capitulo 1

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Li Gonsalves era uma garota de 15 anos muito solitária, filha de um médico e de uma enfermeira muito ocupados, por isso aprendeu a resolver os problemas sozinha desde pequena. Mesmo tendo muitas babas a sua disposição, ela insistia em tentar fazer tudo sozinha e sempre conseguia. Aos nove anos, ela perdeu a mãe e mudou muito depois disso. Se afastou de todos os seus amigos, exceto o Bruno, começou a usar preto e se trancar no quarto. Ela foi aceita no internato aos 11 e quando as aulas começaram, por causa de seu jeito e aparência, os outros alunos começaram a chamá-la de bruxa. Ninguém queria fazer o trabalho com ela, ficar no mesmo dormitório e nem se aproximar dela. O Bruno era seu único amigo e após saber como o primeiro ano dela no internato foi conturbado ele fez a prova. Quando ele passou, começou a andar com ela em todo o canto, mesmo ela falando para ele fazer o oposto. Os alunos ficavam surpresos e começaram um boato "a bruxa enfeitiçou ele", o Bruno ficou conhecido como feitiço e os alunos começaram a tratá-lo como tratavam a Li, assim como ela temia.

Ver o amigo sofrer também foi terrível e piorou quando o seu pai começou a namorar a mãe da Manuela, a melhor amiga da garota mais popular da escola. Aos 13 ela ganhou uma meia-irmã e uma madrasta, a mulher não era má, mas também não era mãe dela. Por ser a melhor amiga da garota mais popular, a Manuela fazia parte do grupo popular que iam visitá-la nas férias. A Li começou a trancar a porta e so deixava o pai e o Bruno entrar. No seu último ano do ensino fundamental 2 ela resolveu fazer algo para chamar a atenção e mudar sua onda de azar. Ela pintou o cabelo de verde.

O relógio tocando e a luz do sol se espalhando por todo o quarto. Não tinha como a Li continuar dormindo, ela levantou e pegou suas malas. Desceu as escadas e se encontrou com o café posto e todos sentados.

- Desculpe a demora, meu alarme não tocou na hora que eu programei.

- Eu pedi para seu pai mudar o horário, diferente da Manuela você já havia feito as malas. Não havia necessidade de acordar cedo, colocou tudo na mala.

- Sim, incluindo o uniforme e computador. A carteirinha de estudante eu levo na mão, para poder entrar. Onde está a Manuela?

- Fazendo as malas, os amigos dela estão vindo buscá-la, pode pegar carona com eles se precisar.

- Eu já combinei com o Bruno, a mãe dele vai nos levar. Eles já devem estar chegando, é melhor eu me trocar. Que bom que não precisamos usar uniformes no primeiro dia.

Ela subiu as escadas, colocou suas roupas pretas de costume, pegou sua mala e desceu novamente. Ela saiu da casa e encontrou a Manuela parada na porta segurando sua mala. Após alguns minutos uma van preta apareceu, a janela abriu e uma garota acenou para Manuela, que pegou sua mala e entrou. Mesmo com as janelas e portas fechadas, ela podia ouvir claramente a conversa de dentro da van. "não podemos deixar ela na rua sozinha, ela é irmã da Manuela, devemos levá-la também", "não vamos dar carona a bruxa, vão achar que estamos enfeitiçados também". A Li sentiu tanta raiva que queria abrir a porta e ver quem estava chamando-a de bruxa, mas na mesma hora um carro branco apareceu. Tanto a placa tanto a mulher dirigindo eram conhecidos. Ela pegou sua mala e entrou.

Mesmo estando no ensino médio agora a rotina continuava sendo a mesma, assim que saíram do carro pegaram suas malas e foram em direção da secretaria. Na secretaria havia um mural com todos os recados, incluindo a lista de quartos. A Li foi na frente e viu o seu e do Bruno. "eu estou no 319 e você no 312, estamos no mesmo andar", os dois subiram juntos e separaram para ver os dormitórios. O prédio com os dormitórios tinha seis andares, os três primeiros eram do ensino médio e o restante do ensino fundamental 2. Os dormitórios do ensino médio eram diferentes, eram maiores e com duas camas a mais que os do fundamental. A Li entrou e se surpreendeu. Ela tinha passado os últimos quatro anos sozinha num dormitório para duas pessoas, agora teria que passar os próximos três anos sozinha num dormitório para quatro. Ela escolheu a última cama da esquerda e colocou sua mala em cima. Ao lado de cada cama havia um armário e uma mesinha. Ela abriu a mala, colocou suas roupas no armário, seu computador em cima da mesa e pegou três porta-retratos. Um branco com uma foto em família, ela, seu pai, sua madrasta e a Manuela. Um verde com uma foto do Bruno e um preto, com uma foto de sua mãe. Ela agarrou a foto e se sentou na cama. Naquele exato momento a porta do quarto se abriu e duas meninas entraram.

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