a menina debruçada na mesa

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ela está sozinha;

debruçada sobre seu caderno em cima da mesa da biblioteca da escola;

estantes pequenas, mas suficientes pra colocar alguns livros de diferentes gêneros, porém, sendo a maioria dos livros, escolares, óbvio.

Da única porta da sala, após a maçaneta ser puxada e a porta aberta, entra uma pessoa, de cabelo liso e preto, na altura dos ombros, de pele morena, que vai em direção a uma menina, debruçada em uma mesa redonda no centro do sala, cabelos cacheados e pretos, pouco hidratados, mas bem bonitos, pele morena, no máximo 1,70 de altura, roupas pretas, longas e largas, ela tem uma caneta esferográfica preta, um livro religioso e um caderno escolar de uma matéria do lado.
Essa pessoa, que estava se aproximando, ajeita seu óculos com armação azul, com detalhes em rosa, estica sua mão em direção a menina debruçada na mesa, mas antes que ela pudesse tocá-la, ela:

-aaah!! - levanta ela, bruscamente, gritando, alto o suficiente pra ser ouvido na sala ao lado, enquanto tira seu fone de ouvido.
-ah! Desculpa... - diz a moça que deu um pulo pra trás e colocou a mão no coração - Nicolly... o intervalo já acabou...
-ah... entendi... tá bom, desculpa... - responde a menina, recém acordada, que ajeita seu óculos de armação fina, quadrada e prata, pausando a música que estava ouvido.

Ela se levanta da cadeira, fazendo-a ranger um pouco quando a arrasta pra trás com a parte de trás dos seus joelhos coberto por uma calça moletom preta e cheia de bolsos:

-me chama de Isabella - susurra ela, enquanto tenta juntar o mais rápido possível seu caderno, livro e caneta e colocá-los na sua bolsa, que estava pendurada na cadeira azul da biblioteca, por incrível que pareça, sua bolsa é de cor preta.
-você disse alguma coisa? - diz a moça que a acordou.
-não... nada, professora, só prefiro que me chamem pelo meu... primeiro nome - responde a menina, com dificuldade de olhar nos olhos de sua professora.
-você não gosta de Nicolly? É um nome tão lindo.
-não... não é isso, eu só... sei lá, eu gosto mais de Isa... Isabella...
-tá bom, Isabella...

Ela dá um sorrisinho, meio sem graça, e, com dificuldade de olhar sua professora nos olhos, termina de arrumar as suas coisas indo até a porta da biblioteca e, quando ela ia colocando seus fones de novo, um barulho... como de um vento veemente e impetuoso, abriu mais ainda a porta que já estava meia aberta. Isabella, como em um reflexo, olha para onde sua professora se encontrava, mas... ela não estava lá. abrindo um pouco sua boca, dando pra ver a pontinha de seus dentes, sua sobrancelha arqueia um pouco pra baixo e sua respiração fica mais lenta, junto aos passos de seus tênis preto e branco. Ela engole seco, dando pra ver por causa do movimento na sua gola, e continua andando, lentamente, em direção a porta. Saindo, um corredor vazio, indo para os dois lados, com a parede a frente feita com blocos virados, o que faz com que a grama do lado de fora seja vista. Olhando pra direita e, lentamente, pra esquerda... vazio... silêncio... silêncio... vazio...

Sua respiração fica, notavelmente, mais tensa, suas mãos começam a mexer incessantemente, ela para, no meio do corredor, fecha os olhos e dá um suspiro, como que dizendo pra si mesma "tá tudo bem, fica calma", abre os olhos e vira pra direita, mas tem algo atrás dela, algo se levantando...

-WAAAGH - grita uma criatura totalmente preta, como uma sombra, que estava saindo do chão e levantando o que parecia ser uma mão e ataca.

A criatura acerta Isa, que tropeça, quase caindo, mas percebendo que essa criatura está saindo de sua própria sombra. Ela pega, tremendo, um caderno novo, que ela estava guardando pro ano que vem, e o joga na Sombra, que desvia a cabeça pro lado, fazendo o caderno passar direto pra trás. Isa dá um grito e sai correndo, em direção a saída da escola.
Passo após passo, a cada momento, a cada respiração pesada e agitada, a cada batida forte do seu coração, a criatura chegava mais perto, e, com o erguer do que seria seu braço... PAH...

A Isa cai do chão, de olhos fechados, e, do lado dela, a criatura volta pra do lado do seu corpo, formando sua sombra, e, criando coragem, ela abre os olhos e vê, no final do corredor, vindo em sua direção lentamente, uma pessoa com um sobretudo, calça e bota pretos, blusa branca, cabelos crespos e escuros na altura dos ombros e pele preta.

-opa... tá tudo bem?? - pergunta essa pessoa.
-... não.


o jogo das sombras pt 0Onde histórias criam vida. Descubra agora