7 - De volta à seca

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A semana do basquete acabou com chave de ouro, a principal organizadora do mês de competições estava fora de condições para cumprir com sua função, ela então passou o posto, renunciou e os representantes elegeram outra garota, Talita, era do segundo ano e namorava um dos jogadores de futebol do terceiro, tinha bastante contatos e já havia competido contra Samantha algumas vezes, tanto no vôlei quanto nas votações.

Samantha ficou reclusa, abandonou suas obrigações extras e também as amigas, ela sabia que as meninas estavam comentando sobre ela e de como seu namorado tinha beijado um garoto na frente de todo mundo, era uma fofoca quente demais para resistir à tentação, mesmo que vítima tivesse sido a gentil Samy tão prestativa.

Os boatos sobre o ocorrido eram aumentados, algumas pessoas diziam que os rapazes eram da mesma turma de natação e transavam dentro da piscina quando ninguém estava lá, teriam conseguido uma cópia das chaves ou se escondiam depois da aula para fazerem isso, outros especulavam quem seria o passivo ou o ativo, havia quem dissesse que eles não eram gay, apenas estavam dividindo Bonnie ou até mesmo que estivessem a pagando pelos serviços.

Samantha não conseguia deixar de ouvir as teorias, falavam nos corredores e algumas meninas vinham fazer perguntas, "Não sei nada sobre isso, deveria perguntar aos dois, não a mim", ela respondia.

– É verdade que você já os viu transando e tentou perdoar Guto? – Perguntou uma amiga que consolava Samantha ao ver que estava abatida – Amiga, você deveria ter percebido que ele era gay.

– O que? Isso não aconteceu, eu nunca desconfiei!

– É o que estão falando, você deveria ter falado comigo e com as meninas, já teríamos te tirado dessa a muito tempo!

Samantha desmentiu as acusações no começo, alegava não saber das relações homoeróticas do namorado, porém era difícil desmanchar as fofocas, não acreditavam, elas se multiplicavam e qualquer coisa era notícia, até o ensino fundamental estava sabendo. "O time de basquete está cheio de gays, eles se esfregam no vestiário", alguns diziam, "Não! É na natação, por que acha que usam sunga? É para olhar se o pinto é grande antes".

Os mais novos tinham suas próprias percepções, mas ainda eram mais educados, quando Samantha passava perto deles, eles ficavam quietos em respeito, quando viam Guto, o encaravam e depois comentavam com os amigos, "Eu vi o menino Gay, ele é bonito, estava conversando com outro cara, devia ser o namorado dele", "não", outro replicava, "Ele brigou com o namorado, não se falam mais"; "Então já deve tá combinando de sair com outro, que safado!", "ah, eu vi eles entrando na sala 47 uma vez, olhei lá dentro e vi o mais baixo tirando a camisa, depois não consegui ver", "Mentira, já falei que eles brigaram".

Não era como se não houvesse homossexuais na escola, garotos afeminados ou mais sensíveis sempre estão presentes, além dos que não podem ser detectados, porém as campanhas anti bullying da escola particular apaziguava o estranhamento que alguém pudesse ter com esses indivíduos, ficavam despercebidos e não eram o alvo de fofocas realmente interessantes. A escola, como dito anteriormente, mantinha os alunos numa bolha do mundo exterior. Mesmo tendo garotos diferentes, nenhum tinha tido a coragem de beijar outro dentro do colégio. Na verdade, mesmo os heterossexuais estavam proibidos disso, com exceção, é claro, dos momentos de comemoração nas competições, foi quando Guto fez o que fez e causou toda aquela polêmica.

Tudo deve ter durado no máximo uma semana, os dois primeiros dias foram mais intensos, mas aí vieram os jogos e tudo se dispersou. A fofoca perdeu a graça no meio de tantas outras, o casal gay não era visto junto e muitos ali, até mesmo os mais novos, curiosos, estavam decepcionados. Não havia mais nada para especular.

Amantes de Natação [completo] [Boys' Love]Onde histórias criam vida. Descubra agora