Capítulo 7

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Meu pai se levantou no momento em que entrei na sala. Sentia meu coração pulando na garganta.

"Sente-se aqui, Rafa" mandou ele, apontando para nosso sofá. Eu obedeci sem dizer qualquer coisa. Estava com muito medo. O que o pessoal do colégio poderia ter falado que o afetava tanto?

"Como disse mais cedo, recebi uma ligação do seu colégio. E não gostei nada do que eles me falaram. Primeiro você faltou dois dias seguidos, e tenho certeza que nesses dias eu te vi sair de casa com uma mochila nas costas. Eu indaguei se eles tinham certeza se era mesmo você, eu não acreditei que meu filho estava mentindo para nós. Eles confirmaram que realmente era você e ainda me disseram mais uma coisa. Você havia saído da aula dizendo que estava passando mal, disse para eles que viria para casa. Nunca te vi chegando mais cedo" meu pai respirou, ele estava nervoso e disse tudo de uma vez, sem pausas.

"O que você foi fazer nesses dois dias que não entrou no colégio e pior, retirou-se da aula para fazer o quê?"

Nos dias em questão eu fui até a casa de Thales. Passamos a manhã toda na cama namorando. E a aula que saí, foi para ir até uma loja com Thales, e os amigos dele, para ver os novos equipamentos, é claro que depois disso fiquei com Thales. Era claro que eu não poderia simplesmente dizer para meu pai: eu tenho um namorado e sou tão apaixonado por ele que deixo a escola em segundo lugar na minha vida. Tá ai duas coisas que meu pai jamais iria aceitar, eu ser gay e abandonar a escola.

Por fim, fiquei em silêncio e recebi o maior sermão da minha vida. Meu pai falou de drogas, de um futuro horrível sem escola, de mais drogas, de doenças do mundo, de um salário miserável que eu iria receber. Até de netos ele falou. Por alguns segundos até me esquecia que tudo aquilo era por algumas aulas que eu havia matado para ir namorar.

"Agora vai para seu quarto" disse meu pai, olhando sério para mim. Não precisei ouvir duas vezes. Corri para meu quarto.

***

O resultado do teste do teatro sairia somente na próxima semana. O teste aconteceu em uma segunda-feira, isso significava que passaria a semana comendo minhas unhas e esperando o resultado. Apesar de ter quase certeza de que tinha perdido o papel para Peter, continuava ansioso para saber quem tinha ganhado.

No dia seguinte, terça-feira, levantei como em qualquer outro dia e me preparei para mais um dia de aula. Tomei um banho demorado, o qual fiquei pensando em Marcus e em Camylla. Na minha mente eles eram o único assunto. E fiquei realmente interessado em saber por que eles estavam me afetando tanto, principalmente ela. Eu namorava com Thales e o amava. Isso era um fato, então não estava sentindo nenhum desejo físico ou sexual por nenhum dos dois. Eles simplesmente estavam me afetando.

Aproveitando que estava com meus pensamentos em Thales, me sentei no vaso para fazer xixi e pensei no nosso último encontro. Ele estava com o pau duro, sentia-o na minha coxa. Era imenso e esquentava meu corpo com seu toque. Essa lembrança me deixou excitado. Sai do banheiro com a toalha no ombro e com o pau duro.

Vesti uma calça jeans, como sempre, e meu tênis da Nike, da cor branca e preta e o horrível uniforme branco com o nome do meu colégio. Eu era obrigado a usar aquela coisa feia. Me sentindo patético com o uniforme fui para o colégio, sem tomar café. As primeiras aulas aconteceram normalmente. Tive um período de matemática, o qual a professora passou contas extremamente difíceis e sem graça, o que piorava tudo, pois era uma matéria difícil e eu não conseguia me concentrar de verdade para aprender. O segundo período foi de geografia, passei toda essa aula pensando no que iria acontecer quando a aula de história chegasse. O professor não havia aparecido no colégio, todos comentavam e isso me preocupava. Pois logo iriam querer respostas para seu desaparecimento e essas respostas levariam a mim. O terceiro período, graças a Buda, foi melhor, era aula de Português, e eu sempre amei essa matéria, era minha favorita depois de história. Consegui me concentrar na aula e esquecer o professor.

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