03. Conte as estrelas

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Oi. Quanto tempo, hein? Bom, esse capítulo aqui é só mais um pontapé para ambientar mais a história e inserir um pouco mais do enredo (lembrando que EDG não é uma estória com um enredo espetacular porque esse não é o foco, então não criem muitas expectativas sobre isso).

Sobre o capítulo em si: está com o selo solvzinha de sofrimento. Boa leitura.

[1] hāedar = irmã mais nova  (o idioma é High Valyrian, de GOT, caso alguém se interesse. Vai aparecer por aqui de vez em quando).

A neve nunca cessava na Fortaleza Uchiha

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A neve nunca cessava na Fortaleza Uchiha.

Minúsculos flocos de neve continuavam a cair do céu como se não soubessem fazer outra coisa; eles paravam sobre os galhos congelados da floresta invernal e, após alguns instantes, derretiam em água, apenas para tornarem-se gelo.

Sob o véu da noite, a aparência era quase sublime. As estrelas pontilhavam o céu escurecido pela falta do sol assim como a neve pontilhava cada centímetro da Fortaleza Uchiha. A lua brilhando acima de todos como a dama da noite, como o único ser que as estrelas adoravam, destacava-se em toda a paisagem quase sobrenatural; sua luz refletia no mundo para iluminá-lo, e sua resplandecência solitária espelhava os melancólicos olhos de Naruto, azuis como o mar que banha o oceano e profundos como as águas dele.

Ele sabia que estava ali há bastante tempo. Provavelmente adoeceria. Entretanto, não conseguiu evitar o impulso de se esgueirar para a janela naquela noite gélida, como usualmente vinha fazendo, e observar aquele panorama de cores frias. Podia sentir o vento álgido no rosto, bagunçando os fios de seu cabelo, serpenteando seu corpo e ciciando segredos vis em seu ouvido.

Aquela era, talvez, sua atividade preferida desde que chegara naquele lugar — não que tivesse muitas coisas para fazer, ou que soubesse fazer muitas coisas. Naruto jamais teve a oportunidade de desenvolver um hábito ou uma paixão, como sabia que muitas pessoas desenvolviam.

Ele sabia que gostava de algumas coisas: música, por exemplo. Nas poucas vezes em que teve a oportunidade de escutar o som de um instrumento musical, como o alaúde, Naruto se intrigou. Gostava de ouvir os bardos cantarem sobre suas aventuras pelo mundo, sobre suas histórias que, apesar de falsas, eram tão bem contadas que podiam emergir qualquer um nas palavras sedutoras e sagazes.

Mas Naruto não tinha conhecimento sobre muitas coisas; não havia necessidade de ele aprender algo quando não passava de um pequeno desafortunado no qual as pessoas gostavam de colocar os pés para se sentirem poderosas.

Observar a neve talvez fosse o melhor hábito para ele.

A neve era solitária e miserável, mesmo entre tantas iguais a ela, mesmo possuindo tantos admiradores. Pois a admiravam por sua beleza, por sua frieza, mas não pelo que ela era de fato. E na mesma medida que a admiravam, também a detestavam — detestavam as doenças que ela trazia consigo, detestavam as dificuldades e consequências que carregava em seu cerne.

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