Surreal.
Essa palavra definia minha noite.
Lucy foi um anjo que caiu em minha vida, sentou-se comigo e conversamos por horas. Sua roupa deixou de importar, a minha ereção logo aquietou o facho e ficamos pulando de assuntos de forma tão natural. Me sentia com uma amiga de anos que acabei de reencontrar. Seus olhos lindos e levemente puxados davam uma sensação de sempre sorriso. Aquele rosto alegre e delicado, de alguém simpático suficiente para te tornar sorridente também. Não ria dessa forma há anos.
— Eu não queria estar aqui também, sabe? — Seus olhos abaixaram, como eu costumava fazer quando tinha vergonha do que diria. — Não é uma opção, eu preciso disso. Então — ergue o olhar novamente — entendo você, Yan. É uma pena que mesmo com tanto dinheiro, sua vida seja infeliz.
O assunto se tornou sério quando perguntei sobre seus planos para o futuro.
— Meu pai mencionou que é a mais nova das meninas, é verdade? — sondei. A minha preocupação era de algo ilegal acontecendo ali. Isso eu jamais admitiria.
— Ah, sim. Eu tenho vinte e quatro anos, comecei aqui faz menos de um mês. Você é meu quarto cliente. — Odiei ouvir isso. Agora eu parecia estar em uma sessão de terapia, e não mais com uma amiga. Porém, entendia, ela estava tomando ciência da nossa relação. Talvez, assim como eu, tivesse se perdido entre nossos assuntos. — O que me lembra, que ainda preciso trabalhar.
Lucy afastou uma mecha de seu cabelo para trás da orelha. Tão linda. Clareei a garganta, um pouco incomodado, meu pau voltando a dar o ar da graça.
Não tinha como fingir indiferença diante do seu corpo, em um assunto acalorado e descontraído era possível me acostumar e até mesmo não ser tão afetado. Agora, tendo o seu olhar sedutor me mirando, me deixava a par de toda a situação.
Quarto com luzes sugestivas e escuras;
Lingerie sexy de cor branca;
Mulher bonita e disposta a fazer todos os meus desejos na cama.
— Lucy, como você disse, também não quero estar aqui. É muito pra mim. Não que eu seja gay, mas também se fosse, não teria muita opção — disse atrapalhado, as palavras atropeladas. — Eu queria que acontecesse em um momento de paixão, com alguém especial para mim.
Ela assentiu e suspirou.
— Sabe que é um homem bonito, certo? — arregalei os olhos para sua fala. — Até agora me pergunto como chegou aos dezenove sem transar. Muitas garotas devem se aproximar, não?
— Ah, na verdade, não. Sou um pouco estranho, diria...
Ela riu alto, de um jeito tão gostoso que me peguei sorrindo também. Lucy não tentava ser vulgar, também não procurou ser sexy o tempo todo. Ela simplesmente era assim. Cada detalhe seu atraia de forma natural, tranquila, até mesmo perigosa. Lucy poderia roubar o coração de alguém silenciosamente.
— Não diga besteiras. Você é ótimo. Veja bem — se ajeitou na cama, ficando completamente de frente para mim. — Estamos há horas aqui e eu me sinto tão bem ao seu lado e estou vestindo apenas uma lingerie minúscula — pontuou apontando para si, me fazendo engolir em seco. — Você é tímido, isso te deixa fofo. Mas, por outro lado, você é um bom ouvinte, Yan. Me enxergou além da prostituta. Acho até que se esqueceu desse detalhe.
Rimos juntos e eu acabei assentindo. Tinha esquecido mesmo.
— Meu pai acha que transar é o mesmo que se declarar macho alfa. Sei lá o que se passa por sua cabeça problemática — dei de ombros. Ela se aproximou mais e resgatou minhas mãos, assim como minha mãe fazia quando queria me acalmar.
— Tem homem que é assim, isso não é novidade. Ele deve ter passado pelo mesmo ou algo parecido. Acha que reproduzindo o ato, vai te tornar forte que nem ele se enxerga.
— Coitado — ri sem graça, desviando o olhar.
— Ele quem está perdendo — apertou levemente minha mão, me fazendo retornar a encará-la. — Porque tenho certeza de que você é um homem muito melhor, e não precisou de sexo para isso.
Me perdi em seus orbes negros, adorando-a em silêncio e guardando suas palavras comigo. Nunca pensei que encontraria alguém como Lucy aqui, muito menos que seria ela a me dar colo em meu momento de desespero. O medo de sair traumatizado ou com fama de frouxo era real, e poderia me fazer penar ainda mais nas mãos do meu pai.
Em um impulso louco e completamente incoerente, eu me lancei em sua direção e capturei seus lábios sobre os meus. Assim que percebi o que tinha feito, tentei me afastar, mas Lucy tomou a iniciativa e moveu-se, me aprisionando no beijo lento e saboroso. Fechei meus olhos e me entreguei.
Eu já tinha beijado antes, não como agora, muito menos nessas condições. Foi rápido e sem língua. Ah, e que delícia era sentir a língua de Lucy se enrolando a minha, me ensinando seus movimentos e me tirando de qualquer pensamento. Suas unhas arranhavam superficialmente minha nuca, resolvi me atrever um pouco mais. Tomei a situação para mim, com uma mão segurava os cabelos mais próximos de sua nuca e com a outra a trouxe para o meu colo. Estava duro e completamente enfeitiçado por seu gosto. Nos separamos apenas para puxar ar e Lucy se aproveitou para se movimentar em meu colo, suas mãos se espalmaram em meu rosto e seu sorriso me levou a gemer baixinho, sentindo-a buscar por mais de mim.
— Consigo sentir você Yan — murmurou contra meus lábios de um jeito sexy, fazendo meu corpo vibrar. — É tão gostoso e grosso. — Ao mesmo tempo que aquilo me deixou mais excitado, me atormentou. Não gostei de ouvir aquele tom, um que eu sabia ser destinado aos seus clientes e nada mais.
A tirei do meu colo em um movimento rápido e me afastei, levantando e andando de um lado para outro.
— Mas... — Ela parecia confusa, seu olhar pesado em minha direção. — O que aconteceu?
— Não sei — enfiei meus dedos nos fios curtos dos meus cabelos.
— Yan, olha pra mim — pediu baixo e eu obedeci. Linda pra caralho. Lucy esparramada na cama, com o corpo de lado, os lábios inchados e o rosto corado. Porra, deliciosa. Queria voltar, me colocar sobre ela e aprender tudo que ela tinha para me oferecer.
Um fedelho sem experiência teria muito a saber com uma mulher cinco anos mais velha e experiente.
— Está tudo bem — analisou-me com cuidado e se sentou. — Não precisa ficar nervoso, eu quero tanto quanto você.
— Mentira — rebati irritado. — Está fazendo isso porque é seu trabalho.
Lucy suspirou pesadamente e pareceu pensar sobre algo. Então retornou o olhar para mim.
— Que tal vir aqui comprovar? — Como ela conseguia manter a voz baixa e suave em uma situação daquelas?
Meus olhos cravados no triângulo pequeno e pouco coberto no meio de suas coxas.
Puta merda, eu estava, pela primeira vez, pensando com a cabeça debaixo. Pois queria, com tanta gana, me jogar naquela cama e aprender cada pequena lição que Lucy tinha para me ensinar.
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O garotinho de Lucy (Degustação)
RomanceYan Beltrão é um jovem de dezenove anos que não tem controle sobre sua vida. Seu pai, Vitor Beltrão, está sempre o cercando, ditando as regras de como ele deve viver. É por causa desse comportamento de seu pai, que ele se encontra obrigado a perder...