Capítulo 12

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Depois de todas as funções diárias, pego um caderno e rabisco pequenos traços, linhas tênues, fracas, apenas um esboço. Deles saíram um rosto, apenas o formato, depois um sorriso, um olhar, traços rápidos mas que formaram exatamente aquele rosto, e parecia que ele olhava pra mim da forma que sempre olhou, com carinho. Colei-o na parede e o encarei mais um pouco, decidido que as coisas mudariam. Eu contaria a verdade, eu seria eu mesmo, eu viveria a vida.

Palavras escapam entre os dedos, gestos saem sem pensar, mas não acredito que na vida nada seja sem propósito, as coisas acontecem de maneiras estranhas, mas com motivos.

Presentes são dados para lembrarmos com carinho e não com dor, toques são feitos pra serem recíprocos, e se não for é um toque desesperado, não bem-visto, as coisas são caóticas ou não?

Vou ao quartinho e pego meu violino, posiciono, mas me sinto sem forças pra tocá-lo, então só o seguro mais um pouco, e mais um pouco. Me agarrando a lembranças que já se foram, já passaram, estagnaram no passado e não se repetiram. Engulo a seco e olho a janela de Hanna, quarto vazio .Suspiro mais de uma vez e ponho o instrumento no chão, cada cosinha me lembra de você meses, objetos, presentes, memórias que vem e vão.

Minha mãe bate a porta, com a mão pesada, e ela me olha preocupada. E o que veio depois, só amargou minha boca .

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