Capítulo 2 - O começo

106 12 13
                                    

Os raios de sol entrando pelos buracos da cortina esfarrapada batiam suavemente ao rosto de Victor, o qual com muito esforço, lutava para abrir seus olhos. Após alguns segundos, um flash de memorias o atinge, fazendo-o rapidamente levantar-se sobre a cama.

- O que?! – Disse perplexo – E-estou vivo? Como?

Suas mãos percorriam por todo seu corpo, a procura de feridas. E para sua surpresa, ele estava completamente bem e sem qualquer ferimento.

- Como isso é possível? – Perguntou a si mesmo – Onde estou?

Estava em um quarto estranho, não reconhecia nada e não parecia ser um quarto de hospital. Era rustico, como algo tirado de um filme antigo. No quarto, havia apenas uma cama dura com lençóis sujos e uma mesa tão velha que parecia que se quebraria com apenas um sopro.

Andou em direção a mesa, e avistou um tipo de abridor de cartas afiado e antigo. Era estranhamente atraente, parecia algo caro comparado com o estado dos outros objetos do quarto. Deixou-o sobre a mesa e voltou a se sentar sobre a cama, tentando digerir tudo o que tinha acontecido.

- William... – Disse melancólico, quase em um sussurro.

Sua cabeça doía insuportavelmente ao tentar se lembrar da tragédia que havia acontecido. E junto a dor, os sentimentos de desespero, medo e angustia daquela noite voltavam mais uma vez. Sentiu sua garganta fechar e seu estômago revirar, e com os olhos cheios de lágrimas, inclinou-se para frente, vomitando sobre o chão.

Um sentimento de tristeza e solidão rapidamente o preencheu. Pois, querendo ou não, Victor sabia que a morte de William tinha sido causada por ninguém menos que ele. Se tivesse insistido mais um pouco para saírem daquele lugar, ou se ao menos não fosse tão patético e fraco, nada disso teria acontecido e William poderia estar vivo agora.

Sentiu-se patético e se perguntava se tudo aquilo não passava de uma grande piada de mal gosto, não queria acreditar que era real, não... não podia se deixar acreditar. As coisas estavam indo tão bem para os dois, frequentavam a mesma universidade de medicina e tinham acabado de alugar um apartamento para eles poderem viver juntos, era a felicidade perfeita, mas na vida de Victor, quase nada dá certo.

Após Victor ter perdido sua família em um incêndio, William, que era um grande amigo na época, foi o único que se importou com ele; o único que o ajudou a passar pela depressão e a lhe dar um sorriso novamente; o único que estava lá nos momentos mais difíceis e foi o único que o amou tão fortemente que lhe deu um motivo para continuar a viver. E agora, por sua culpa, havia matado seu amor, seu parceiro e seu melhor amigo.

Seu mundo desabou por completo, não havia mais razão em viver. Enquanto chorava desesperado, correu até a mesa e em um pulo agarrou o abridor de cartas. Sua mão começou a sangrar pelo corte feito ao pegar bruscamente o abridor.

- P-Por que, Deus?! Por que eu fui o único a estar vivo?! Já não basta ter levado a minha família, por que você teve que levá-lo também?! – Gritava caindo de joelhos ao chão – Se você me odiava tanto assim, por que não me levou no lugar dele?!

A tristeza de Victor era tanta, que mal podia respirar, sua boca tinha um gosto amargo e sentia-se sufocado. Queria gritar, berrar, e jogar tudo para o alto, mas já não tinha forças, e sua raiva passageira transformava-se em angustia e sofrimento.

- Ele era o meu mundo, meu tudo. – Disse secando as lágrimas - Parece que todos estão contra mim. Eu só queria ser feliz, só queria me apoiar em alguém e ser eu mesmo... foi pedir demais? Eu sou o problema?

Levantou lentamente o abridor de cartas até o pescoço, e abriu um sorriso cheio de tristeza.

- Meu amor, me juntarei a você e finalmente seremos felizes para sempre. – Suas lágrimas rolavam sobre sua bochecha, suas mãos tremiam e sua respiração estava ofegante, mas seu coração... seu coração estava em paz. – Eu te amo tanto...

Ao fechar os olhos, sentiu brevemente um alivio, como se um peso enorme estivesse pronto para sair de seus ombros. Paz e tranquilidade era o que sentia, e finalmente, quando estava perto de fazer o que tinha que ser feito...

- Seu desgraçado! Sabia que você tinha ido no meu quarto! – Um menino chuta bruscamente a porta, adentrando o quarto – Seu rato imundo! O que você roubou dessa vez?!

- O-O que? – Victor diz sem entender

- Se você for se matar que faça isso logo! Um bastardo que nem você não é necessário aqui! Sua aberração! - Diz o menino, que tinha belos cabelos loiros e olhos cor rubi. Vestia-se como um personagem de filmes medievais e aparentava ter uns 7 a 8 anos.

- Q-Quem é você? – Pergunta Victor

- Como ousa perguntar quem sou eu? Bateu a cabeça quando se jogou do penhasco? Ou você está fingindo para eu não puni-lo por entrar em meu quarto? – Pergunta incrédulo

- Desculpa, mas não sei do que está falando, quem é você e onde estou? – Victor diz extremamente confuso, colocando no chão o abridor de cartas.

O menino o olha por alguns instantes antes de responder:

- Não parece que você está mentindo. Você  não se lembra? Sou Maxwell Lyndon Rutherford, o terceiro príncipe da linhagem do reino de Avakan.

- Príncipe? Isso é algum tipo de piada? O que está acontecendo? Onde estou? – Diz Victor correndo até uma parte do quarto onde haviam enormes cortinas esfarrapas. Ao abri-la, depara-se com uma paisagem que jamais achou que iria ver em toda sua vida. Era como uma pintura, avistava-se casas antigas, carruagens que iam e vinham pela estrada de terra, pessoas vestidas como se estivessem no século XVII e ao longe, muralhas enormes que ainda podiam ser vistas rodeando toda a cidade.

- Onde caralhos estou? – Victor sussurra perplexo observando fixamente a cidade.

- Você realmente não se lembra? isso é bizarro. Esse é o reino de Avakan – Maxwell diz apontando para fora da janela

--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Quando estava prestes a acabar com tudo, Victor conhece um menino estranho chamado Maxwell, que diz ser um príncipe, e o informa de que estão em Avakan, um reino desconhecido. Será que Victor acreditará no menino suspeito? E o reino de Avakan, o que será realmente?

Continua no próximo capitulo.

Meu amor de outra épocaOnde histórias criam vida. Descubra agora