Lá, encostada numa árvore, ela me observava sorridente. Eu corri com as cestas nas mãos e entreguei ao Paul que nos observava feliz junto com Jade, provavelmente foi ideia deles aquele encontro. Me aproximei dela, parando de correr, ainda surpresa.
- Feliz Aniversário! – Aster falou animadíssima.
Nos abraçamos forte.
- Obrigada. – Falei tímida enquanto saía do abraço, ela segurou minhas mãos. Olhei para o outro casal que ainda nos admirava. – Vocês aprontaram essa juntos, não foi? – Falei com os três.
Os três riram.
- Eu prometi que te veria no seu aniversário! – Ela disse.
- É tão bom te ver, Aster... – Eu disse pulando para outro abraço.
- Vamos deixar vocês a sós. – Jade falou segurando Paul pelo braço e indo ao encontro de seus amigos.
Sentamos mais afastadas do pessoal. Eu perdi a fome, só precisava esclarecer tudo.
- Agora me conta... O que houve naquele dia?! – Perguntei curiosíssima.
- Ellie, assim que desliguei a nossa ligação, eu avistei meu pai muito bravo e ele me levou até o carro dele. Chegando lá, minha mãe estava no carro, ele me fez entrar e ela me levou embora. Ele chegou um tempo depois no meu carro. – Ela falava de cabeça baixa. – Depois disso ele voltou a falar com a família do Trig para reatar o namoro e assim acertar o casamento, mas Trig me surpreendeu quando conversou com seus pais que, diferente dos meus, lhe ouviram. Falou que ele vai escolher a pessoa com quem vai casar, que somos amigos e nada mais que isso e etc. – Ela levantou a cabeça e olhou para mim. – Meu pai o acusou de traidor, por estar cooperando com nossa relação.
Ouvi tudo com muita aflição.
- Eu sinto muito, Aster... Eu jamais quis que isso tudo acontecesse! – Falei desanimada.
- Não, Ellie! Você não tem culpa em nada disso! – Ela respondeu imediatamente. – Isso é algo que EU preciso resolver, entende? Eu sinto muito por isso, mas eu te prometo que não vou desistir.
- Engraçado... – Falei dando uma risada fraca.
- O quê? – Ela perguntou.
- Meu pai falou a mesma coisa... Que isso é algo que você precisa resolver. – Disse olhando em seus olhos.
- Seu pai sabe das coisas! – Ela falou divertida. – É bom saber que vamos ser uma família, pelo menos do seu lado.
Ela deu uma risada triste. Eu a abracei. Ficamos ali um tempo até eu sentir sua lágrima escorrer pelo meu pescoço. Saí do abraço e segurei seu rosto com as duas mãos, colei minha testa na sua e fechei os olhos. Ela colocou suas mãos nas minhas e ali, na ausência temporária da minha visão, eu apenas senti o vento soprando em meus ouvidos, o sol esquentando minha pele e seu cheiro doce invadindo meus pulmões. Finalmente abri os olhos e disse:
- Eu também te amo.
Ela abriu os olhos rapidamente e sorriu com uma lágrima escorrendo por sua bochecha. Colocou suas mãos ao redor do meu pescoço, me puxando para um beijo profundo e cheio de carinho.
- Fiquei receosa de escrever "Eu te amo" na carta porque não sabia qual o momento certo de dizer aquilo. – Ela disse tímida, ainda trocando carícias.
- Agora...
- Eu te amo, Ellie Chu!
Sorrimos. Depositei um beijo em sua testa. Ela estendeu sua mão com um objeto embrulhado com um papel ciano. Peguei e abri, revelando um colar com uma Clave de Sol dourada. Meus olhos brilharam de emoção.
- Muito obrigada! – Falei contente com o presente de aniversário.
- Que bom que gostou!
Fiquei admirando o presente e ela observou o lago do parque.
- Pergunta: - Falei arqueando as sobrancelhas.
- Hm. – Ela respondeu.
- Alguém falou algo para o seu pai... – Divaguei em voz alta, coloquei a mão no rosto, pensando na questão que pairava.
Fiquei ali pensativa. Ela me olhou estranha.
- Sim... Cadê a pergunta? – Ela brincou.
Eu continuei séria, mas falei:
- Alguém contou algo pro seu pai, quem foi?
- Eu não tinha parado pra pensar nisso. Como meu pai chegou lá na faculdade de repente...
- Isso! Quem pode ter sido?
- Vamos descobrir. Mas fica tranquila, tá? Eu finalmente vou poder morar no apartamento com minha prima.
- Sério? – Arregalei os olhos em surpresa.
- Sim! Meu pai acha que a Jade está de olho em mim por ele, mas ela sempre foi minha confidente e sempre me apoiou desde que voltamos para Sacramento. – Ela falou suspirando, aliviada. – Ela que deu a ideia de morarmos juntas aqui. Se não fosse por ela, eu estaria sozinha. Ela sabe de tudo sobre a gente. E olha agora... – Ela olhou para Jade que estava abraçada com Paul, os dois sorriam um para o outro. – Saindo com Munsky!
Olhei para eles e me senti feliz pelo Paul estar se dando bem com ela.
- Fico feliz por você ter Jade como sua amiga nesses tempos que vêm sendo bem difíceis.
- Nada de falar sobre tristezas mais! – Ela falou se levantando e estendendo sua mão para mim. – Vamos curtir seu aniversário!
Eu peguei sua mão e saímos para passear no parque. Passamos a tarde curtindo a vista, tomamos sorvete, tiramos fotos instantâneas - que no fim do dia coloquei no porta-retrato do meu quarto.
Pelo menos aquele dia foi inundado de alegria e comemoração. Quando anoiteceu, voltamos para casa o meu apartamento, Paul abriu uma cerveja e me fez beber em comemoração aos meus 18 anos. Aster foi a única que não bebeu. Depois de três garrafas eu me deparei sentada no chão da sala. Tocava o chão como se fosse veludo quando vi uma silhueta na minha frente.
- Ellie... – Ela me chamou.
Eu estava zonza, mas tive uma bela ideia.
- Aster! – Disse com alegria na voz. – Vamos no meu quarto, preciso te mostrar uma coisa.
Tentei me levantar e não obtive êxito. Aster me segurou e me ajudou a ficar de pé, seguimos para o quarto. Fechei a porta atrás de mim e corri para seus braços. Beijei seu rosto e tentei puxar sua blusa para arranca-la fora.
- Ei! – Ela protestou. – Tenha calma!
- O que foi? – Parei instantaneamente, mas afastei cambaleando. – O que eu fiz?!
- Você bebeu, Ellie! – Ela falou risonha. – Você está bêbada!
- E daí? – Falei me aproximando dela novamente, fiz um olhar malicioso para ela entender minha expressão corporal. – Eu te quero agora!
Ela deu uma gargalhada.
- Eu também te quero, Ellie, mas primeiro um banho, ok?
Ela me levou ao banheiro contra minha vontade, me deu um banho com certa dificuldade, pois estava complicado permanecer em pé. Voltando ao quarto, deitei na cama e a ultima coisa que vi foi nossa foto na minha mesa de cabeceira, sorri e mergulhei nas profundezas do meu inconsciente.
Nota final: A foto do capítulo é a foto do porta-retrato de Ellie. Até o próximo!
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A outra metade
FanfictionÀ noite, enquanto revisava o assunto da aula do dia, lendo Sartre, me deparei com uma de suas mais famosas frases "O Homem está condenado a ser livre". Fechei o livro e olhei, pela janela, a noite fria. Naquele momento eu escolhi, e minha escolha mu...