"Freqüentemente me sentia como se estivesse na forca, com uma corda ao redor do pescoço.” Era assim que, mais tarde, John Bunyan recordava a possibilidade de sua morte por enforcamento, enquanto permanecia numa fria cela de prisão durante os anos 1660. Sua recusa em desistir do chamado de Deus, para ser evangelista e pregador, o conduziu ao aprisionamento
em 1660, com um subsequente encarceramento por doze longos anos, durante os quais ele poderia enfrentar uma possível sentença de morte por enforcamento.
Quando John Newton (1725-1807), o famoso lider evangélico do século seguinte e autor do famoso hino Graça Eterna, refletiu sobre este período extremamente difícil na vida de Bunyan, observou: “O Senhor tem razões, muito além de nossa compreensão, para abrir uma imensa porta, enquanto fecha a boca de um pregador útil. John Bunyan não teria realizado a metade do bem que fez, se tivesse continuado a pregar em Bedford, em vez de ficar calado na prisão desta cidade".
O que Newton provavelmente tinha em mente eram os dois clássicos evangélicos escritos por Bunyan, como resultado de seu aprisionamento, de 1660 a 1672 - ou seja, o relato de sua conversão, intitulado Graça
Abundante Ao Principal dos Pecadores (1666), do qual este livro é uma apresentação moderna, e O Peregrino (1678 e 1684) Através dos séculos,
a visão contida nesses dois livros tem alimentado crentes e os tem encorajado em sua peregrinação cristã. Mas como foi exatamente que Bunyan veio a ser preso?Os primeiros anos de Bunyan
Bunyan nasceu no vilarejo de Elstow, no condado de Bedford, em 1628, e cresceu nesse ambiente rural. Foi à escola até à idade de nove ou dez anos, e isso foi o suficiente para ele aprender a ler e a escrever. Tirado
da escola por seus pais, quando ainda era menino, seguiu a profissão de seu pai como “latoeiro”, isto é, consertador de vasilhas e panelas velhas
Contudo, muito de seu tempo, nos anos de adolescência, foram gastos, como ele mesmo admitiu, em desordem e rebeldia.
Quando tinha dezesseis anos de idade, sua mãe faleceu, e seu pai casou-se novamente no mesmo ano. talvez isto tenha antecipado a sua decisão de abandonar o lar e tomar parte na Guerra Civil que estava
transtornando a sociedade britânica. O conflito entre o rei Charles I e seu Parlamento se originara por motivos religiosos e causou destruição desde
1642 até 1651. Aqueles que se opunham ao rei faziam-no pela causa da liberdade religiosa. A vitória do Parlamento, em 1651, c o subseqüente decreto de Oliver Cromwell (1599-1658) trouxeram á Inglaterra e ao Pais
de Gales a maior liberdade religiosa que se conhecia até aquele momento.
O quanto Bunyan realmente presenciou na guerra é um assunto de debate entre os estudiosos. Nenhuma batalha significativa era travada
próximo a Newport Pagnell, onde ele estava posicionado. Bunyan nao se refere a nenhum conflito militar especifico. Mas o realismo das cenas de combate em suas alegorias posteriores, como The Holy War (A Guerra Santa - 1682), levou alguns eruditos a pensar que Bunyan viu, de fato, alguma batalha. Bunyan menciona em Graça Abundante Ao Principal Dos Pecadores que tinha de ir a um cerco, para o qual havia sido designado como sentinela. Outro soldado perguntou se poderia ir em seu lugar. Não sabemos por que, mas Bunyan trocou de lugar com ele. Naquela mesma noite o homem foi baleado na cabeça e morreu. Anos depois, Bunyan
recordaria esse livramento providencial como uma das misericórdias de Deus demonstradas a ele, mesmo quando ainda era inimigo de Cristo.
Dispensado do exército no fim dos anos 1640, retornou ao lar em Elstow, para casar-se, estabelecer-se e continuar seu trabalho como latoeiro.
Bunyan casou-se duas vezes. Sua primeira esposa, que faleceu em 1658, uma moça pobre como ele, trouxe-lhe um simples dote de dois livros sobre a piedade puritana, popular naqueles dias: The Plain Man's Pathway to Heaven (O Caminho de um Homem ao Céu – 1601), de Arthur Dent, e The Practice of Piety (A Prática da Piedade – 1612), de Lewis Bayly. A história não registrou o nome de sua primeira esposa. Quatro filhos nasceram deste casamento, incluindo uma filha cega, Mary. O dote de sua primeira esposa, os dois livros puritanos, talvez tenham encorajado Bunyan a tentar ser religioso. Entretanto, durante o inicio dos anos 1650, ele foi levado a compreender que toda religião no mundo em nada contribui para estabelecer paz entre o homem e Deus, se Cristo estiver ausente do coração. Bunyan passou por um longo período de profundo tormento espiritual, o qual, mais tarde, ele registrou em Graça Abundante
ao Principal dos Pecadores, escrevendo posteriormente: "Eu estava sob grande senso de condenação e temia que, em razão de meus pecados, minha alma fosse deixada fora da glória eterna”.
Por volta de 1653 ou 1654, Bunyan chegou à época de sua vida em que sabia, por experiência própria, que Cristo havia assumido a total
responsabilidade por seus pecados, na cruz, e que agora possuia a perfeita justiça dEle, pela fé. Bunyan escreveu a respeito de sua conversão: “Senti em minha alma uma convicção interior de que a justiça do Senhor está no céu, juntamente com o esplendor e o brilho do Espírito da graça em minha alma, que me fez ver claramente que a justiça por meio da qual eu seria justificado (de tudo que me poderia condenar) era o Filho de Deus, que, em sua própria Pessoa, agora sentado à destra de seu Pai, me representava completamente diante do trono de misericórdia”. Bunyan foi batizado e uniu-se ao que é provavelmente mais bem descrito como membresia de uma igreja batista calvinista, em Bedford, pastoreada por um ex-oficial monarquista, chamado John Gifford (morto em 1655). Logo Bunyan era chamado a falar a pequenos grupos, para compartilhar seu testemunho
e pregar as Escrituras. No final dos anos 1650, Bunyan descobriu que oEspirito de Deus lhe concedera o dom de evangelismo. Veja como ele descreveu sua motivação para pregar:
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Graça Abundante Ao Principal Dos Pecadores
SpiritualUma autobiografia de John Bunyan, um grande pregador puritano batista, nascido na Inglaterra em 1628, que foi preso por pregar a Palavra de Deus, não sendo ordenado um ministro pela Igreja da Inglaterra. Publicado originalmente em 1666, o livro reve...