Entre As Folhas De Uma Árvore

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Rin não consegue evitar um espirro.

"Pew." Ele resmunga enquanto esconde seu nariz sob seu cachecol vermelho. A sensação quente sobrepondo a sensação gelada de sua pele não faz a coceira na região ir embora. "Está tão frio. Por que deixamos as compras de natal para a última hora?"

"Não é como se tivéssemos tempo para irmos antes." Osamu argumenta e continua a andar, se aconchegando um pouco mais em seu grande casaco azul. "Consegui uma folga no trabalho hoje e você voltou para o feriado ontem. Tivemos sorte de nossas agendas terem batido a tempo antes do Natal."

"Eu poderia ter feito as compras ontem." Rin suspira e contorce seu nariz para evitar um espirro. Está extremamente frio e o centro do shopping está repleto de pessoas até a borda. É quase difícil de até mesmo respirar ou se mover sem acabar raspando em alguém.

"Você sabe que não poderia fazer isso." Osamu sorri e balança uma de suas mãos, chamando a atenção de seu filho, que parecia concentrado em observar as diversas lojas no qual os três passavam na frente. "É tradição irmos juntos."

De mãos dadas com ambos os pais, está Miya Sora, acompanhando os passos calmos dos pais enquanto tenta acompanhar todas as novidades natalinas que o ambiente onde ele se encontra está apresentando. Sora parece completamente entusiasmado e sem saber em que focar primeiro, deixando seu olhar girar em cada coisa interessante exposta na frente das lojas.

Sora primeiro olha para Osamu, em seguida, para Rin, visivelmente confuso por não pegar o assunto inicial da conversa.

"Sora não deixaria seu Dada de fora das compras, certo?" Osamu pergunta a Sora, que parece começar a entender o rumo da conversa. "Principalmente quando sabemos que há compras do jantar envolvidas. Papa nunca poderia escolher os ingredientes certos, não é mesmo, Sora?"

"Ohhh." Sora cantarola e dá um grande sorriso para Osamu, deixando as atrações natalinas em segundo plano. Suas bochechas estão coradas por conta do frio e suas pequenas mãos tremem em animação. "É verdade! Dada que compra a comida do jantar. A comida é importante demais para que Papa bagunce."

"Ei." Rin resmunga, levemente envergonhado por Sora tomar o partido de Osamu desta vez, mesmo que ele saiba que há várias pontas de verdades nas afirmações do marido. "Sora, você tem que ficar do lado do Papa também."

Sora ri e se vira para Rin. "Tá tudo bem, Papa. Sora sabe que você é bom em fazer suco de laranja. Sora quer muito beber ele na ceia. Sora vai tomar a jarra inteira se isso for deixar o Papa feliz!"

Rin não consegue evitar um suspiro escandalizado, mas com um leve resquício de amor por conta do carinho do filho. "Suco de laranja? Eu achei que fizesse refeições melhores que isso."

Desta vez é Osamu que ri abertamente. Rin também não consegue evitar que seu lábio inferior se projete para frente em um beicinho. Ele poderia cruzar seus braços e fazer algum drama até que Sora tenha algo de positivo para comentar sobre sua culinária, mas está frio e a mão de seu filho é extremamente quente contra a dele. Rin também sabe que Sora não vai querer soltar sua mão tão cedo.

"Não faça essa cara." Osamu lhe dá um sorriso gentil, mas sua carranca birrenta não some. Ele provavelmente está parecendo tão infantil quanto Sora, visto que a única diferença entre os dois são os olhos e as sobrancelhas, que foram puxadas diretamente de Osamu. "Oh, você está parecendo Sora quando se recusa a ir dormir quando está claramente com sono."

"Quieto." Rin estreita os olhos para Osamu, mas esconde o calor que se espalha por seu peito ao ser comparado com seu filho. "Você está olhando para mim como se eu fosse um bebê."

Em Meio Às Luzes de NatalOnde histórias criam vida. Descubra agora