Capítulo 2

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(Escute a música a cima enquanto lê o capítulo👆)

Os dois dias seguintes foram suaaaves, minha vida seguiu seu cuuuurso, me dediquei às minhas auuuulas e fiquei longe de confusão.

Mentira filha da puta!

Fiquei inquieta o tempo inteiro. A música era pra ter sido minha distração, mas não foi de mínima ajuda.

Sabe porquê? Porque toda vez que eu entrava na sala eu me lembrava dele, daqueles olhos azuis me encarando, daquela carinha de anjo.

Mas o diabo também era um anjo certo? Ele só pode ter colocado um feitiço em mim. Eu tenho vindo mais cedo para a aulas na esperança de vê-lo chegando, porém ele não apareceu em nenhuma delas.

Qual é o meu problema? O que ele fez comigo? Eu não sei porra!

- Lyla! Caramba!- Eu escuto a voz da minha amiga irritada.

- O que foi? - Eu sinto minhas bochechas corando! Acho que divaguei mais uma vez.

- O que há com você minha amiga ?- Jasmine senta na cadeira a minha frente, estamos na lanchonete, minha comida está intacta.

Boa pergunta, se soubesse eu juro que te daria uma resposta!

Olhando para baixo, mexo no meu prato sem saber como agir!

- É disso que estou falando! - Ela gesticula com a mão. - Você anda muito distante, até os professores estão notando que tem algo errado acontecendo.

- O que posso dizer?- Dou de ombros.- Eu nem mesmo entendo o que se passa comigo!

Jasmine suspira.

- Sabe de uma coisa?- Minha amiga diz com olhos brilhantes.- Nós duas vamos sair pra fazer compras!

Ela bate palmas empolgada, se tem algo que a anima, é gastar com roupas, ao contrário de mim, meus pais são ricos é verdade, mas isso nunca me subiu a cabeça, eu sempre tive a ideia de conseguir meu próprio sustento.

Algumas coisas que deveriam saber sobre mim: eu já trabalhei na minha vida, tenho 25, sou muito criteriosa quanto ao dinheiro e meus pais sempre tiveram dificuldades de aceitar esse meu lado.

- Lyla! Ei amiga!- Jasmine estala os dedos chamando minha atenção novamente.

- Desculpa!- Eu peço humildemente, me sentindo mal por desaponta-la.
- Mas acho que preciso ficar um pouco sozinha!- Eu me levanto e saio, não sem antes ver seu rosto cheio de preocupação.

Assim que piso fora do restaurante, eu corro sem me preocupar se estou parecendo uma maluca para os outros alunos.

Eu só tenho que ir até meu lugar de conforto, preciso estravazar meus sentimentos perturbados. Ou vou explodir, é tudo acontecendo de uma vez só.

Assim que toco na maçaneta da sala, eu não me detenho eu entro sem pensar, assim que me aproximo eu me sento no banco respiro fundo, colocando meus dedos na posição das teclas do piano.

As notas invadem o local timidamente, mas conforme passa os minutos minhas mãos se tornam mais precisas, eu deixo meus sentimentos levar o melhor de mim, aqui sou eu mesmo não preciso fingir que estou bem, não tenho que dar satisfação a ninguém, muito menos ter que dar sorrisos.

Meus dedos extravazam tudo o que eu não consigo dizer, mas que está em meu coração. Todas as minhas incertezas minhas inseguranças e meus medos todos eles são uma pequena fagulha, é como se meus dedos os expulsasse em cada nota que dou.

A música então chega ao fim. Eu abro meus olhos que nem havia percebido que os fechei.

Eu ofego em descrença, dois olhos azuis brilhantes me ancaram, aqueles mesmos olhos que me perturbaram durante esses dois dias infernais.

Eu me sinto tão embasbacada que acho que estou... sonhando? Será que minha imaginação está me pegando uma peça?

Credo! Se isso for verdade, se minha mente é capaz de criar uma ilusão tão bem feita, eu vou precisar fazer terapia! Eu sabia que era meio maluquinha, sabia que minha mente era desajustada, mas não achei que fosse tanto.

Eu fecho os olhos, na tentativa de escapar dessa farsa, ele não está aqui, isso sou eu sendo paranóica e quando eu os abrir ele vai sumir.

Mas infelizmente ou felizmente eu não sei, me deparo com seu rosto de anjo me observando com... compaixão? Não, é quase como se ele me entendesse, como se ele soubesse como é ser uma bagunça, quase como se ele tivesse tantas feridas quanto eu.

Acho que foi isso que me atraiu nele, quando o vi tocando eu senti suas emoções, sua entrega, sua paixão pela música, a mesma paixão que sinto.

De repente seu olhar é demais, demais pra suportar, não sei como e nem quando corri, da mesma forma que cheguei na sala eu saí. Eu não consiguiria ouvir suas grosserias, não naquele momento.

Então eu fugi, fugi como o diabo foge da cruz.

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Na dia seguinte...

Depois de mais uma noite mal dormida, como vem acontecendo muito ultimamente, não pude deixar de sentir uma espécie de topor, acordar com a chuva arranhando minha janela também não ajudou.

Eu olho para o espaço a minha frente sem realmente ver nada, não planejo sair do meu quarto!

Batidas frenéticas soam em minha porta.

Ó-ti-mo! Maravilha! Eu reviro os olhos e marcho até lá, pronta para mandar a pessoa onde o sol não bate.

- Abre logo, Layla!

Clemente! Eu havia esquecido do meu amigo, sou muito estúpida! É claro que a Jasmine ia chama-lo.

- Finalmente! - Ele diz assim que eu abro. - Você sabe que não tenho permissão de visitar os dormitórios femininos.- Ele diz invadindo meu quarto e eu fecho a porta.

- Então porque veio?- Eu pergunto, minha voz sai baixinha.
- Você sabe que vamos nos encrencar se te pegam aqui!- Eu digo mais baixo ainda.

- Eu sei, mas acho que precisamos conversar!- Ele diz no mesmo tom.

Eu sei, mas não estou pronta pra me abrir ainda. Estou quase dizendo isso a ele, mas Clemente levanta as mãos me impedindo de expor meu pensamento.

- Primeiro de tudo, eu quero te pedir desculpas, estou tão extressado e atarefado com os treinos e as provas, que mal tenho tempo pra organizar meus horários.

Uau! Acho que não tem jeito melhor de me fazer sentir culpa, seria bom alguém ter me dado uma voadora! Aí meu Deus!

- Sério! Eu queria aproveitar mais meus amigos, então decidi te procurar!

Caramba! E eu achando que a Jasmine tinha algo a ver com essa visita inesperada e perigosa. Foi fofinho da parte dele se arriscar, então eu decidi sair do meu casulo.

- Obrigado Clemente! - Eu solto de repente, por que agora entendi eu tenho que reagir, não posso deixar o tempo passar e me trancar em mim mesma.

- Por que está me agradecendo?- Ele pergunta coçando a cabeça sem entender.

- Por me fazer enxergar que eu também tenho falhado com minhas amizades. - Eu o abraço sem esperar resposta. Isso o faz corar.

Esse meu amigo! Mesmo sem intenção me deu uma sacudida!

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