⚔️👑⚔️Grace foi acordada pelo som de um sino tocando. Como o sussurro do capitão, cada toque parecia penetrar na própria câmara e nas fendas de seu cérebro.
Ao abrir os olhos, viu-se numa cama de dossel. Estava apoiada num mar de
travesseiros limpos e enfiada sob os lençóis mais macios que já havia sentido. Ficou ali
um momento, absolutamente imóvel. O som do sino deu lugar a uma estranha música
— pontuada por tambores rítmicos, quase tribais.Seus braços estavam nus e, levantando as cobertas, viu que as roupas velhas,
molhadas, haviam sido tiradas e que estava usando uma bonita camisola de algodão
bordada com detalhes intricados. De onde aquilo tinha vindo? A quem pertencia? E
quem a teria despido?, imaginou, envergonhada.A música estava ficando mais alta. Apoiando-se nos cotovelos, olhou o cômodo ao redor. Era iluminado com velas dentro de lampiões de vidro, que lançavam uma luz incrivelmente suave, tremeluzindo nas paredes e no piso de madeira. Quando pôs os pés no chão, o navio balançou para o lado. Ela demorou alguns instantes para recuperar oequilíbrio.
Afastou-se da cama, notando que os postes de madeira da cama terminavam com entalhes complexos. O dossel era muito bordado. De um dos lados da cama havia um pequeno lavatório aberto, com uma bacia e uma jarra d’água, de porcelana. Tudo no cômodo parecia exótico e luxuoso. Talvez aqueles itens tivessem sido adquiridos nas muitas viagens do navio, pensou Grace.
Escutou vozes vindas de fora, acima da música persistente. Virou-se na direção do barulho. Viu que havia uma cortina, evidentemente cobrindo uma vigia. Havia um bilhete pregado à cortina. Chegou mais perto para ler.
ɢʀᴀᴄᴇ, ᴘᴏʀ ғᴀᴠᴏʀ, ᴍᴀɴᴛᴇɴʜᴀ ᴀ ᴄᴏʀᴛɪɴᴀ ғᴇᴄʜᴀᴅᴀ ᴏ ᴛᴇᴍᴘᴏ ᴛᴏᴅᴏ. ᴘᴀʀᴀ sᴜᴀ ᴘʀᴏᴘʀɪᴀ sᴇɢᴜʀᴀɴᴄᴀ.
sᴇᴜ ᴀᴍɪɢᴏ,
ʟᴏʀᴄᴀɴ ғᴜʀᴇʏA letra era bastante antiquada, mas irregular. Ele havia usado uma caneta-tinteiro, e a tinta se esparramava pela página. O que queria dizer com “Para sua própria segurança.”? As palavras e o modo aparentemente apressado com que haviam sido escritas a fizeram estremecer.
Estendeu a mão para a cortina. Era muito tentador ignorar o pedido de Lorcan. Algo que o capitão tinha dito antes lhe veio à lembrança. Não queremos que os outros saibam disso. Quem eram os outros? Que tipo de navio era este?
Nesse momento captou um trecho de conversa, do lado de fora da vigia.
— Estou com uma tremenda fome esta noite.
— Eu também. Nunca precisei tanto do Festim como esta noite.
O Festim. O capitão havia falado nisso também. Era, sem dúvida, um acontecimento importante e esperado com ansiedade. A tripulação parecia extremamente faminta. Talvez não comessem direito há algum tempo. Talvez esse navio tivesse acabado de fazer um estoque de provisões frescas.
Grace encostou a cabeça na cortina para ouvir mais, porém as pessoas que haviam falado deviam ter ido para longe. Esperou um tempo, lutando contra a tentação de puxar a cortina e espiar o convés. Olhando as velas na cabine, imaginou se deveria apagá-las, para que ninguém visse a luz, depois, se arriscar a abrir a cortina.
Antes que tivesse chance de agir com esse impulso, uma voz áspera, do lado de
fora da janela, atraiu sua atenção.— Aspirante Furey?
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Vampiratas - Demônios Do Oceano
VampireDois navios misteriosos presenciam o naufrágio e cada embarcação resgata um dos gêmeos antes de desaparecer nas brumas. Connor está em um navio pirata e rapidamente se junta à tripulação, mas Grace vai parar em um navio assustador que esconde muitos...