Despedidas

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Mellody POV's On
Só bastou a correria e o entra e sai da minha casa para me deixar totalmente doida. Eu nunca vi tanta gente entrando e saindo de minha casa. Tantos formulários e até mesmo vieram me perguntar se eu era mesmo virgem. A seleção tinha muitas regras, mas a que eu menos gostei era uma das mais importantes "O que o príncipe pedir, você tem que fazer". Eu estava cada vez mais insegura quanto a isso.
Quando vi era a véspera do meu discurso e da saída.
Estava arrumando as malas quando bateram na minha porta. "Entre" disse, já tendo perdido a conta de quantas vezes tinha falado isso nas últimas semanas.
Então Luke entrou com um sorriso no rosto.
-Sentiu minha falta, Mel?
Pisquei duas vezes antes de perceber que não era um sonho e que ele estava mesmo aqui.
-Luke!- me joguei nos seus braços, enquanto ele retribuía meu abraço.
Luke era meu melhor amigo desde sempre... No último ano ele estava estudando longe, e só vinha de vez em quando. Sentia sua falta mais do que achava prudente.
-Como... Como você pode vir? - perguntei.
-Dei o meu jeito. - ele sorriu. - precisava te ver pela última vez...
-Luke, o príncipe Kaden não vai me escolher, e, mesmo que escolhesse eu nunca perderia o contato com você.
-E se eles te mudarem ? - perguntou ele, mais preocupado do que eu o vira nos últimos 17 anos - e se você virar uma patricinha de nariz em pé?
Sorri.
-Sempre terei você para tirar minha cabeça das nuvens e colocar meus pés no chão.
Ele riu.
-Senti saudades - ele disse.
-Eu também - disse, com um sorriso. E fui pegar um caderno com alguns rascunhos para levar. Então Luke me perguntou:
-Mel, como foi o seu primeiro beijo?
O livro escorregou da minha mão e bateu no meu pé com força.
-Droga! - disse me abaixando para pegá-lo.
-Está tudo bem? - Luke perguntou.
-Claro. - disse num tom irritado.
-Você ainda não me respondeu - Suspirei.
-Foi num dia qualquer... Com um garoto qualquer...
-Você é BV, não é?
Eu ri.
-O tempo passa e eu ainda não consigo mentir pra você.
-Por que? - ele perguntou.
-Você é insistente demais em certos assuntos que não consigo uma resposta rápida.
-O que? Não! Por que você ainda é BV?
-Atá... - disse - não sei, nunca achei necessário... Ou alguém que... Bem... Ninguém que me suportasse - eu ri.
-Por que se inscreveu na seleção? Sei que não morre de amores pelo príncipe.
Suspirei.
-Joana... Aquela vadia me desafiou... Não podia a deixar com um sorriso no rosto. Eu tinha que calar a boca dela.
Ele jogou o livro que eu segurava na mala. E segurou meu rosto.
-Desista. Monte seu ateliê... Você será feliz. Se você for para lá, sua vida vai mudar pra sempre.
Eu me surpreendia com a entonação de suas palavras.
-Ela já mudou. Não posso desistir agora. Tenho que ir até o fundo. Ainda quero explodir o teto daquele castelo.
Ele riu. Então, fez a última coisa que pensei que faria. Me beijou. Seus lábios colados em meus, e seus braços me puxando para mais perto.
O Beijo acabou mais rápido do que eu queria. Antes que, eu pudesse puxá-lo de volta, Luke se afastou de mim.
- E se eu tivesse que te falar uma coisa durante toda a minha vida, mas fiquei com medo? Você me perdoaria? -Luke perguntou.
Acho que sim... O que é? - perguntei, esperançosa.
-Quando você voltar eu te conto.
- Mas... E se eu não voltar? - perguntei, fazendo bico.
-Então não terá mais sentido o que irei te falar. E só me restará lamentar pelo tempo perdido.
Seus lábios se colaram aos meus novamente.
-Te vejo amanhã, vou estar torcendo por você. - ouvi um toque de sarcasmo em sua voz. Então ele se foi, me deixando sozinha com meus pensamentos.
Me deitei e fiquei pensando no que havia acontecido.
No outro dia acordei cedo e coloquei as roupas da seleção, uma calça preta e uma blusa branca além de um sapato de salto nem tão alto verde claro com um laço bege na ponta.
Todos estavam na sala a minha espera, meus pais, meu irmão, minhas melhores amigas, a vadia e Luke...
Então todos fomos até a praça, onde o prefeito fazeria um discurso.
Eu fui no carro do palácio. Luke esteve sempre distante, eu precisava falar com ele.
Quando cheguei na praça o prefeito me comprimentou como se me conhecesse desde que nasci. Não gostei disso.
Ouvi ele falar de mim era meio frustrante. Parecia que ninguém realmente torcia por mim. Ninguém me dava apoio, ninguém acreditava que eu fosse capaz... Respirei fundo. Eu iria mostrar que estavam errados. Uma pequena quantidade de pessoas torcia por mim. E é por eles que eu lutaria.
Então o prefeito começou a falar de como a doce e meiga estilista iniciante conseguiu ser selecionada. E, cada vez que ele dizia o quanto eu era doce, Luke segurava uma risada. Como se eu não pudesse ser meiga, elegante, gentil, doce... Era essa a impressão que passaria. Uma menina doce e apaixonada.
O prefeito se virou para mim. Perguntando se eu queria falar algumas palavras. Má verdade, foi mais uma ordem do que um pedido.
-Nunca pensei que teria coragem de chegar onde cheguei. Agradeço a cada um que me ajudou nessa aventura... Nunca me esquecerei de vocês. Trazerei o brilho de Kent para o palácio. E, mesmo que eu seja a nova princesa, nunca me esquecerei de vocês. Se eu vencer, será por vocês! Vocês são minha inspiração! Muito obrigada!
Todos sorriram. A salma de palmas dessa vez foi maior. Vi mais rostos animados.
Disse apenas a verdade, se vencesse, seria por eles, não por mim. Quando tudo acabou abracei minha mãe.
-Não importa o resultado, você sempre será uma vencedora para mim. Eu te amo.
-Obrigada mãe! - disse, às lágrimas vindo a meus olhos. Depois veio o meu pai.
-Você sempre será minha garotinha... Cuide-se. Se ele tentar alguma coisa, dê um chute bem naquele lugar. - eu ri.
-Te amo pai...
Logo após, foi Larah.
-Minha pequena tá indo embora... Quero detalhes!
Ri com lágrimas nos olhos.
-Pode deixar.
Então Biah.
-Aproveita, se joga! E pega aquele gato de jeito!
Ri enquanto passava para Izzy.
-Vai lá, princesa. Mostra pra eles seu brilho.
Então Ayla.
-Vai com Deus. Faça com que se lembrem de você! Ganhando ou não, seja lembrada. Esse é meu conselho.
-Você acha que posso fazer eles gostarem de mim?
-Tenho certeza!
Então veio Emily.
-Meu bebê... Você não pode ir, eu não vou deixar, você é muito pequena para isso.
-Emily. - disse a abraçar.
-Se esse príncipe partir seu coração eu e a Ayla vamos lá fazer ele se arrepender.
Eu ri. Infelizmente, sabia que ela falava sério. Então Joana veio me abraçar.
-Ainda não acabou, vadia. - ela cochichou em meu ouvido.
-O que? - disse tentando não deixar minha surpresa transparecer.
-Você não venceu! Ainda não.
E me soltou com o sorriso mais falso do mundo. Então veio o meu irmão.
-Vou sentir sua falta. Você tem mesmo que ir? - a primeira lágrima rolou.
-Tenho sim, meu amor.
-Quando vou te ver de novo? - ele perguntou.
-Em breve...
-Promete? - seus olhos brilharam como quando ele era criança.
-Juro. - disse beijando sua testa.
Então Luke se aproximou.
-Não vá - ele disse me abraçando... - desista. Você não precisa deles pra ser feliz.
-Eu tenho que provar algo para mim mesma. - disse.
-Você ainda mente mal. - Luke riu. Eu também.
-Quero ver até onde vou. Nunca ninguém gostou de mim.
-Isso é mentira. - ele disse.
-O que você ia me dizer?
-Volta que eu te conto. - ele beijou minha testa e entrei no carro.
Mellody POV's Off // Audrey POV's On
Tudo passou rápido demais. Pessoas entravam e saiam da minha casa. Tiravam medidas, me falavam sobre o meu peso e alguns pediam fotos comigo para quando eu for " a princesa ".
Não preciso comentar que Alice estava gostando mais daquilo do que eu. Parecia ter saído de seu estado de insanidade mental em um piscar de olhos e aquilo me enfurecia no fundo.
- Audrey - meu pai apareceu na porta - não tem mais ninguém de quem você quer se despedir?
- Tem sim pai - falei - volto em uma hora está bem?
- Não se atrase! - ele gritou enquanto eu corria para fora da casa.
Em rumo ao cemitério.
Arranquei algumas margaridas no meio do caminho e vaicilei ao entrar. - É agora ou nunca Audrey.
A verdade é que eu nunca tinha ido visitar minha mãe, nem no velório. Era verdade, eu era fraca. Mas não suportava a idéia de que ela havia me deixado ali, sozinha.
Contei os túmulos 1, 2, 3 pessoas mortas.
Elas podiam ter filhos.
4, 5, 6 vidas destruídas.
7, 8, 9 almas mortas por rebeldes.
10.
Mamãe.
Me abaixei e joguei as flores perto do túmulo.
Amberly Moore Lee.
Uma estrela a mais no céu, um rimador falta na terra.
Mãe amada.

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⏰ Última atualização: Apr 04, 2015 ⏰

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