Capítulo 5

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Sexta feira...

Uhuuuuuu finalmente o fim de semana! Estou como pinto no lixo! Sintam a ironia.

- Você tem certeza que não quer ir com a gente?- Meu amigo diz pela terceira vez. - Meus pais não vão ficar bravos se eu levar mais uma pessoa.

Foi legal ele ter convidado a Jasmine pra passar o final de semana na casa dele. Mas eu achei melhor não ir.

- Eu agradeço, mas eu vou ficar bem aqui. - Eu respondo mais pra mim do que pra ele. -Divirta-se com a Jasmine. Dou uma piscadela. E ele cora!

- Que bonitinho!- Eu aperto suas bochechas rapidamente.

- Vamos Clemente! - Jasmine chega por trás dele, achei que fosse impossível, mas ele corou mais profundamente.

- Vou sentir saudades de você Lyla!

Pelo seu tom, sentir saudades é a última coisa que ele sentirá de mim, mas eu sei que ele está apenas tentando tirar o foco sobre si.

- Tchau Lyla! Os dois acenam pra mim de longe.

Eu suspiro de tristeza, ficar aqui não era o que eu realmente queria. Porém se tivesse ido, eles iam descobrir que ando escondendo coisas deles.

Mais uma coisa que tem que saber sobre mim, raramente eu tenho uma boa noite de sono, mas não posso correr o risco de falar enquanto estou dormindo.

Eu sei, é vergonhoso saberem disso, não é? Mas isso faz parte do pacote. É algo que não posso controlar. Mas que aprendi a conviver e olha que já paguei muitos micos com isso.

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Sabe a pior parte de ficar sozinha?

É a falta do meu pai e da minha mãe, mas conviver comigo foi tão duro pra mim quanto pra eles, acho que foi um alívio não ter que ficar fingindo que está tudo bem! Ou fugindo das minhas perguntas que se tornaram frequentes.

Eu quero saber porque me sinto tão vazia. É como se uma parte de mim estivesse a deriva, só esperando a outra parte para se juntar e assim formar um único quebra cabeça.

Eu sei, é confuso e frustrantemente frustrante me sentir assim.

Uma batida na porta me tira da fossa. Quem poderia ser? A maioria dos alunos não ficam aqui aos finais de semana.

"Ora! Abra a porta, gênio!" minha mente me repreende. Eu reviro os olhos pra mim mesma. Antes que eu possa fazer, um envelope pardo é passado pela fresta.

Por um segundo eu hesito, mas é melhor cortar o mal pela raiz abaixo o pegando eu não percebi que estava nervosa até que vi minha mão trêmula. E como da última vez ao abrir eu me sinto choque várias fotos estão nele.

Fotos de mim indo pra sala de música e pras outras aulas também, no laboratório de química, na quadra de basquete, na de futebol americano, no restaurante, no pátio, no ginásio de natação. E por último o corredor da ala feminina no dia em que o Clemente veio me visitar.

Eu gelei, quem as mandou, sabia da minha rotina, sabia da entrada do Clemente no meu quarto.

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Meus dedos passam pelas teclas rapidamente, sem pausas, estou acostumada a tocar assim.

Acho que é a primeira vez que me sinto livre pra ser sincera. Eu sei era pra eu estar desesperada, mas o que eu posso fazer? Arrancar os cabelos? Roer as unhas? Chorar até morrer?

Eu já havia me decidido.

As emoções não vão levar o melhor de mim, por isso estou tocando com tudo de mim e o que é melhor pra passar o tempo do que fazer o que a gente mais gosta?

E depois eu posso contar com a ajuda dos meus amigos, pelo menos nessa parte da minha vida!

Assim, continuo tocando sem pensar no dia de amanhã! As notas vem com mais facilidade e a música Für Elise continua a soar nos movimentos dos meus dedos.

Beethoven sempre teve um efeito calmante em mim e sempre fez parte de minhas músicas favoritas. E essa eu sei totalmente de cor. Poderia toca-la de olhos fechados, se assim eu quisesse.

Eu não estava tão distraída! Então pude ouvir passos se aproximando.

Temendo ser encontrada me levanto num movimento que foi rápido demais, minha vista escurece, meu corpo cai de volta no banquinho e minhas mãos nas teclas fazendo um barulho desordeiro, que chamaria a atenção do indivíduo.

-Ei garota tudo bem aí? Uma voz que não reconheci perguntou pra mim.

Que pergunta idiota, era o que eu queria dizer, mas estou tentando fazer minha cabeça parar de rodar.

Quando eu não respondi o dito cujo veio até mim.

- Puxa!- Sua voz sai um tanto distante.- Você está mais branca que papel.

Ah jura! Não me diga.

- Você consegue se mexer? - Sinto suas mãos em meu ombro, elas são quentes e ásperas.

- Não... - Minha voz sai fraca demais até pra mim.

- Merda!- Ele xinga ansiosamente.
- Eu esqueci meu celular no carro.

Ótimo! Eu tô quase desmaiando! Meus ouvidos estão zunindo.

- Opa Calminha aí!- Ele me segura apertado, seu peito pressionando minhas costas. - Porra! Vou ter que te pegar no colo.

Ele me pega e eu gemo pelo movimento brusco! Da pra ser mais delicado pelo amor que você tem a sua camisa, ou seja lá o que está usando?

"Oh Deus Lyla"
"Não vomite nele, não vomite nele!"

Eu sinto seus movimentos enquanto ele anda, eu sinto minha consciência indo.

E então só há escuridão. E eu dou graças a ela. Finalmente

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O som do coraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora