOU MOLEQUE??”

“Mas eu-“

“CALA A SUA BOCA!!” se retirou dali, batendo pé com força, bufando pelo nariz e quase arrancando seus próprios cabelos

O menino passou longos minutos em silêncio, não  sendo possível ler suas emoções naquele momento, até que explodiu e gritou tardiamente.

“TÁ! VOU TE MOSTRAR! VOCÊ VAI VER SÓ COMO EU SOU MUITO HOMEM!!”Foi retirando sua camisa na mesmíssima hora, completamente ofendido.

Uma risada fraca e monótona, aparentemente forçada e irônica pode ser ouvida ao fundo, atrás de si, o fazendo virar-se na mesma hora que a meia dúzia de mulheres ali presente abriu caminho para a mesma, ela estava com os braços cruzados e cabeça abaixada, enquanto uma das pernas encostava na parede. Empinou o nariz e lhe encarou diretamente, sem piscar.

Cruzando olhares com aquela mulher misteriosa, cuja aura era tão poderosa que o fez arrepiar os pelos que nem gato ameaçado, engolindo em seco.

“Calma, machão...” Já alguns centímetros próxima dele, deu seus últimos passos gelados e sedutores, fazendo seus dedos caminharem de um ombro a outro “Não é assim que se prova alguma coisa” roçou seu nariz na orelha dele e sussurrou: “Você vai mesmo abaixar a cabeça?”

Não entendeu o que ela quis dizer, mas por via das dúvidas... interpretou como um convite, selando seus lábios e lhe puxando pela cintura.

A mulher de 22 anos ficou sem reação alguma, arregalando seus olhos e olhando para baixo com as sobrancelhas quase fundidas, sentindo o mesmo lhe enfiar a língua sem qualquer cerimônia e com um pouco de agressividade.

Empurrou-o, jogando-o no chão e pisando em seu peito com desprezo, o impedindo de levantar-se.

“Você é realmente um covarde...”

Garotos e Garotos (2 temporada)Onde histórias criam vida. Descubra agora