L'Alfabeto Degli Amanti

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Olhavava Bruna fechar a última caixa da sua mudança. Depois de cinco anos de namoro, coloquei um fim em tudo. Um fim extremamente desastroso... Por mensagem de texto.
Eu não estava bem e vinha impludindo tudo o que eu tinha:
- Vou chamar a Dinah.
Minha ex-namorada anunciou de costas para mim, suspirei. Era o fim.
Ao se virar, seus grandes olhos castanhos arregalaram, me virei e lá estava o fruto do nosso amor nascido três anos antes, Dinah:
- Mamã?
A garotinha em seu vestidinho lilás florido chamou Bruna que foi até nossa filha, agachou em frente a criança:
- Você num vai me dexá, não é, mamã?
A mãozinha branca da pequenina na boquinha da garotinha foi beijada pela mãe dela destruindo meu coração. Eu havia perdido os meus dois amores da minha vida:
- Nunca, meu amor.
Bru respondeu com uma voz doce. Uma lágrima solitária deixou meu olho direito. Coisa que a minha pequena e muito inteligente filha não deixou passar despercebido:
- Pu quê o papai tá choando?
Enxuguei a lágrima o mais rápido possível para que minha ex-companheira não visse, soltei um risinho triste:
- Não estou chorando, filhota.- Bruna se levantou dando a mão para a garotinha- Só foi um cisco.
A criança de cabelo mediano cacheado preto, caminhou com a mãe até aonde eu estava, fazendo com que nós finalmente nos olharmos nos olhos.
Dinah pegou a minha mão para, por fim enlançá-la com a de sua mãe. Voltei a olhar a mulher incrível que eu estava perdendo. Maldita crise. Eu estava arruinando tudo o que eu amava.
Bruna soltou nossas mãos, pegou a criança no colo que começou a fazer birra em seus braços:
- Vamos, filha.
Assim que passaram pelo arco da porta, minha filha começou a chorar alto, corri até elas, parando a mulher de vinte e cinco anos, fazendo-a virar-se para mim:
- D-Deixa que eu levo a Dinah pro carro, am... Bruna.
Seus olhos feridos por eu ter quase a chamado de amor como a chamava antes da merda ser feita:
- Okay. Vocês precisam se despedir.
Ela entregou a garota que se acalmou aos poucos em meu colo. Segui a menor até sua BMW. Abriu o porta-malas, colocou suas coisas ali, abri a porta do carro, sentei a criança na cadeirinha. O berreiro recomeçou.
Tentava fechar o cinto de segurança, porém Dinah se remexia o que me impedia fechá-lo:
- Papai, eu quélo você!
Seu choro me fez com que eu chorasse também:
- Filha, por favor, me perdoa.
Solucei. A mãe da minha filha pediu licença, deu bronca na criança, fechou o cinto e a porta. Então foram embora me deixando em prantos.

MESES DEPOIS

E

stava na minha sala na empresa. Sozinho, sem trabalhar. Não conseguia mais trabalhar, dormir ou comer direito.
O choro da Dinah ecoava na minha mente; o rosto magoado da Bruna quando finalmente voltou ao Rio para pegar suas coisas e para o julgamento sobre a guarda da nossa filha.
Batidinhas na porta me fizeram despertar das minhas dolorosas memórias:
- Bom...- Era Mariana, a nova editora da Netolab- Chefe, já vou indo. Deu meu horário e vim me despedir de você.
Ela falou cautelosamente, assenti. Seus olhos grandes verdes demonstravam pena por mim, então a jovem se aproximou como se estivesse se aproximando de um animal ferido. Se apoiou na mesa:
- Felipe, posso falar algo não do ponto de vista de tua funcionária, mas, sim, de alguém que foi tua fã por dois anos antes de ser admitida na equipe?
Assenti, sua mão tocou meu ombro, afagando:
- Se eu pudesse, transplantaria a dor de vocês dois para mim. Eu prefiro mil vezes sofrer do que ver quem amo sofrendo.
Sem querer aquilo me lembrou muito o que a mulher que eu amava me disse uma vez que tive uma crise depressiva antes de deixá-la. Comecei a chorar para a surpresa da garota de dezenove anos à minha frente, ela me puxou para um abraço maternal:
- Oh, Felipe...- Sua voz demonstrava um misto de surpresa e tristeza- Shh... Vai ficar tudo bem.
Eu soluçava agarrado a sua cintura. Me sentia uma criança desamparada pela primeira vez em anos:
- Eu sou um merda, Mari! Eu sou um merda que não merece nada além de acabar sozinho na desgraça.
A menor me afastou me olhando firme nos olhos:
- Felipe Neto Rodrigues Vieira, nunca mais repita isso, entendeu? Você é incrível. O que você falou não tem cabimento nem em um milhão de anos. Me escutou? Nunca mais fale uma besteira dessa.
Assenti, funguei antes de falar:
- Você me lembra ela. Em tudo.
Percebi seu rubor nas bochechas um pouco volumosas:
- Queria ela aqui.
Voltei a chorar, desta vez, a mais nova se agachou me abraçando.
Após algum tempo, quando meu choro cessou, nos despedimos. Ela foi embora me deixando sozinho novamente naquela gigantesca e estúpida sala.
Olhava para a parede inconscientemente esperando que Bruna e Dinah aparecessem na porta para me chamarem para ir embora.
Um minuto. Cinco minutos. Dez minutos. Quinze minutos. Nada.
Por fim suspirei, me levantei para pegar minha mochila quando meu celular tocou. Era ela.
Meu coração acelerou, tremendo atendi com medo de que nossa filha tivesse em perigo.

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