Eros ~ Hannigram

" Vermelho significa eu te amo"

"Murderous husbands"

Termo que deixava os artigos de uma ruiva esperta e ardilosa com várias visualizações, no Tattler Crime o que mais se comentava era de um suposto casal de assassinos perdidamente e mortalmente apaixonados.

Sendo literalmente um clássico dos contos de fadas distorcido e transformado no romance cheio de ódio, sangue e deleitação da carne da própria espécie, e um romance do "mocinho" com o "malvado".

Também poderíamos simplesmente chamá- los, de um romance proibido entre um demônio e um anjo, que o paraíso e o inferno que roessem as unhas e brigassem entre si, nada e nem ninguém podia os impedir.

Afinal, eles dois a todo momento foram seus melhores aliados e seus piores inimigos.

Só eles tinham a capacidade de na mesma intensidade, destruir um ao outro, eles poderiam reconstruir.

Eles possuíam um laço irreversível entre suas mentes construído através de afeto e um novo conceito de amor que eles mesmo criaram, e principalmente de dor, fagulhas de morte e adrenalina decoravam aquele laço de compreensão mútua.

O que eles dois eram e o que eles são, desafiam a ética e a linha finíssima que define o bem e o mal.

Mas só porque eles se amavam, não significava que era fácil, reconhecer que ama alguém que te machucou, te destruiu de diversas maneiras.

Falando concretamente alguém que fez um "sorriso" em sua barriga e fez o sangue derramar da garota que considerava filha?

Mas mesmo assim amar aquela pessoa tanto que chega a ser doloroso? No final das contas quem somos nós para julgar e talvez compreender algo longe de nossa compreensão e principalmente de sanidade?

Um sentimento grande demais para caber no peito, se sairmos do metafórico, grande demais para caber na mente confusa e complexa que era a de Will Graham.

A forma que Hannibal olhava para ele, era difícil de descrever, era como se ele tivesse desejo de consumi-lo, bem quando falamos do lituano, tanto o figurativo quanto o literal andam de mãos dadas.

Após aquele momento da queda do penhasco, aquele prazer que os dois se deliciavam em tirar uma vida imunda que era digna de morte, que sua alma fosse esmagada e devorada por demônios que saboreiam a sujeira que a vida de um ser humano que se intitulava o Grande Dragão Vermelho poderia conceber.

O sangue em suas roupas encharcadas, a adrenalina correndo em suas veias, os olhos azuis tão dilatados quanto se encontravam com outros olhos cores âmbar.

Um abraço ocorreu, doloroso pelos ferimentos, mas tão certo pra aquele momento, o suposto anjo, ou poderíamos dizer o suposto " mocinho" jogou seu cúmplice junto de si no além, em busca do julgamento e conforto que a morte poderia oferecer.

Enquanto afundavam nas águas profundas, Will se tornava mais inconsciente a cada segundo, se rendendo a dor e fraqueza de seu corpo ferido, tanto fisicamente, tanto quantas as sequelas de sua mente e coração machucados continham, enquanto sentiu braços fortes o acolhendo, foi um toque gentil, mais urgente, o levou para a superfície.

Sentiu o oxigênio enchendo seus pulmões, e a vida invadindo seu corpo novamente, daí não conseguia mais se recordar, apenas de uma voz chamando seu nome desesperadamente.

Mas agora aquilo se tornou apenas uma lembrança, como se fosse há uns séculos atrás, de um agente instável do FBI tendo amizade apenas com cães, se tornou um nômade junto de um serial killer, que ainda por cima era um canibal incorrigível, iam de uma cidade para a outra, tentando esconder seus rastros na maior perfeição possível, quero dizer, quando se trata de Hannibal Lecter, erros não faziam parte de seu vocabulário.