mine

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—  O que você acha de carne com mel e cenoura? É uma das especialidades da Sara —  Amber fala bebericando seu suco de laranja com limão.

Ela está me ajudando a decidir o que vou fazer para o jantar de aniversário do meu pai. Bem, não vou fazer eu mesma já que sou um desastre na cozinha, mas o que posso levar e fingir que consegui — pelo menos uma vez na vida — cozinhar. É bem capaz que papai perceba o meu truque, mas mesmo assim vai sorrir agradecido e dizer como eu sou uma boa filha. É uma tradição não dita que durante o aniversário de papai a família se reúna e cada um leve um prato de sua escolha. É a única data do ano em que todos se reúnem e ninguém falta.

—  Obrigada Amber, acho que vou levar esse mesmo —  respondo ajeitando minha presilha em formato de rosa no meu cabelo que insiste em entrar no meu olho. —  Ah e você vai querer ir comigo? Por mais que eu ame meu pai é bem chato só ter parentes durante a noite toda. Prometo que você pode comer o quanto que você quiser de carne com mel e cenoura —  imploro fazendo o meu melhor olhar de cachorrinho abandonado.

Amber revira os olhos e sorri como sempre parecendo um solzinho.

—  Claro! Só você me falar a hora e... —  Amber continua falando, mas não consigo escutar. Eu tento prestar atenção em suas palavras e tudo o que escuto é meu coração batendo acelerado.

Tudo por culpa dele.

Kaeya entra na taverna e todo o meu corpo responde apenas a sua aparição. Ele sorri e dá uma piscadela quando percebe que meu olhar está sobre ele, o que só faz eu cerrar minhas mãos tentando controlar o suor que começa a brotar delas. Sua roupa está impecável como sempre e sua blusa aberta mostrando um pedaço de seu peitoral musculoso. Desvio meu olhar sentindo minhas bochechas corarem lembrando da sensação de tocar seu corpo, das suas mãos grandes explorando cada pedaço da minha pele, enquanto seus lábios deixavam hematomas e me marcavam.

—  Sério, [nome]? —  a voz irritada de Amber me tira dos devaneios. Na mesma hora a encaro como se tivesse sido pega fazendo algo errado. —  Tanta gente para você se interessar e tinha que ser justo esse cara?

Balanço minha cabeça e limpo a garganta. Faço o meu melhor olhar inocente.

—  Não sei do que você está falando —  retruco virando um gole de vinho de dandelion na esperança que ela mude de assunto.

Mas é claro que isso não acontece.

Existem poucas coisas que conseguem despertar o pior lado da Amber e um desses é Kaeya. Não é segredo nenhum que ela detesta ele e deixa claro isso. Eu ainda não sei de onde surgiu esse desprezo por ele, mas prefiro não perguntar e deixar que ela me conte quando quiser. Talvez esse seja um mistério que nunca iremos saber.

—  Você pode ter a queda que for por ele, mas eu sinceramente e do fundo do coração espero que você não caia nas garras desse canalha.

Acabo engasgando com o vinho e bato minha mão na perna, fingindo me assustar com um inseto invisível tentando não entregar que eu não apenas já caí nas garras do "canalha" como foi mais de uma vez. Coloco o meu copo sobre o balcão, passando a mão por minha pele vermelha evitando olhar para Amber, na esperança que ela não perceba meu truque barato.

—  Ei! Tá tudo bem? —  ela pergunta me vendo tossir sem parar depois de engasgar.

Percebo que Kaeya está olhando para mim com um sorriso zombeteiro e mordo meu lábio para não mostrar a língua.

—  Ta sim —  limpo a garganta. —  Acho que tinha algum bichinho na minha coxa —  resmungo. Cacete! Eu bati mais forte do que deveria e agora está ardendo.

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