Não consegui dormir naquela noite,nem na próxima, e nem na seguinte a ela,apenas me revirei nos cobertores sentindo o calor do norte,era como se o inverno tivesse se tornado verão,não havia nenhum resquício de neve,muito pelo contrário tudo estava árido e caloroso,eu ficava horas balançando meu leque para afastar o calor incessante,me recusei a descer para jantar com minhas irmãs como de costume,sentia que não deveria ficar ali por mais tempo então aproveitei para arrumar as malas naquela mesma noite.Esmeralda veio se despedir e pediu desculpa por qualquer comportamento de nossa irmã mais velha,desci o primeiro lance de escadas e perdi o fôlego,no mínimo 70 degraus:
- vai embora mesmo?- ela me observou descer os últimos degraus as pressas;
- sim,estou muito ocupada com minhas coisas,Danvroud precisa de mim!- foi a única vez que fui sincera com ela sobre trabalho ou qualquer outro assunto,a verdade é que nunca fomos próximas;
- aquele lugar nunca precisou de você pra estar na linha!- acrescentou com uma certa risadinha diabólica no final;
- Sabe Kass,a muitas coisas sobre o mundo mágico que você não sabe- era minha vez de rir agora,Kassandra não era bruxa,ou fada,ou ninfa ou lupina,ela nunca havia dado sinais de magia,a única das 3 irmãs que não não tinha um dom,era um dos motivos ao qual nunca fomos próximas,minha mãe acreditava que ela apenas não havia desenvolvido magia assim como outros de nossa família- até porque você nunca foi parte dele,então não vou tentar explicar como o ministério está no meu pé!
- se ser uma bruxa me faria sem coração como você,talvez seja um milagre que eu não tenha herdado magia!- ela saiu batendo os pés,não voltou nem para me dar uma última alfinetada,apenas se enfiou na cozinha e ficou preparando o que pelo o cheiro eram bolinhos de canela,e eu apenas sai,queria correr até ela e estapia-la por agir como uma idiota,mas eu estava ocupada demais,caminhei até a estação estava praticamente vazia e com um silêncio de quebrar a espinha,me sentei,tentei me desviar dos pensamentos mas eles ainda estavam lá para me assombrar,os minutos pareceram horas,eu não conseguia parar de reclamar das coisas ao meu redor,dos roedores correndo por debaixo das longas e rodopiantes saias,ou dos barulhos apressados de saltos batendo contra o chão de paralelepípedo da estação,o som alto dos assobio dos maquinistas que iam e viam,o som de madeira das maletas aos bateram contra o chão e o riso das crianças ao pularem pro lado de fora do vagão quase que por pouco por um passo mal calculado não caindo entre o vão entre o trem e o paralelepípedo,puxei um maço de meu bolso acendi o cachimbo senti o gosto amargo alcançar minha garganta em segundos e soltei a fumaça que voou rapidamente pra longe sendo arrastada pelo som das rodas a serem arrastadas para longe se juntando a fumaça e se descipando ao longe.
Respirei fundo após uma tragada,senti tudo e nada,alegria e tristeza,os olhos arderem e serem refrescados por uma leve brisa que ali passava,afastei o cachimbo e sorri um sorriso bobo e amarelo,que dia pensei comigo mesma,um longo doloroso amargo e infeliz dia,ouvi alguns cantares de pássaros próximos em Figueiras próximas que se entrelaçavam por entre os muros altos de tijolos do outro lado do trilho,senti novamente a brisa fresca e após um longo suspiro arremecei longe o cachimbo e ouvi o estralo da madeira brusca assim que as rodas em formato de serra do trem o partiram,não passavam de farpas agora,soltei uma gargalhada rouca,que bobagem a minha arremessando coisas como uma maluca,me levantei como se tivesse um rumo e agarrei minhas poucas coisas,contei os passos até o vagão me certifiquei de entregar o bilhete e me lembrei de acenar para o bom senhor de bigode que o deu uma bela olhada antes de me entrega-lo novamente.
Me enfiei o mais longe possível não sabia se estava correndo apenas daquele lugar ou da minha própria sombra,do meu eu interno,dos meus pensamentos confusos e das minhas emoções que me sufocavam,por um segundo senti que o espartilho iria me furar como uma faca pontuda então desfiz o enorme laço nas minhas costas,e apoiei a cabeça contra o vidro,não sei quando exatamente me senti tão cansada,ou quando peguei no sono,não me lembro de nada tudo era uma tela vazia,livre de tudo e todos, sem nenhuma dúvida e sem nenhuma pergunta para possíveis respostas,acho que essa era a verdadeira eu,um mar tempestuoso de vermelho e preto mas se olhar por debaixo da maré vera a bela fauna que por ali se esconde.
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Espinho de rosas
FantasyO destino é um mistério até mesmo para os mais velhos seres que já pisaram nesse planeta,Rosa era apenas uma garota quando perdeu os pais. Enviada para um internato terá que descobrir sozinha como se livrar de maldições familiares e conflitos inte...