O Choro

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Eles caminharam de volta para dentro da casa, quando atravessaram aquela enorme porta, Gaara direcionou seu olhar para um relógio antigo estilo ansonia, que estava preso à parede; ele era rodeado por uma "caixa" de carvalho escuro que tinha uma pequena portinha de vidro, o relógio era de prata, com uns detalhes em marrom, ele também continha três ponteiros: os dos segundos, dos minutos e das horas.

  O relógio marcava quatro e quarenta da tarde, perto do horário em que Guren lhe designou a voltar para casa. Murmurou um baixo "tchau" para Shisui e saiu dalí, indo direto para seu quarto.

  Ao atravessar a porta de seu quarto, ele a trancou e se permitiu deitar na cama. O Sabaku ficou pensando naquele jardim que estava fechado havia dezessete anos. Foi então que ele teve uma ideia, iria sair escondido e ver o que tinha naquele jardim, afinal, não conseguiria dormir pensando sobre tal lugar.

  O ruivo colocou travesseiros em sua cama, cobrindo eles em seguida; já havia trancado a porta antes, mas caso Guren tivesse uma chave reserva, ele queria estar preparado. Depois disso ele abriu a janela, saindo de mansinho e caminhando sorrateiramente até a parte de trás da charneca.

  Percorreu algumas alamedas e atravessou portas até avistar um homem aparentemente da idade de seu tio, com uma pá apoiada ao ombro. Ele se assustou ai vê-lo.

─ O que tem aí dentro? ─ perguntou ele, apontando para uma porta verde.

─ Outro jardim. Há outro jardim do outro lado da parede, e o pomar fica do outro lado dela.

  Gaara entrou no pomar e viu acima da parede, do outro lado, alguns galhos de árvores, com um passarinho de peito vermelho pousado num deles. De repente, o pássaro começou q cantar. O menino se voltou para o rapaz e perguntou:

─ Eu fui até o pomar e não vi uma porta na parede para atravessar até o tal jardim. Mas tem árvores, ali, e um passarinho de peito vermelho pousado num galho. Que pássaro é aquele?

Ocê num sabe? É um pintarroxo. Eu sou Asuma Sarutobi, o jardineiro. Ocê é o garotinho que veio da Índia à sete anos?

  Gaara assentiu. O jardineiro apontou para o pássaro e disse:

─ Ele é um dos meus únicos amigos.

─ Eu não tenho amigos. ─ disse Gaara, ainda olhando para a pequena ave.

─ Por que vosmecê não faz como Shisui, que conversa com os bichos selvagens? Ou tenta conhecer os outros irmãos de Guren?

─ Prefiro ficar sozinho, amigos são irritantes.

  O pintarroxo voou sobre o muro.

─ Ele vive do outro lado ─ disse Asuma ─, no meio das roseiras.

─ Das roseiras? ─ repetiu Gaara, anômalo. ─ Eu gostaria de vê-las; deve haver uma porta em algum lugar.

─ Ninguém consegue encontrar essa porta, e isso não é assunto pra ninguém. Ocê deve ir entrar agora, eu num tenho tempo a perder. ─ disse acendendo um cigarro, enquanto caminhava para longe dalí.

  O Sabaku voltou correndo para seu quarto, entrando pelo mesmo lugar que saiu. Deu graças a Deus quando voltou e estava tudo do jeito que ele havia deixado, pegou um pijama qualquer, caminhou até o banheiro e tomou um banho rápido, se vestindo assim que saiu.

  No dia seguinte, Gaara tomou um bom café e concluiu que, se ficasse no quarto, não teria nada pra fazer, então saiu para caminhar.

  O ruivo odiava o vento, mar o ar fresco fazia-lhe bem aos pulmões e deixava seu rosto bem rosado. O garoto passava o tempo todo caminhando ao ar livre, e quando dava cinco horas, ia correndo para casa tomar um banho, e na hora do jantar, estava faminto pela sopa. Numa noite de muito vento, perguntou a Guren por que o Sr. Namikaze odiava tanto o jardim. A criada contou-lhe que a mulher dele havia morrido dezessete anos antes, quando um galho de uma árvore que ela gostava de se sentar, se quebrou. Gaara olhou o fogo da lareira e ouviu o vento uivando lá fora. Então ele escutou algo mais.

─ Você estava escutando um choro? ─ perguntou à Guren.

─ Não ─ a criada respondeu rapidamente ─, é só o vento. Às vezes ele soa como alguém perdido na charneca.

─ Preste atenção, Guren ─ ressaltou Gaara ─, o choro vem de dentro de casa!

─ É só o vento ─ respondeu a criada, irritada. O Sabaku não acreditou que ela estivesse dizendo a verdade, porém não a contrariou para não causar uma briga.

  No dia seguinte, como chovia, Gaara passou a manhã perambulando pelo casarão. Perdeu-se duas ou três vezes, mas acabou encontrando o caminho até o seu andar. Foi então que ouviu um grito.

  Encostou a mão na parede ao lado. Um tapete recobria uma porta que levava a um corredor. A empregada vinha descendo em sua direção com a cara emburrada e logo foi puxando Gaara pelo braço.

─ Entrei no corredor errado ─ disse Gaara ─, e ouvi aquele mesmo choro novamente.

Ocê não ouviu nada, menino, e vai voltar pro seu quarto agora mesmo ─ disse Guren, arrastando-o.

  O menino sentou-se na cama, revolto de raiva, e disse para si mesmo: ─ Havia, sim, alguém chorando!

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⏰ Última atualização: Dec 16, 2021 ⏰

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