Under the red lights

I can't leave you alone

Eu não consigo respirar direito, é como se estivesse me sufocando. Me matando aos poucos. Sua presença me deixa atento, em alerta a cada movimento que faço. A cada frase, quero ver sua expressão. Quero julgar suas reações. Quero ler seus pensamentos, me infiltrar na sua mente, porque você não me dá nada além do benefício da dúvida.

O que quer de mim?

Se tivesse a capacidade de ser sincero, teria dito naquela noite tudo o que está passando pela sua cabeça agora. Eu sei o que você quer, mas sabe que posso entregar muito mais.

Você tem medo.

Me fez sentir o gosto de ter nas mãos e então o vazio da sua ausência. Sem você ao meu lado foi difícil, quase insuportável sentir que tinha perdido totalmente o controle de tudo. Porque eu continuava lembrando de você.

Do seu sorriso convencido e o olhar prepotente enquanto sabia que me tinha aos seus pés. Você não se importava com mais nada. Não importa se era você quem estava amarrado e amordaçado, era eu que estava caindo numa armadilha. Você age como uma presa indefesa enquanto destrói a sanidade de quem te domina. Porque é assim que funciona: você está no controle.

Sinto sua mão subindo vagarosamente pela minha coxa, quase imperceptível, embaixo da mesa. Tomo um gole do vinho e você me encara com puro cinismo, sabendo que não posso fazer nada no meio do jantar. Eu já disse o quanto me irrita? Me irrita sentir essa necessidade, essa vontade de chegar mais perto de você. Cada vez mais perto, até não sobrar espaço para respirar, até me fundir em sua pele.

Assim, tão perto, vejo como fica perceptível a diferença de nossas alturas, como seus olhos focam totalmente em mim e como não consigo nem raciocinar alguma coisa. Não consigo pensar direito, perceber que estou caindo outra vez na sua lábia. Talvez eu saiba, mas são coisas que deixamos embaixo dos lençóis, porque ambos sabemos que não vou aguentar.

Não posso fugir agora, não posso parar até eu sentir sua pele, poder agarrar seu cabelo, me deixe sentir tudo mais uma vez. Não importa o quanto eu tente escapar, não há outra resposta. Não há saída viável. Não há outro caminho que eu seguiria, não quando você parece tão desesperado implorando por mais.

Até que eu adormeça ou até quando o nascer do sol nos incomodar, temos tempo. É só isso que eu preciso agora. Ficando mais perto de deixar tudo se repetir, num ciclo sem fim, tão perto quanto nossos corpos. Eu realmente quero saber quando foi que viramos essa bagunça?

Outra vez eu fujo, corro em círculos apenas para voltar e cair em redenção. De joelhos, eu não me importo.

Passando a noite acordado mais uma vez por sua causa, cada vez que fecho meus olhos tudo que vejo são as luzes vermelhas. Aquela maldita luz que me aprisiona e ao mesmo tempo me liberta. Liberta tudo que há em mim e em você também, porque, ah, Hyunjin... o que há em você é inexplicável.

Você sabe que não vou conseguir te deixar em paz. Não fomos feito uma para o outro, mas enquanto esse nó que me prende a você não puder ser desfeito, as luzes vermelhas voltarão a iluminar seu rosto suado, seu corpo se contorcendo. O mesmo nó que amarra seus braços e te suspende como uma obra de arte faz com que eu fique. Me puxa de volta para você.

De novo. E outra vez.

A forma como me olha mesmo estando completamente exposto, desafiador e ao mesmo tempo esperançoso, ansioso por qualquer movimento meu. Ah, eu já disse como fica lindo com tantas cores? O branco das suas roupas que logo virão a se tornar mais uma decoração espalhada pelo quarto de hotel. As marcas roxas em sua pele. As cordas pretas imobilizando qualquer movimento seu e te deixando à mercê do que virá. A luz vermelha refletindo seu rosto enquanto fecha forte os olhos para aguentar.

Eu simplesmente não consigo te deixar em paz.

Quero te fazer sentir o desejo em sua mais pura forma, quero que não aguente a distância, que sinta seu sangue ferver. De tesão ou de raiva. Porque também quero o seu rancor, seu ódio, a sua pior parte. O vazio escuro dos seus olhos não me afetam mais, não preciso mais que eles brilhem de amor. Suas lágrimas são o suficiente, adoro quando chora na cama.

Sei o que quer de mim agora e sei que é só isso.

Então agora diga que me odeia, que você não suporta mais como nós sempre voltamos um para o outro. Também sinto isso, odeio como encaixamos tão bem. Já entendi que eu e você, isso, nós somos inevitáveis. Não importa o quanto eu tente fugir, até que a lua desapareça e o sol volte a brilhar, nós viramos um só noite adentro.

Eu realmente quero saber como resistir.

Sinto que estou brincando com fogo. A menor faísca de tensão entre nós já me faz esperar pacientemente o incêndio. Então não pare de me queimar e não iremos parar com isso nunca mais.

Tudo que vejo são luzes vermelhas, as mesmas luzes vermelhas que encobrem nossas noites.

Porque você simplesmente não consegue me deixar em paz.