Capítulo único

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– Sabe que não pode fugir disso para sempre – Mandei Sam ir se ferrar, eu sabia muito bem que não podia fugir para sempre – Tudo bem, cara, eu só falei porque você está a uma semana olhando para ele como se fosse a coisa mais difícil do mundo.

– Porque é a coisa mais difícil do mundo – Disse irritado, provavelmente era mil vezes mais difícil que ir ao inferno e voltar, pelo menos para mim.

– Dean...

– Ah, nem vem, Sam – Bufei tentando me acalmar – Eu vou fazer isso, eu só preciso de tempo.

– Já estão juntos a cinco anos e sabe que quer pedir a pelo menos seis meses, comprou os anéis a mais de um mês – Lancei um olhar mortal para meu irmão, que apenas ergueu as mãos em rendição – Ok, eu vou apenas... Dar o fora antes que você me dê um soco.

– Não ouse levar a baby! – Gritei enquanto ele saía de casa.

Fui até o frigobar e peguei uma cerveja, me encostei na bancada e comecei a beber pensativo. "Droga, Cas" pensei fechando os olhos, provavelmente eu deveria estar pensando um grande "Droga, Dean", eu sabia que a única culpa de Castiel nessa história era de corresponder meus sentimentos sem se importar que eu fosse terrível falando deles. Eu não era nenhum garoto quando o conheci, mas nunca havia me sentido daquela forma antes de Cas e isso dificultava as coisas. Um caso de uma noite era um caso de uma noite, era simples e prático, não tinha que acordar de manhã e arrumar uma desculpa muito elaborada para simplesmente sumir, mas um relacionamento de anos? Eu não tinha ideia de como aquilo deveria ser antes de conhecê-lo.

Foi com Cas que comecei a realmente viver tudo aquilo que sempre desejei, apesar de nunca ter conseguido expressar em palavras. Eu desejava aquilo desde que era garoto e meu pai me puxava de um lado para o outro, desde que tive que crescer mais rápido para poder cuidar de Sam. Castiel era a família que eu desejava, era o conforto em acordar de manhã e vê-lo dormir mais cinco minutos antes de começar o dia, era saber quando largar a bebida porque não queria fazer algo que o magoasse, era assistir um filme de garotinha juntos em um domingo a tarde sem me preocupar em estar jogando no lixo minha masculinidade. Cas havia entrado no meu coração mais fundo que qualquer outra pessoa, mais até mesmo que minha Baby. Nem mesmo Lisa havia conseguido ir tão longe, mesmo que houvéssemos tentado – Talvez ela bem mais que eu.

E com isso tudo, eu simplesmente... Não conseguia falar com ele sobre isso, abrir meu coração, nem mesmo um pedacinho e deixá-lo ver através de mim. E era frustrante. Me deixava irritado e bravo pela forma como eu mesmo sabotava meu relacionamento. Terminei a cerveja e passei a mão pelo rosto, deixando a garrafa em um canto qualquer.

Mordi o lábio, eu tinha que dar um jeito de parar de mentir para mim mesmo e encarar que eu era realmente apaixonado por Cas. Nada mudaria isso. Deixá-lo saber só melhoraria isso, pelo menos em teoria. Massageei as têmporas com flashes do pedido de namoro desajeitado.


"Não é que eu queira isso, Cas, mas ficar perto é melhor que ficar longe."

"Dean, o que está falando?" O olhar do moreno seguiu para as garrafas das três cervejas que eu já havia bebido, isso já o teria deixado pensativo sobre a minha sobriedade, tive sorte por ter colocado as outras quatro no lixo.

"Eu só pensei que... Somos amigos a um tempo e isso não é ruim" O olhar de confusão de Cas estava estampado no rosto dele, nem eu mesmo estava me entendendo, só lembro de suar frio e torcer para não estragar tudo.

"Então... Isso é para confirmar que somos amigos?"

"Sim... NÃO! Não, Cas, eu só acho que deveríamos ser mais que amigos, não melhores amigos, eu diria outra coisa." Trocamos um olhar e eu sequei as mãos no jeans. "Alguma coisa romântica".

Só mais uma mentira...Onde histórias criam vida. Descubra agora