Capítulo 0 - A Transformação

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Eram 17:00 de uma tarde nublada.


— Oi, tia Sue. A Leah está aí? — Perguntou Emily para minha mãe que tinha acabado de abrir a porta de entrada da nossa casa para recebe-la.

— Emily, eu não acho que é uma boa ideia conversar com ela agora — Dizia minha mãe tentando estabelecer um limite de aproximação — Ela ainda está muito chateada com tudo que está acontecendo entre você e o Sam.

— Por favor! Eu preciso conversar com ela — Insistia Emily — Ela precisa saber o motivo de eu ter feito o que fiz.

Pela janela, eu podia ver à distância o carro de Sam com ele encostado ao lado enquanto fixamente observada cada movimento que Emily fazia. Ele parecia muito preocupado com ela e isso me dava nos nervos.

Já fazia algumas semanas desde que ele terminou comigo para me trocar pela minha prima, e mesmo eles estando a pouco tempo juntos, ele demostrava para ela uma paixão e instinto protetor quase irreal. Qual o sentido daquilo? Nem quando estávamos juntos ele parecia ser tão... obsessivo.

Não importa o que falem, eu nunca vou engolir que aquilo é amor.

É nojento. É inacreditável. É uma doença.

Tenho certeza que eles estão escondendo algo que não querem que eu saiba, e essa omissão está acabando comigo.

— Deixa, mãe. Eu quero ouvir o que ela tem a dizer para mim — Dizia eu tomando a posição de minha mãe.

— Sendo assim, eu vou deixar vocês duas conversarem a sós.

Todos que estavam ali foram para outro cômodo, deixando apenas Emily e eu na sala de estar. De frente com a outra.

— Vai em frente. — Cruzei meus braços e gesticulei impacientemente — Qual é a revelação?

— Não tem nenhuma revelação, Leah. Eu só quero saiba que eu não menti quando disse que estava tentando de verdade me afastar dele. Aquilo não foi planejado. Eu nunca pretendi toma-lo de você. Você precisa acreditar em mim.

— Oh, e você quer mesmo que eu acredite que vocês se apaixonaram um pelo outro loucamente à primeira vista, igual a magia do amor que acontece nos contos de princesinhas? Quem que você enganar, Emily? Vocês mal se conheciam.

— Eu sei, eu sei. Parece loucura! Eu sei, mas é o que está acontecendo...

Eu não aguentei aquilo e virei os olhos enquanto ria incrédula. Não podia acreditar que Emily estava realmente comprovando a teoria absurda que eu tinha acabado de dar. Eu conheço aquela garota desde pequena. Nós praticamente crescemos juntas e eu a tratei como minha irmã e melhor amiga, e agora tudo o que eu sinto é vontade de dar um tapa bem forte na cara sonsa dela.

— Você sabe que eu te amo, Leah. Eu nunca faria nada para te machucar.

— Não faria mesmo? Então por que você não se afastou dele, Emily? É simples. É apenas dizer "não" e ir embora! — Eu gesticulei nervosamente — E se ele insistir, você diz "não" outra vez. E se ele insistir mais ainda você chama a polícia ou eu!

— Eu disse "não"! Eu disse várias vezes! Mas, você precisava ver como ele estava. Ele estava sofrendo muito com o afastamento. Eu não podia deixa-lo sofrer.

— Por isso preferiu me deixar sofrer?

— Leah...

Eu me afastei um pouco para refletir.

— É incrível, não é? Eu namorei com o Sam durante anos. Passamos por muita coisa juntos, e mesmo depois de tudo que passamos, ele simplesmente termina comigo como se eu fosse nada, e aparece desesperado para ficar com você sendo que vocês mal se viam — Eu sentia meus olhos ficarem marejados, mas recusava chorar na frente dela — E você? Eu acho que te conheço desde sempre. Eu sempre quis ter você como a minha irmã de verdade, Emily. Eu amava você. Você era uma das únicas pessoas que eu sentia que sempre ficariam do meu lado, e agora você me faz isso.

— Leah, não. Por favor, não é isso! O Sam... — Emily parou de falar repentinamente, o que soou estranho. Parecia que ela queria esconder alguma informação de mim.

— O quê? — Eu me aproximei dela engrossando a voz de maneira intimidadora — Ele o quê?

— O que ele está sentindo é muito mais intenso do que você poderia entender. Você precisa confiar em mim-

— Oh, espera um momento! Quer dizer que você o entende muito melhor do eu? Eu não acredito nisso — Caminho de um lado para outro da sala inquietamente — Fala a verdade agora! Vocês se falavam a longa distância, não é? Se encontravam pelas as minhas costas? Mas é claro que sim! Agora tudo faz sentido! É claro que ele me traía com você.

— Não! Não é nada disso! Eu nunca-

— NÃO MINTA PARA MIM PORRA! — Eu rasguei o divã ao puxa-lo com raiva. Não tinha notado o quanto as minhas unhas tinham crescido de um momento para o outro.

— O que está acontecendo aqui? — Aos escutar os berros, minha mãe veio para a sala acompanhado de meu pai e Seth. Ela ficou entre mim e Emily que havia se afastado mais e agora me olhava com uma expressão de espanto. — Leah, olha o que você fez! Você precisa se acalmar, já!

— Por quê? Qual motivo eu tenho para ficar calma? Vocês querem que eu me sinta feliz? Querem que eu me sinta feliz sabendo que o meu namorado e minha prima estavam me fazendo de idiota esse tempo todo enquanto se pegavam nas minhas costas? — Eu bati na mesa com tanta força que ela se desmontou completamente apenas com a força do impacto. Como eu estava tão irritada, nem dei importância para aquilo e continuei andando de um lado para outro da sala, agora ainda mais agitada. — Eu fui enganada durante anos por esses cretinos e descartada pelos os dois como um brinquedinho imprestável, e ainda tenho que lidar com isso de maneira calma? Não, não, não. NÃO! EU NÃO VOU FICAR CALMA ATÉ FAZER VOCÊS PAGAREM CARO PELO O QUE FIZERAM COMIGO-

Inesperadamente, eu não consegui dizer mais nenhuma palavra porque agora não conseguia parar de gritar de dor.

Sabe aquela sensação de quando você está com tanta, tanta, tanta raiva que sente que sua cabeça vai explodir? Foi quase o que eu estava sentindo. Mas ao invés de só a cabeça, eu sentia que o meu corpo todo estava explodindo.

Conseguia sentir cada osso meu da cabeça aos pés se partir ao meio, e a minha pele se rasgar junto com os meus músculos.

Eu ainda conseguia enxergar, mas não conseguia entender direito o que estava enxergando, porque tudo naquela sala parecia menor do que era há um minuto atrás.

As paredes e o teto estavam se encolhendo e me sufocando, então eu me atirei para fora da porta desesperadamente em busca de ar. Foi quando eu percebi que meu corpo não era mais o mesmo. Ele estava coberto de pelo parecendo ser de algum animal. Eu não conseguia andar, nem falar ou respirar direito. Tudo o que eu fazia era só me arrastar e gemer de dor enquanto tinha um vislumbre distorcido dos meus pais paralisados e me olhando com a expressão mais assustadora que eu já tinha visto deles.

Eles me olhavam como se eu fosse um monstro.

A dor insuportável estava me fazendo perder a consciência, e eu sabia que eu ia morrer ali, mas antes de fechar completamente os meus olhos, podia jurar que vi meu pai caído no chão enquanto minha mãe e meu irmão gritavam o seu nome...

Minha Loba Rebelde (My Rebel Wolf Girl)Onde histórias criam vida. Descubra agora