One Shot

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Andando pelas ruas sem um rumo especifico em sua mente o garoto olha para cima vendo a noite estrelada como nunca antes, seus pensamentos suicidas aumentavam a cada segundo que se passava, fechando o punho fortemente ele olha para frente notando a saída da cidade.

"É realmente uma última noite perfeita"

Agora tendo um destino ele andava rapidamente para seu destino final, ele sabia que precisaria se despedir de ninguém, suas cartas de emergência fariam isso por ele. Já no início da ponte seus passos se tornaram mais curtos, como se estivesse prologando o inevitável, como se ainda tivesse um pouco de esperança nele a espera de algo que o impedisse, olhando para seus pés ele suspirou até que notou alguém atrás de si.

Parando de andar e erguendo a cabeça ele questionou – O que está fazendo aqui? – Se virando a finalmente olhando, ele viu uma versão mais nova de si mesmo, não aparentava ter mais que onze anos, ele usava um fofo macacão jeans junto de um fofo moletom amarelo de patinho.

– Vim dar um passeio – Disse arrumando suas roupinhas tamanho P, era uma criança realmente muito fofa.

"Eu era assim? A roupa é até que bonitinha..."

– Eu realmente não sei como vim parar aqui, eu só sei que somos a mesma pessoa.

– O que... Faz tempo um tempo que não faço isso, mas lá vamos nós – Estendendo sua mão na direção do garoto um "holograma" de relógio aparece nas pontas de seus dedos, girando sua mão o tempo no relógio também mudava – Como ainda está aqui?

Nesse mundo algumas famílias possuem uma coisa que chamam de dom, esses dons são passados de geração em geração, como algo genético.

– E-eu não sei! – A criança falou alto o suficiente para ser ouvida até mesmo na próxima rua.

– Não comece, o que veio fazer aqui? – Perguntou colocando as mãos nos bolsos, ele usava uma touca verde da Billie Eilish escondendo seu cabelo.

– Vim garantir meu futuro – Respondeu com um sorriso segurando a barra do casaco que o maior usava.

        O mais velho começou a andar para seu destino anterior, não era sua versão mais nova que iria impedi-lo de fazer o que queria,

[...]

– Ei, você vai mesmo pular daqui? Me parece um pouco alto não? – Perguntou o garotinho a sua versão mais velha.

Os dois garotos ali eram quase idênticos, sendo diferentes por alguns detalhes como a altura, o cabelo tingido de azul, piercings nas orelhas e boca. Ambos estavam sentados na beira de uma ponte, a mesma era um pouco afastada da cidade, em sua entrada para ser especifico, ainda era possível vê-la, ali era lugar conhecido por seus inúmeros casos de suicídios e acidentes, lugar onde o garoto já havia ido com alguns amigos apenas para curtirem.

– Faria a mesma coisa se estivesse no meu lugar... E vai estar, um dia – Um breve sorriso passou em seus lábios, olhando para baixo ele viu a rasa corrente de água meio escura, a ponte era realmente alta. Seus pés balançavam para frente e para trás o olhar puro do mais novo era calmante para o outro.

Sem uma resposta o mais novo se levantou ficando sobre o batente andando nele com seus braços esticados para os lados a procura de equilíbrio – Então não vai ligar se eu pular? – Se virou olhando para o sol que estava começando a nascer, a cidade quieta e serena era como uma festa de luzes, o sol reluzia nas inúmeras vidraças dos altos prédios.

– O que? Pular? Você não teria coragem... – Seus olhos sem vida repousaram no menor, seu casaco escondia seu corpo machucado, o capuz seu cabelo e parte do rosto, as mangas arregaçadas revelavam seus cortes.

– Se eu pular agora, vai ser como se nada do que você viveu tivesse acontecido um...

– Um paradoxo – Ele o interrompeu, seus olhos não se enxergavam mais, aquele não era ele, ao menos não mais. Desde pequeno ele gostava da teoria do tempo e espaço, uma serie que despertou seu interesse foi Doctor Who, serie do ano de 2005, passando sua mão pelo pescoço lembrando da tatuagem que fez em homenagem a série – Não posso pedir isso para você, não seria justo, ainda tem algumas coisas que você vai gostar de viver.

– Tem certeza? Você não me parece feliz com o que viveu, o que aconteceu com a gente? – Voltou ao seu lugar ao lado do outro, ele encostou sua cabeça no ombro do mais velho com uma feição calma.

– Muita coisa... Nem sei por onde começar... Tivemos nosso coração partido muitas vezes, algumas delas foram engraçadas se parar para pensar, nossa família não é tão boa quanto pensávamos, descobrimos que temos algumas doenças...

– Doenças? – A criança perguntou aparentado estar cansado ali, era bem tarde para um garotinho estar acordado.

– Sabe.... Algumas pessoas são especiais e elas pensam de uma forma diferente das outras, por isso estamos sozinhos...

– Isso não faz sentido... – Sua voz estava sonolenta e fraca – Mas por que estamos sós? Temos amigos – O sorriso do mais velho sumiu lentamente ao relembrar de cosia do passado que ele tanto lutou para esquecer – O que foi? Você está de mal com eles? Tudo bem, amanhã el...

– COMO VOCE É IRRITANTE! – Gritou o interrompendo e consequentemente assustando o mais novo, se acalmando ele cobriu o rosto com as palmas das mãos – Nem sempre as pessoas voltam, as vezes elas não querem voltar... Sabe... Era mais fácil antes, quando no dia seguinte todos voltavam a se falar, como se o ontem tivesse sido apenas um pesadelo medonho.

– Você deveria tentar ver o lado bom, sei que não entendo muito bem sobre esses problemas de adulto, mas sei que somos muito fortes por aguentar tudo isso.

– Isso é fofo da sua parte pequeno eu – O menor se deitou no colo do outro enquanto sumia lentamente – Acho que você está voltando... – Disse começando a fazer cafuné no outro.

– Sabe quando eu crescer quero ser como você... – Essas foram suas últimas palavras antes de sumir por completo.

Se levantando e retirando o capuz ele olhou para o sol e em seguida para baixo – Merda – Disse sorrindo limpando as lagrimas no rosto.

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