Quente, muito quente.

parte única

CW : CRISE DE ANSIEDADE

— Kaoru! – Kojiro gritou quando avistou o garoto do outro lado da festa, coçando a nuca quando viu sua cara brava. Foi em direção a ele tentando pensar em algo. – Desculpa atrasar tanto e ferrar com sua carona... Eu te pago um uber na volta! – deu um sorriso desajeitado, o outro respirou fundo.

— Eu consegui carona com a Jenny mas você ainda me deve essa. – o rosado aproximou e arrumou a gola do terno de Kojiro. – Pelo o menos veio a caráter, achei que ia me deixar na mão. – deu um sorriso e uns tapinhas antes de afastar do mesmo. Os dois vieram de padrinhos mágicos, Kojiro como Cosmo e Kaoru como Wanda.
— Claro que iria vir, não fiz a coroinha à toa! – apontou para sua cabeça, mostrando uma coroa de papel amarelo mal feita junto a um sorrisinho orgulhoso, Kaoru riu fraco.
— Vamos pegar uma bebida, anda! – começou a andar entre a multidão de adolescentes, Kojiro foi atrás e sempre flertando com cada pessoa que esbarrava.
Kaoru pegou dois copos de uma das bebidas que estavam na mesa e se virou para dar ao esverdeado mas o outro já havia se perdido ao meio da multidão, provavelmente beijando alguma menina bonita. O garoto sempre odiou ficar de vela para seu melhor amigo, virou um dos copos e saiu andando com o outro, procurando um lugar para se sentar. Felizmente achou uma poltrona livre, agradecendo por não ter um casal se comendo em cima dela como nas outras. Ficou reparando para as fantasias das pessoas enquanto esperava que Kojiro o achasse, literalmente só ia para festas pelo garoto e para beber de graça porque não conhecia ninguém. Sentiu uma mão pesando em seu ombro, logo virou o rosto para ver quem era.
— Olha, a margarida apareceu! – deu um sorrisinho agridoce e bebeu um pouco mais da bebida em seu copo.
— Para de ser amargurado, o que você está fazendo sentado? Nós estamos em uma festa, Florzinha! – aproximou do garoto e sentou em seu colo, pegando a bebida do outro e bebendo.
— Você quer me matar?! Sai de cima de mim, você é o dobro do meu tamanho! – olhou ele com a cara feia, pegando a bebida de volta e virando tudo de uma vez, o esverdeado arregalou os olhos e riu. – Vai pegar mais pra gente, anda, você tá pesado!
— Eu não, não quero carregar você bêbado por aí! – Kojiro reparou na música, estava tocando Latch do Disclosure, uma das músicas favoritas do garoto. Ele se levantou e Kaoru respirou fundo por finalmente conseguir respirar. – Vem dançar comigo, anda! – começou a puxar o rosado para se levantar também.
— Que? Eu não! – tentou se soltar, mas o outro era mais forte, o fazendo levantar.
— Só essa, eu juro! – pegou na mão do garoto e começou a arrastá-lo pelo salão, chegando na pista de dança.
Kojiro começou a dançar do jeito estranho dele, fazendo Kaoru rir nasalmente. Começou a se soltar um pouco na batida de música, odiava dançar em público, já o esverdeado se aproximou, rodeando ele enquanto dançava tentando incentivar o garoto e funcionando. O rosado começou a se soltar mais, dançando junto ao amigo, mas tudo começou a ficar quente. Kojiro estava muito perto, extremamente perto, conseguiam sentir a respiração um do outro. Kaoru olhou para seu rosto e logo desviou seu olhar para uma cor azul chamativa atrás do esverdeado, era Adam. O calor subiu, mas era um quente ruim, sua respiração ficou mais rápida e sua visão turva. Sem pensar duas vezes saiu correndo, deixando Kojiro plantado no meio da pista de dança mas não importava, provavelmente alguma menina o chamaria para dançar.
Procurou o banheiro mais perto e se trancou dentro dele, vomitando tudo o que havia bebido e comido. Suas lágrimas eram desesperadas, se sentou no chão imundo, batendo em sua própria cabeça se obrigando a se recompor dessa crise, mas não ia embora. O sentimento de encontrar a pessoa que te traumatizou não iria embora tão fácil. Se levantou ainda trêmulo, se olhando no espelho enquanto tentava respirar fundo e se recompor para pelo menos sair dali. Quando achou que sua situação já estava ok, saiu do banheiro e foi em uma das mesas de bebida e pegando uma das garrafas inteiras, procurando uma saída.
Nada passava em sua cabeça além da frase "eu preciso sair daqui". Quando encontrou, sentiu uma mão segurar seu pulso, recolheu na mesma hora assustado, se virando para pessoa.
— Kaoru?! – Kojiro, o garoto tinha o olhar preocupado. – O que aconteceu, por que está assim? – Kaoru não se aguentou e começou a chorar, o esverdeado sem pensar duas vezes abraçou ele.
— A gente pode ir pra casa, por favor? – Disse com a voz trêmula, fungando o nariz em seguida.
— Claro, claro!!! – pegou seu celular e foi andando com seu parceiro até o lado de fora da casa. Não demorou muito para que o uber chegasse, não desgrudou do outro em nenhum momento. Kaoru não falava nada, apenas bebia enquanto esperava chegar em casa e Kojiro deixou ele em seu espaço.

Os dois estavam na casa do rosado, o mesmo já estava deitado em sua cama, morto de cansado de tanto chorar, o outro estava a seu lado, oferecendo carinho e cuidando do mesmo. Ainda não sabia o que tinha acontecido mas o que importava à Kaoru é que ele estava lá para o que precisasse. Os dois adormeceram abraçados enquanto Kojiro fazia carinho nos cabelos rosados até que se acalmasse.