Gatinho laranja;

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Depois de oito meses vivendo na casa de Chan e Felix, Binnie havia se tornado um gatinho gordo e preguiçoso.

Sua rotina diária consistia em: acordar pela manhã para tomar um copinho de leite morno feito por felix; voltar a dormir no meio da cama de casal; levantar ao meio-dia para fazer sua primeira refeição completa, enquanto cutucava, com suas meias em xadrez, as pernas de Chris por debaixo da mesa; dormir até que Felix chegasse em casa e então o Lee decidia o que eles iriam fazer a noite.

Com aqueles quatro bimestres de convivência, muita coisa havia mudado e os três integrantes da pequena família haviam aprendido bastante um sobre o outro:

- Felix havia descoberto que híbridos eram muito comuns naquele lado da Ásia e que eles, muitas vezes, viviam normalmente entre os humanos comuns, escondendo suas características híbridas;

- Lee também havia conseguido conversar com um médico que, sabe-se deus como, especializou-se no cuidado de híbridos e convencer ele a lhe dar um pequeno curso para que Felix soubesse ao menos como lidar com eles;

- Em algum momento da conversa com o médico, Felix tocou no assunto de relacionamentos e o doutor esclareceu que não era algo raro que híbridos, em sua forma humana, se apaixonassem por humanos comuns e se relacionassem com eles. Não havia problema, desde que os ambos fossem adultos e concordassem. (Felix suspirou tão alto nessa hora que chegou a assustar o médico.);

- Binnie se sentia mais confortável na presença dos dois parceiros, o suficiente para contar um pouco sobre seu estranho passado em um orfanato, além das lembranças rasas que ele tinha sobre os seus pais que sumiram quando ele ainda era um bebê;

- Também contou sobre as poucas experiências de meses que teve com certos donos, que sempre acabavam com ele posto para fora no momento em que descobriam seu lado humano. Algumas foram boas e outras muito ruins, mas nenhuma foi tão aconchegante para ele quanto a que estava tendo na casa dos australianos (ele contou com as bochechas rosinhas e ganhou muitos beijos por isso);

- Binnie havia parado definitivamente de chamá-los de papai e mamãe, para o terror de Christopher que já tinha se acostumado com o apelidinho e o amava, porque ele já se sentia como parte do casal e não achava que tinha a necessidade do uso da mesma tática que fez ele ficar com seus antigos donos (que consistia em agir como bebê deles, porque os humanos gostavam muito de tratar seus bichinhos como filhos);

- Os três descobriram juntos o motivo do híbrido ter ficado tão eriçado de repente: o período de cio. Fato que lhes pareceu muito óbvio depois de ouvirem pela primeira vez, afinal Binnie não era um gatinho castrado e nem estava interessado em ser. Gostava de como seu corpo, nessa época, ficava excitado ao sentir o cheiro do perfume forte de Christopher misturado com o floral de Felix, de como ficava manhoso e da maneira como Lee e Bang cediam facilmente ao seu dengo, portanto continuariam assim. Estava satisfeito com sua vida atual, então para que mudar? Ser só um humano gatinho sem aproveitar de certos prazeres era sem graça demais.

Apesar de todas as dificuldades encontradas nesses meses, eles estavam vivendo muito bem. Aos seus vinte e cinco anos humanos, o que dava, mais ou menos, dois anos de gato, Binnie era um grande amante de desenhos, dos mais infantis, jardineiras com moletons em cores vibrantes e canudinhos. Quando Chris encerrou parcialmente seu trabalho e saiu do estúdio para ir ao quarto, encontrou o gatinho no meio da cama todo enrolado, assistindo a mais um de seus desenhos, com suas bochechas grandes e nariz pintados de vermelho por culpa do frio. Sorriu com a cena; às vezes ele conseguia ser a coisa mais fofa do mundo.

- Você está bem, gatinho? - Aproximou-se da cama, ganhando um espaço entre os lençóis para conseguir abraçar o híbrido.

- Estou com fome. Você não quer preparar alguma coisa para mim, Chris?

Black Cat; 2ChanLixOnde histórias criam vida. Descubra agora