Be an Alpha. | Sooshu

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Soojin gemeu em dor ao tirar a bolsa do ombro para procurar a chave do apartamento.

Foi um dia cansativo de trabalho e tudo que queria era deitar com sua alfa enquanto recebia suas carícias. Nem estava com tanta fome, então podia pular a parte do jantar perfeito que Shuhua provavelmente fez.

Antes de virar a chave, escutou uma voz mais grave e grossa que a de Shuhua, gerando uma curiosidade.

Um cheiro almiscarado invadiu suas narinas, logo ficou em alerta. Tinha outro alfa ali.

- Onde ela está? - escutou uma voz falar agressivamente

- Pai...

- Fala, Shuhua, onde está a ômega que deveria estar fazendo seu jantar?

Soojin tentou fechar a porta com o mesmo cuidado em que a abriu, mas acabou fazendo barulho e se tornou a atenção dos dois alfas.

- Mas... o que é isso? - o tom do alfa subiu uma oitava, seu olhar focou na bolsa e na papelada na outra mão de Soojin. - A sua ômega trabalha?

Soojin olhou para Shuhua, que estava de cabeça baixa - como fazia quando o pai dela estava presente.

Soojin nunca conheceu o pai de Shuhua, mas pelo jeito que ela se encolhia quando ele era mencionado, sabia que deveria ser terrível. Imaginava um homem grande e musculoso, com uma cara de dar medo, e não aquele senhor baixinho, calvo e barbudo.

A única coisa que Shuhua disse sobre ele foi a questão da tradição. E com uma única frase, Soojin pôde ver o quão tradicional aquele homem era.

- Sim, pai. - murmurou.

- Era isso que você vinha me escondendo, Shuhua? - o senhor Yeh intercalou o olhar entre Soojin de cima a baixo e criticar Shuhua. - Se casou em segredo para que nós não soubéssemos que é a sua ômega que veste as calças? Meu Deus, que decepção, que decepção! - disse com desgosto. - Mas eu sabia! Eu sabia que no fundo você ia ser assim.

- Assim? - Shuhua perguntou baixinho.

Soojin também queria saber. Assim como? Shuhua sempre foi normal, para ela.

- Toda cheia de frescura... pintando as unhas, passando maquiagem... bem que seu tio disse que você tendia para a homocastia e sua mãe AINDA te acobertou, dizendo que era só uma fase e coisa de criança. - cuspiu. - Só falta dizer que esta ômega na verdade é uma alfa também. - o nojo era tão evidente que Soojin se sentiu ofendida. - Céus, o que sua irmã vai pensar quando souber que você está perdendo suas bolas?!

- Que porra Molihua tem a ver com isso? - vociferou.

Soojin ficou estática; foi a primeira vez que escutou a voz de sua alfa soar com tanta agressividade. E o senhor Yeh não ficou atrás; Shuhua nunca havia levantando a voz para ele.

A alfa estava em pé com os punhos cerrados, seu maxilar trincado e olhar furioso a deixaram irreconhecível. Soojin teve medo daquela versão atípica de Shuhua.

- Você devia seguir o exemplo da sua irmã e ser uma alfa de verdade, devia trabalhar, sustentar a sua família e-

- Você acha que só porque minha mulher trabalha eu não faço o mesmo? - Shuhua riu, sarcasticamente. - Eu não sou obrigada a ter o pensamento retrógrado que o senhor tem e fez Molihua ter. Eu não ligo se Soojin "veste as calças", como o senhor diz, porque não temos rótulos-

- RÓTULOS? - gritou, a atrapalhando. - ISSO É A LEI NATURAL, SHUHUA, LEI NATURAL! VOCÊ JÁ VIU ALGUM ALFA DECENTE SE PRODUZIR TODO? HEIN? - vociferou. - E NÃO BASTANDO ISSO AINDA CASA COM UMA ÔMEGAZINHA QUE MAIS PARECE SER A SUA ALFA?!