Amantes de Natação [completo] [Boys' Love]

4 - Infidelidade ou alívio

Quando Guto chegou em casa, viu o livro de matemática em seu quarto, olhou ao redor e coçou a cabeça vendo aquela bagunça toda, "preciso arrumar isso aqui", pensou. Ele havia ficado tão distraído nos últimos dias que ficou desleixado, estava no ápice do seu ano, ao mesmo tempo preocupado. Recolheu o lixo de seu quarto e amarrou em uma sacolinha, fez sua cama, viu no edredom uma marca, passou a mão e estava cristalizada, "preciso pôr isso para lavar, é porra". Depois colocou o livro na estante, não o leria nunca.

Deitou-se sem roupa e pegou o celular, mandou uma mensagem para Samantha, ela estava online, a mensagem foi recebida, mas a garota saiu do aplicativo sem visualizar. Ele pôs o aparelho de lado, olhava agora para o teto com os braços jogados em cruz, pensava que tudo ficaria bem, as coisas iam conforme o planejado.

– Samantha veio aqui – falou a mãe quando viu o rapaz na sala vendo televisão, – você precisa dar mais atenção para sua namorada, tadinha.

– É, ela veio me trazer um livro – respondeu indiferente – Samantha é ocupada demais, não conseguimos sair nunca, está sempre envolvida nos projetos da escola.

– Mas isso é fácil de resolver, você precisa se envolver nos projetos também, se não estiver ao lado dela, um outro vai acabar estando.

– O que quer dizer com isso, mãe?

– Tenho certeza de que ela já deve ter algum amigo na espreita, por enquanto ela está só sentindo sua falta. Depois pode acabar tentando preencher a lacuna vazia. Acha que os rapazes não notam uma garota bonita insatisfeita com o namorado? São como urubus.

– Ela não vai me trair – o rapaz falou revirando os olhos – ela não tem esse tipo de caráter.

– Eu sei, Samantha tem um bom coração, mas não subestime ninguém.

– Não subestimo.

– Adolescentes são ingênuas, acham que tudo se resume a bons sentimentos, você precisa mostrar que se importa, o que ela não consegue ver é como se não existisse para ela. Tem que dar sinais de que se importa.

O jovem não disse mais nada, claramente Samantha tinha falado com sua mãe, ele mal conseguia gostar da namorada pensando nisso, ela parecia alguém tão frágil no fim das contas, tão bonita e tão codependente, havia vindo até sua casa, obcecada com a desculpa que ele estava dando para não ter que fazer aquela chatice de cartaz junto com ela. Ele pensava nela entrando em seu quarto pateticamente para lhe agradar, sempre tão boa, tão altruísta, tão insegura de si, tão engajada em agradar e preocupada com as necessidades dos outros, tão chata, terrivelmente chata, só tinha o fato de ser bonita ao seu favor, Guto quase podia sentir ódio dela, "Corna imbecil", ele pensava, "Corna, corna, corna, ainda vou transar com ela, depois vou terminar e me livrar dessa irritante".

Estava morrendo de vontade de ficar com Samantha e ao mesmo tempo desejava o seu mal, via-se preso a um relacionamento e não lhe parecia estar ganhando algo com isso. Ao contrário, estava sendo vigiado.

– Vou para meu quarto, tenho que terminar um trabalho da escola – Ele falou – não precisa se preocupar comigo, tudo está sob controle.

A mãe ficou mais tranquila, queria que o namoro dele com a linda Samantha desse certo, ambos eram inteligentes e a menina provavelmente daria uma boa nora, além de ser de uma família bem estruturada e de respeito.

Em sua sala de aula, Hector percebia que uma garota nova havia chegado, a jovem tinha aparência peculiar, era meio desarrumada, cabelos armados, mas bonitos e um rosto cínico e debochado. O rapaz não costumava prestar atenção em ninguém, mas agora o fazia, pois havia recebido umas encaradas da garota, depois resolveu ele próprio dar uma olhada nela, ela parecia saber estar sendo vista, então não olhava de volta. O professor permitiu que os alunos se juntassem para fazer os exercícios juntos, nesse momento todos aproveitavam para conversar um pouco e o professor não dava a mínima, ele próprio usava o tempo para corrigir provas das outras turmas e fazer outras tarefas, assim não teria que fazer o trabalho em casa.