...para Taciane a qual, naquele instante, baixava o celular. Os dois voltavam para o escritório comentando sobre o mal humor do motorista. Edson não se conteve e perguntou se a moça tinha filmado algo.
– Filmei sim! Se numa dessa dá merda quero tá resguardada. Ôxi!
– Acho que você poderia sem menos certinha às vezes. Não dá pra ser assim o tempo todo. Tem que ter alguma flexibilidade... – comentava Edson, sendo interrompido por uma ligação no celular.
Taciane foi deixando o chefe para trás, queria finalizar o expediente e fechar o escritório logo. Sentiu a mão de Edson a tocar-lhe no ombro, fazendo-a parar. Ele ainda falava ao celular.
– O SAMU já tá indo aí? Ah, beleza então! Já tô chegando.
– Deu merda, né? – constatou a moça, cuja face expressava algo entre espanto e triunfo.
Edson foi ao local do acidente, Taciane foi logo após concluir o fechamento. Durante o curto trajeto o sentimento era de preocupação com o colega e raiva por ele não ter dado ouvidos.
Chegando na tesourinha juntou-se a Edson. A cena em nada era impactante, a van simplesmente desceu o barranco quando Nicão perdeu o controle ao subir no meio-fio. O problema foi quando o veículo deu com o para-choque na rua de baixo, fazendo as ampolas voarem para a cabine. Uma ou outra escapou da caixa. Nicão sofreu cortes, mas nada grave, e os socorristas já iniciavam os primeiros cuidados. Um ferimento à frente da orelha direita ficaria marcada em forma de cicatriz pelo resto da vida, fazendo-o lembrar da "enchição de saco" de Taciene, cada vez que saísse para fazer uma entrega.
Brasília, 25/12/2021.