Fora um dia particularmente exaustivo para o pequeno Jake, que tentava não pensar em seu estomago dando cambalhotas incessantes em sua barriga, implorando por algo que aplacasse sua fome. O sol se pôs a muitas horas e não havia comido nada desde o dia anterior, quando Niki dividira seu lanche com ele.
O jovem rapaz de olhos castanhos sempre ganhava alguns trocados desenhando viajantes que queriam mais que uma foto como lembrança dos locais visitados. O que recebia por cada desenho era uma verdadeira mixaria, porém o suficiente para comprar algo comestível no final da tarde, pelo menos em quase todas elas.
E hoje fora um dos infelizes dias inclusos nesse ''quase''.
O escasso momento em que não caia uma tempestade torrencial, ele passara vagando pelos pontos turísticos da Coreia procurando por pessoas interessadas em sua arte. Infelizmente, os poucos que ainda restavam nas ruas não desejavam nada além de retornar para o conforto dos seus quartos de hotéis ou qualquer que fosse os lugares em que estivessem hospedados...
Jake não os julgava, também gostaria de voltar para um lugar de conforto num dia como aquele... Se pelo menos tivesse um lugar assim para voltar. O máximo que possuía era um pequeno saco de dormir e uma modesta cabana de camping, a qual agradecia diariamente pela existência por não deixa-lo dormir ao relento e protegê-lo das constantes chuvas. Estava justamente se dirigindo para o local que escondia seu humilde projeto de lar quando passara em frente a uma certa loja de doces.
Nosso adorável mocinho tentou de todas as formas ignorar a elegante confeitaria, inclusive fechou os olhos com força para não olhar os incríveis bolos coloridos e decorados ainda expostos no balção iluminado, cuja luz parecia hipnotiza-lo. Quando se viu, já estava com as mãos apoiadas no vidro praticamente babando de desejo por um daqueles doces maravilhosamente trabalhados... Obras de arte inalcançáveis ao seu paladar, bolso e estômago faminto...
Só que antes mesmo que desse conta dos seus atos, o menino procurou por um pequeno clipe de papel dentro da sua inseparável mochila e se pôs a tentar abrir a fechadura da porta, sempre tendo o cuidado de olhar se a rua continuava deserta, finalmente obtendo sucesso depois de alguns minutos trabalhando.
Seria a primeira vez que adentraria aquele ambiente, todavia, já observara e imaginara tantas vezes aquele dia que o local, mesmo sob pouca luz, acabara por se tornar mais familiar do que esperava. Sentia o acolhedor cheiro de glacê e chocolate adentrar suas narinas com naturalidade e a iluminação do balção de doces guiava seu caminho em meio a escuridão...
Entretanto...
Há pequeno um esticar de dedos de distancia do seu objeto de cobiça... A consciência de Jake o acusa. Ele não poderia fazer aquilo, não era da sua índole! Por Deus! Ele podia ser pobre, viver na miséria, mas não, definitivamente, não era um ladrão.
Com os olhos marejando, deu passo hesitante para trás, para ir embora... Quando seu estomago se queixou novamente, dessa vez em alto e bom som, fazendo o garoto olhar o banquete em sua frente e repensar suas ações.
Estava tão perto... Desejava do fundo da sua alma comer um daqueles quitutes, nem que trabalhasse o mês inteiro para pagar pelo que foi consumido...
Com esse pensamento, seu cérebro se acendeu com uma ideia.
Ele não estaria roubando se quitasse o valor daquilo que foi pego... Ele seria como qualquer outro cliente, exceto modo e horário cujo qual estaria sendo ''atendido.''
Livre de seu pequeno debate interno, estendeu, enfim, a mão apanhando uma delicada espátula prateada e cortando uma fatia triangular de um modesto bolo redondo coberto por chantilly branco. Imaginava que quanto mais simples o bolo fosse, mais barato ele seria. O que não esperava foi ver camadas nas cores do arco-íris no interior do bolo quando se serviu. Era tão lindo que o menino sentiu vontade de chorar devido a emoção e com um garfo tão gracioso quanto a espátula, Jake, provou sua primeira iguaria da Park's SweetCakes...
Se antes já sentia vontade chorar, agora as lágrimas se derramavam sem nenhum pudor pelo rosto. Era uma sensação que não sentia há muito tempo, mas não duraria muito. Por isso, Jake aproveitou cada garfada, cada pedacinho, cada sentimento proporcionado, como o presente divino que de fato era.
Até o final...
Quando respirou fundo, pousou garfo em cima do pratinho de porcelana onde havia comido, abriu sua mochila, pegou um pedaço de papel e escreveu um bilhete ao dono do estabelecimento, explicando o motivo de ter invadido sua loja no meio da noite e prometendo pagar a sua divida em breve.
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Little Mouse | Jakehoon
FanfictionJake invade a confeitaria do Sunghoon a noite para roubar fatias de bolo e deixa bilhetes pedindo perdão... Adaptação autorizada pela autora: AziPerhart