O inicio de tudo: parte 2

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Na manhã seguinte, quando Gaara abriu os olhos, uma jovem arrumadeira limpava a lareira. Pela janela, o Sabaku pôde ver um vasto terreno sem árvore alguma. Pareceu-lhe um infindável e melancólico mar arroxeado.

─ Esta é a charneca, o nosso pântano. ─ explicou Guren, a empregada, com um sotaque diferente. Ocê gostou dela?

─ Não ─ respondeu o menino. ─, eu odiei. ─ cruzou os braços, ainda olhando pela janela.

─ Deve ser porque ocê não está acostumado ─ disse a moça. ─ Mas ocê vai gostar.

─ Quem vai me vestir? ─ disse o garotinho, enfezado.

Ocê não sabe punhá suas ropa?

─ O que você está dizendo? Não entendo sua língua! ─ vociferou Gaara.

─ Pergunto se ocê não pode vestir as ropa.disse apontando para as peças de roupas, que estavam sobre o pequeno criado mudo.

─ Claro que não! Nunca fiz isso em toda a minha vida. Minha babá é que me vestia. ─ bateu um de seus pés no chão.

─ Bem ─ respondeu Guren. ─, já na hora de ocê aprender. Vai ser bom pra vosmecê se virar sozinho.

Gaara mal acreditava no que estava ouvindo.

No início, não se interessou pela criada. Mas, depois de alguns minutos, começou a prestar atenção nas histórias que ela contava sobre sua casa, seus três irmãos e duas irmãs de consideração, e como eles brincavam o dia inteiro na charneca.

─ Meu irmão Shisui está com onze anos e tem um pônei pequeno, que encontrou na charneca. O animal pegou amor nele, segue ele pra todo lado é deixa ele montar nele. Meu irmão é um bom camarada, todos os bichos gostam dele.

O menino começou a ficar curioso a respeito de Shisui.

7 anos mais tarde.

Gaara já estava com 16 anos. Viveu todos esses longos e cansativos 7 anos nos cômodos em que Karin lhe ordenou. Raramente via seu tio Minato, e todas as vezes em que lhe via, eram poucos diálogos que trocavam. Nunca havia saído para a charneca, o enorme terreno que tinha lá fora, e também, nunca teve interesse em sair, até aquele dia.

Depois de comer, Gaara correu até o quarto e vestiu um casaco, pois estava ventando lá fora. Depois disso, saiu a procura de Guren, que ainda trabalhava lá.

─ Guren? Guren?? ─ caminhava pelo corredor, procurando a criada pela qual havia se apegado durante esses anos.

─ Estou aqui, menino Gaara ─ saiu da cozinha secando as mãos em um pequeno pano. ─, por que vosmecê está me gritando feito um doido pela casa?

─ Eu queria lhe perguntar se podia ir lá fora um pouco. ─ se escorou na parede, observando Guren. Ela tinha longos cabelos lilás, que estavam sempre presos em um rabo de cavalo desajeitado, olhos negros e pele clara, igual a sua. ─ Sempre fico aqui dentro preso, hoje me deu uma vontade de tomar ar fresco.

A criada olhou para ele por alguns instantes, falando em seguida:

─ A sinhár Karin não vai gostar nada disso... ─ passou as mãos nos cabelos. ─ promete não contar pra ela?

Gaara assentiu rapidamente. ─ Minha boca é um túmulo! ─ passou a mão sobre os lábios avermelhados, fingindo estar fechando um zíper.

Guren sorriu diante do gesto. ─ Vá menino, mas volte antes das cinco. ─ disse colocando o pano sobre o ombro direito.

Sabaku saiu correndo pelo corredor, até a enorme porta da entrada. Soltou um leve suspiro e abriu, passando por ela lentamente enquanto olhava o vasto terreno. A grama estava um verde bem morto, sem nenhuma flor ou árvore por alí. O céu azul que estava começando a ficar cinza, devido à tempestade que se aproximava. Ele levou um de seus pés até a grama, dando passos lentos, tentando se acostumar com tudo aquilo, pois havia passado tanto tempo trancado dentro que casa, que não se lembrava mais da sensação de pisar em uma grama, ou até mesmo de pegar um ar fresco.

Um pouco longe dalí, avistou um belo rapaz. Relutante Gaara caminhou até ele, o menino tinha cabelos negros, olhos da mesma cor e pele clara, assim como todos que ele tinha conhecido alí. O mesmo estava usando uma camisa de manga longa marrom, uma calça jeans escura e um tênis preto.

─ Olá. ─ Gaara disse tentando chamar a atenção do estranho. ─ Ei? Tá me escutando? ─ disse um pouco mais alto. ─ Eu tô falando com você! ─ esbravejou, assustando o rapaz.

─ Mas nossa senhora, pra quê isso tudo? ─ virou-se, ficando de frente para o Sabaku.

─ Eu estava te chamando, não escutou!?

─ Não. ─ disse calmamente, voltando a olhar para o pônei. ─ Pelo temperamento curto, suponho que seja Sabaku no Gaara, estou certo? ─ deu um pouco de grama para o animal comer. ─ Prazer, me chamo Shisui Uchiha.

─ Como sabe meu nome? ─ disse ignorando completamente a apresentação de Shisui.

─ Minha irmã vive falando de ocê e de seu temperamento. ─ falou se referindo à Guren, e Gaara murmurou um "hum" baixinho.─ Quer que eu apresente o terreno pra ocê?

O ruivo apenas concordou com a cabeça e eles começaram a andar. Shisui foi apresentando cada canto do jardim pra ele, e hesitou um pouco antes de mencionar que havia um jardim que ninguém visitava fazia dezessete anos ─ um jardim coberto de belas rosas, que agora permanecia fechado e esquecido.

─ Por quê? ─ perguntou o menino.

─ O sr. Namikaze fechou ele depois da morte de sua esposa. Esse era o jardim dela. Ele trancou a porta, fez um buraco e enterrou a chave. Agora, vamos embora, daqui a pouco é a hora da janta.

O Jardim Secreto Onde histórias criam vida. Descubra agora