☀︎︎Any Gabrielly
📍Ano de 1976
Maldito fax! Eu não lidava bem com a tecnologia e não estava com muita paciência para lidar. Era a terceira vez que o papel emperrava e era o terceiro soco que eu deferia contra a máquina. Se o meu chefe me visse agora, eu com certeza estaria com as orelhas quentes.
O motivo da minha irritação não era só a minha falta de prática em lidar com o aparelho à minha frente e nem mesmo o meu trabalho deprimente como coordenadora de RH de uma rede de supermercados. O meu estresse tinha uma raiz bem mais profunda e ela se chamava família Beauchamp
Quando atendi o telefone de manhã e ouvi o convite feito por Amelia, eu quis recusar.
Não, Lia, eu não vou para a sua festa de seis anos de casamento com o Nathan porque eu detesto ter que fingir estar feliz por vocês.
Mas ao invés disso, eu deixei minha voz em um tom bom o suficiente para que ela achasse que eu estava animada e me ofereci para levar a lasanha. Sempre a amiga perfeita, o quebra-galho de todos, o ombro onde chorar, nunca a namorada de alguém.
Não que eu não tivesse tentado. Eu saí com alguns homens ao longo desses anos e todos os meus encontros foram ruins. Eu tinha uma longa lista de jantares com piadistas péssimos, homens mais burros que uma porta, safados demais e até um que me tratou como se eu fosse sua mãe (bizarro). De uns tempos pra cá, eu só desisti de tentar. Melhor só do que mal acompanhada, certo?
Infelizmente o homem certo para mim escorregou entre os meus dedos quando eu resolvi apresentá-lo para a Amelia, minha incrivelmente linda e popular melhor amiga. A culpa não era dela se eu fui covarde demais para admitir meus sentimentos por Nathan mais cedo. Mesmo ela sendo minha melhor amiga, eu nunca fui capaz de contar sobre esse interesse romântico porque eu achava que tinha que guardar para mim. Guardei tanto que acabei perdendo.
Eu não a odiava, ao contrário. Amava Lia como se fosse minha irmã desde que nos conhecemos no jardim de infância. E era por amá-la tanto que eu continuava em sua vida, sofrendo internamente e sorrindo por fora enquanto a via agarrar o homem que eu amava.
Fiquei ao lado dela mesmo me ferindo a cada conquista. Vi ele pedi-la em namoro no baile de primavera do colégio, vi ele pedi-la em casamento durante o aniversário de dezoito anos dela, fui madrinha do casamento deles, vi eles comprarem a primeira casa e terem o primeiro filho. Ah, meu pequeno Victor! Eu também amava aquele menino, mesmo ele sendo fruto de um amor que me feria.
Terminei o meu expediente e saí do trabalho direto para casa. Assim que entrei, joguei minha bolsa no sofá e chequei as mensagens na secretária eletrônica.
- 𝒐𝒊, 𝑨𝒏𝒚, 𝒆 𝒂 𝒎𝒂𝒎𝒂̃𝒆. 𝑨 𝑩𝒍𝒂𝒏𝒄𝒂 𝒒𝒖𝒆𝒓 𝒎𝒖𝒊𝒕𝒐 𝒊𝒓 𝒂𝒐 𝒂𝒏𝒊𝒗𝒆𝒓𝒔𝒂́𝒓𝒊𝒐 𝒅𝒐𝒔 𝒃𝒆𝒂𝒖𝒄𝒉𝒂𝒎𝒑'𝒔, 𝒎𝒂𝒔 𝒆𝒖 𝒆𝒔𝒕𝒐𝒖 𝒕𝒓𝒂𝒃𝒂𝒍𝒉𝒂𝒏𝒅𝒐 𝒆𝒎 𝒖𝒎 𝒄𝒂𝒔𝒐 𝒊𝒎𝒑𝒐𝒓𝒕𝒂𝒏𝒕𝒆 𝒆 𝒏𝒂̃𝒐 𝒑𝒐𝒅𝒆𝒓𝒆𝒊 𝒊𝒓.𝑽𝒐𝒄𝒆̂ 𝒑𝒐𝒅𝒆 𝒍𝒆𝒗𝒂́-𝒍𝒂?
Fiz uma nota mental para não esquecer de fazer isso. Minha irmãzinha só tinha cinco anos - a mesma idade do pequeno Victor - mas já tinha seu grau concentrado de estresse, algo que eu e ela herdamos da nossa mãe que era uma advogada que você detestaria enfrentar. Talvez ela seja tão rígida por ser uma mãe solteira. Meu pai foi embora com a amante quando eu tinha doze anos e o pai da Blanca caiu fora quando minha mãe contou da gravidez. Desde então, tem sido só nós três. Talvez o azar no amor também seja hereditário.
Pobre Blanca...
-𝑨𝒏𝒚, 𝑨𝒎𝒆𝒍𝒊𝒂 𝒇𝒂𝒍𝒂𝒏𝒅𝒐! 𝑺𝒆𝒊 𝒒𝒖𝒆 𝒏𝒂̃𝒐 𝒈𝒐𝒔𝒕𝒂 𝒅𝒆 𝒔𝒖𝒓𝒑𝒓𝒆𝒔𝒂𝒔, 𝒆𝒏𝒕𝒂̃𝒐 𝒂𝒄𝒉𝒆𝒊 𝒎𝒆𝒍𝒉𝒐𝒓 𝒂𝒗𝒊𝒔𝒂𝒓 𝒒𝒖𝒆 𝒐 𝑷𝒂𝒖𝒍 𝒆𝒔𝒕𝒂́ 𝒏𝒂 𝒄𝒊𝒅𝒂𝒅𝒆 𝒆 𝒗𝒆𝒎 𝒑𝒂𝒓𝒂 𝒂 𝒇𝒆𝒔𝒕𝒂- riu. - 𝑷𝒐𝒏𝒉𝒂 𝒂𝒒𝒖𝒆𝒍𝒆 𝒗𝒆𝒔𝒕𝒊𝒅𝒐 𝒂𝒛𝒖𝒍 𝒒𝒖𝒆 𝒍𝒉𝒆 𝒄𝒂𝒊 𝒃𝒆𝒎.
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𝗘𝘀𝘁𝘂́𝗽𝗶𝗱𝗼 𝗖𝘂𝗽𝗶𝗱𝗼 (𝑎𝑑𝑎𝑝𝑡𝑎𝑐̧𝑎̃𝑜 𝑏𝑒𝑎𝑢𝑎𝑛𝑦)
Fanfiction𝐁𝐞𝐚𝐮𝐚𝐧𝐲 📍Pasadena, Califórnia ✧*° Para onde vamos quando morremos? Essa é uma pergunta que todo mundo já se fez em algum momento. Any não pensava muito no que viria depois que seu coração parasse de bater, porque agora ele estava ocupado...