III - Mato meu primeiro monstro

29 2 1
                                    

Mas antes disso, ela ficou paralisada e percebi que seu rosto tinha uma expressão assustada. Não havia entendido o porque até olhar para baixo: no centro de sua barriga havia uma ponta de uma lâmina dourada e afiada. Dessa vez, as últimas palavras foram dela, não minha.
-Voltarei... sssemideusssa impressstável!
Não sabia quem havia feito aquilo, até ouvir uma voz inconfundível.
- Boa sorte no Tártaro, jibóia do pântano.
Olhei para o ferimento dela, mas não saia sangue, e em vez disso, ela se desfez em pó.
-Eca. Pó de monstro. - disse Jake, tentando limpar a roupa.
-Jake! - abracei ele sem hesitar. Demorou um tempo para voltar a realidade. -Jake? VOCÊ TEM UMA ESPADA???
-Anh? Ah, tenho sim.
- O que era aquela m*rda???
-Uma dracaenae. Agora sem perguntas, vamos falar com a sua mãe.
Seguimos no corredor, andando rápido, mas sem correr para não chamar atenção. Observo melhor os cortes, que não foram muito fundo, mas doía pra caramba. Voltei a olhar para Jake, mas algo tinha sumido.
- Cadê a espada? - não havia espaço algum para guardá-la.
- Na mochila. Fundo mágico - disse ele, já arfando. E isso era possível? Fiquei desconfiada, mas não discuti.
Passamos pela entrada, a escada e íamos passando pelo chafariz quando Jake falou:
-É aqui. - ele diz e paro de andar.
-Okay, mas como vamos ligar para ela? Estamos sem celular, esqueceu? Castigo.
- Quem disse que vamos usar celular? - ele disse ao mesmo tempo que tirava um estranho botão dourado do bolso. Botão não, uma moeda! Ele jogou no chafariz e começou a fazer um pedido para uma tal de Arco-Íris. Suspeitei que ele tinha ficado mais louco que eu, mas de repente a imagem da minha mãe, translúcida, aparece nas gotículas de água. Recuo um passo, por precaução.
-Alexia? - Jake pergunta a ela.
- Anh? -minha mãe procura quem a chamou- Jake! Eu disse que esse tipo de mensagem era para casos urgentes!
- Mas este é! Melanie foi atacada por uma dracaenae! Precisamos ir agora para o acampamento!
- Claro, peguem meu carro!
- Não, Alexia, temos dracmas para o táxi das três velhas.
-Aquelas loucas? - mamãe se surpreende - Não, vão no meu carro!
-Mas...
- Vamos no seu carro, mãe. - interrompo, antes que Jake recuse, e questiono - mas, quem vai dirigir? Não temos carteira!
- Claro que tenho! - e Jake me mostrou um cartão. Mas não era carteira de motorista. Era um...
- Uma "Autorização para transportar semideuses"?
-Isso mesmo! Alexia, avisaremos quando chegar, até mais!
- Não, espera! - eu digo. Tarde de mais. A imagem se desfez. Corremos até minha casa, pegamos o carro e Jake vai dirigindo numa média de 180 km/h. A cada curva, achava que eu iria morrer.
Havia passado algumas horas quando resolvo perguntar.
-Jake...
- Melanie, perguntas só no acampamento.
- Mas é importante! Sibila queria que eu entregasse uma moeda a ela. Tem alguma idéia de que moeda pode ser?
Ele de repente ficou com cara de espanto e murmurou:
- Não pode ser você... Não. Não!
Antes de perguntar o que ele queria dizer, o capô do carro afundou com um
BAQUE!
E a coisa que fez isso pulou uns 50 metros a frente, por cima do carro.
- Lestrigões! Ah, não, agora não... - ele estava se desesperando - Melanie leve isso, e siga reto, e entre no acampamento! Rápido!
Ele tinha me dado a espada. Saí do carro, e passei por trás do monstro sorrateiramente, que parecia cego o suficiente para não me notar. Quando estava as suas costas, olhei para espada e depois para Jake. Não hesitei e enfiei a espada na coxa do monstro, o que fez ele urrar e cair de joelho. Sem pensar, recuei caso quisesse me atacar, e percebi que ao som de uma flauta, plantas prendiam as penas e os braços do monstro no chão, o que me dava algum tempo para chegar perto o suficiente e cumprir meu objetivo.
- UUUAAAHHH! -ele urrou - é você, semideusa?
Finalmente cheguei ao seu pescoço e respondi
- Sim, sou eu! - ao mesmo tempo que atravessava a espada no seu pescoço.
Percebi a enorme fúria dele, ao mesmo tempo que ele livrava as mãos das plantas, e com um último golpe, me dava um enorme soco em mim, me fazendo bater com força a minha cabeça na árvore mais próxima.
Lembro, mesmo com a visão embaçada, de pó de mostro, Jake e seres engraçados vindo na minha direção, e enfim minha visão escureceu.

A Moeda de PrataOnde histórias criam vida. Descubra agora