Romance Club

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Luzes roxas e vermelhas passavam repetidamente em meu rosto e uma música abafada ecoava pelo salão, não me fazia muita diferença, já que eu estava apenas lá para esquecer dos meus problemas e beber sem que ninguém me encha o saco. Quase dando meu último gole, uma mulher senta ao meu lado, apoiando suas mãos na bancada, olhando diretamente ao meu rosto.

— Posso ajudá-la? - Foi o que eu disse ao virar meu copo goela abaixo.

— Você é a Park Rosé não é? - A mulher disse olhando fixamente aos meus olhos.

— Sou, você precisa de algo? - Digo desviando meu olhar ao barman.

— É que eu já vi você na televisão algumas vezes, você é bem conhecida por aqui. Mas faz o que aqui sozinha? Sinto que você precisa de companhia! - Ela tirou suas mãos da bancada e pegou o cardápio ao seu lado.

Solto uma risada frouxa.

— Será que eu posso saber seu nome?

— Acho que não. - Ela pisca um olho para mim.

Encaro a mulher de cima a baixo, com uma expressão de desconfiança e dúvida em meu rosto.

— Estou só brincando. - Ela me solta um sorriso largo. — Aliás, você é policial, conseguiria descobrir meu nome rapidinho não é? Me chamo Lisa.

Aceno com a cabeça e em seguida me direciono ao barman, que com um pano em seu ombro, perguntou o que nós iríamos querer.

— Vou querer uma Piña Colada. E você vai querer o quê, Lisa? - Digo olhando de canto a moça ao meu lado.

— O mesmo que ela, por favor.

Assim que pedimos nossas bebidas, um silêncio constrangedor prevaleceu em nossa conversa. Eu não tinha idéia do que falar no momento, fiquei apenas olhando o barman se mexendo pra lá e pra cá, com nossas bebidas.

— Você curte garotas? - Disse Lisa.

Arregalo meus olhos e devagar encontro meu rosto ao da mulher. As sobrancelhas de Lisa se levantaram e um sorriso de canto apareceu em seu rosto.

— Não precisa responder se ainda não souber, tudo tem seu tempo.

— É-é que, e-eu prefiro não me rotular... Se eu quiser ficar com alguma mulher, não vejo problema nisso.

Bom drink.

Foi o que o Barman disse ao entregar nossas bebidas e se retirar do lugar em um bater de palmas. Lisa segurou sua taça e gentilmente bateu na minha, enquanto sua boca fazia o movimento da palavra "Tim-Tim".

Seu rosto lentamente se aproximou do meu ouvido, e eu acompanhava seu corpo chegando cada vez mais perto do meu, com meus olhos.

— Se você não se rotula, então vamos lá no meio dançar. - Com a cabeça ela apontou para a pista.

Lisa segurou minha mão e me puxou para fora da cadeira, mas antes que ela me tirasse por completo, senti uma vibração em meu bolso da jaqueta, o sorriso que estava começando a aparecer em meu rosto, se desmontou assim que eu peguei o celular na mão.

"Detetive Choi"

Pelo menos não era meu chefe.

— Só um pouco Lisa, preciso atender uma ligação.

A garota cruzou seus braços e ficou me esperando ali mesmo enquanto terminava sua bebida. Sai de perto e atendi a ligação.

— Alô?

— Pensei que ia demorar mais pra atender! Vem pra cá agora, tenho umas coisas pra falar da Lilith.

— Agora? Ah esquece, já vou mas vai demorar um pouco. - Eu disse já tirando o telefone da orelha.

— Porqu-.

Desliguei. Me aproximei de Lisa novamente e dei um sorriso sem mostrar os dentes.

— Está tudo bem? - Ela disse tirando o copo da boca, e colocando de volta na bancada.

— Eu tenho que ir Lisa, preciso trabalhar. Foi muito bom te conhecer! A gente se vê por aí ok?

— Mas já assim? A gente nem dançou, a gente nem... - Lisa fechou a cara antes de terminar a frase.

— Eu realmente gostei de conhecer você, talvez a gente se encontre, eu não vou esquecer do seu rosto, pode ficar tranquila.

Coloquei a minha mão sobre ombro dela, e com um "Até" deixei o local, Lisa deu um sorriso de canto, mas seu rosto demonstrou estar chateada.

Saí da boate e entrei em meu carro com caminho a delegacia, já eram umas 4:30 da manhã, se ele me chamou esse horário, é porque algo de importante deve estar acontecendo.

— Boa noite, o quê aconteceu?

— Onde você estava? - Diz ele antes de começar a falar suas teorias malucas.

— Na boate Romance Club, mas isso é importante? - Digo enquanto tiro meu casaco e o boto por cima da cadeira.

— Não... Mas olha aqui, por que será que nunca conseguimos achar nenhuma pista de Lilith? Ela não deve estar trabalhando sozinha, impossível isso...

— De novo isso? Lilith é uma assassina, uma psicopata! Não imagino que alguém tenha vontade de trabalhar com ela... E se alguém quisesse, ela já teria matado.

— Essa mulher está me enlouquecendo, como que pode uma mulher esconder seu rosto e nome de tudo, Deus do céu? - Dizia ele batendo em sua cabeça.

— Senhor Choi! - Fiz uma breve pausa. — Por favor... Já está tarde, vá pra casa descansar um pouco e se algo acontecer, eu te ligo, não se preocupe.

Dito e feito, ele deu um tapinha em minhas costas e foi embora com suas ideias em sua mente fervendo. Sentei na cadeira em que meu casaco estava apoiado, e deitei sobre meus braços.

Meus olhos passavam lentamente por todo o quadro com anotações de Lilith e suas supostas faces... Mas na minha cabeça só se passava uma coisa, Lisa! A mulher que era um pouco mais baixa que eu, com seus cabelos longos e negros e que tinha algumas pintas em seu rosto.

"Puta merda! Esqueci de pedir o número dela."

Eu dizia para mim mesma, arrastando a mão pelo meu rosto e revirando meus olhos, mas agora não tem muito o que fazer, só esperar um milagre mesmo.

— Rosé, rosé, rosé...

— Pode falar, estou ouvindo. - Respondi sonolenta.

— ROSÉ ACORDA!

Abri meus olhos lentamente e olhei ao redor, definitivamente aquele lugar não era meu quarto, mas o relógio na parede do cômodo marcava 8:00... Assim que percebi aonde eu estava e quem estava me olhando, saltei da cadeira, jogando ela um pouco para trás.

— Bom dia flor do dia. - Dizia Go-Eun fazendo um carinho em minhas costas.

— Go-Eun, você me assustou... - Passei a mão em meu cabelo, o jogando todo para trás e amarrando em um rabo de cavalo despojado.

Peguei meu celular e casaco, e esperei Kim Go-Eun na porta, enquanto arrumava minha roupa e checava meu hálito.

Kim Go-Eun é detetive e minha amiga desde o colegial, seu cabelo castanho claro não alcança seu ombro, assim como a sua altura não alcança a minha.

— Terminou aí? - Eu disse para a morena a apressando, que pegava algo na gaveta.

— Se eu não tivesse vindo aqui, você ainda estaria dormindo viu. - Ela me mostrou o grampeador, depois que tirou seu rosto da gaveta. — Vamos.

— O que está fazendo aqui tão cedo, é o Choi sobre a Lilith de novo?

— Suspeitamos que sim, morreu um casal ontem no Romance Club. - Ela abriu a porta de sua sala. - Entra.

— Hum. Calma aí, Romance Club?

— Aham, eles estavam do mesmo jeito que Lilith deixa suas vítimas após morrerem, com alguns de seus dentes arrancados e com a pulseira da "sorte".

— Go-Eun, eu estava no Romance Club ontem.

— Como?

Problem - Ver. ChaelisaOnde histórias criam vida. Descubra agora