Como combinado, à meia-noite em ponto, Lia estacionou em frente à sede da máfia.
E, para a surpresa de absolutamente ninguém... lá estava Yan, encostado no carro dele como se fosse dono do universo.
- Nossa, chocada... Que surpresa - disse Lia, abrindo o porta-malas sem sequer fingir emoção. - Quem diria que você estaria aqui me esperando, hein?
- Também estou em choque. Meu pai me escalando pra buscar o Dante com você? Só pode ser pegadinha - respondeu Yan, carregando os equipamentos no porta malas dela.
Ele fechou o porta-malas com um baque e entrou na Range Rover como se fosse um passageiro de Uber Premium.
- Quantas horas de viagem mesmo? - perguntou, já colocando o cinto.
- Mais de oito - respondeu Lia, ligando o carro e dando partida.
- Quando cansar, me avisa que eu dirijo... - Lia só assentiu com a cabeça, impassível.
O silêncio se instalou. Um silêncio pesado. O tipo de silêncio que grita "temos muita coisa mal resolvida, mas vamos fingir que tá tudo ótimo".
O tempo foi passando e o ar dentro do carro foi ficando cada vez mais... constrangedor. Uma hora se passou, e o diálogo dos dois era digno de elevador: funcional, seco e completamente sem sal.
Yan olhava pra Lia, desviava, olhava de novo, respirava fundo, e... Nada. Parecia estar lutando internamente.
Foi então que o celular de Lia começou a tocar. Ela atendeu sem olhar o número e colocou no viva-voz, sem a menor paciência.
- Fala.
- Irmã, posso pegar aquela sua jaqueta impermeável? - Era Kiara, extremamente animada.
- Não.
- Por quêêêê?
- O que você quer com minha jaqueta, sua doida? Nem tá chovendo!
- É que eu vou roubar uma lojinha e sua jaqueta vai ser essencial.
Lia revirou os olhos tão forte que quase viu o próprio cérebro.
- Tá... Só a jaqueta, Kiara. Só.
- Nem a bota?
- Negativo.
- Adivinha com quem eu vou roubar?
- Não me importo.
- Com o Vicente!!!
- Já tão no nível "roubos em casal"? O chá funcionou bem, hein?
- Posso pegar a bota agora?
- N-Ã-O. E sai do meu quarto!
- Como você sabe que eu tô no seu quarto?
- Intuição. E se eu voltar e tiver uma meia fora do lugar, vou cortar seus dedinhos e alimentar os urubus.
- Beijo, irmã. Te amo.
- Vai à merda.
- Fofa! - disse Kiara antes de desligar.
Yan olha para a Lia com um sorrisinho de canto e diz:
- Você já tentou ser mais... Carinhosa?- Já. E foi um fracasso absoluto - respondeu ela, sem tirar os olhos da estrada.
- E por que não funcionou?
- Porque eu dei amor e me devolveram ódio.
Ele suspirou fundo, o tom de brincadeira sumindo do rosto. O clima ficou denso de novo.

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CULPADA: DEPOIS DA VERDADE Lv2 • Em Revisão
Romance{SEGUNDO LIVRO} Durante cinco anos eu fui acusada injustamente, mas uma hora a verdade chega e ela chegou! A verdade chegou trazendo um misto de emoções para todos os envolvidos, mas não foram emoções totalmente boas... A traição foi o peso que todo...